Sobre surpresas e ameixas

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― Não vai me agradecer pela surpresa? ― Emily pergunta quando finalmente conseguimos alcançar o sofá próximo a pilha de instrumentos de sopro e afundar entre as almofadas. ― Deu o maior trabalhão convencer o Dir. Prescott, ele veio com aquele papo de que festas privadas não são permitidas no Madison e que não podia abrir exceções porque isso não seria certo. Você sabe como ele é com essas coisas, um grande de um chato. Mas bastou uma ligação do seu pai para que ele pusesse o rabinho entre as pernas e concordasse. É isso que eu adoro no tio Max, ele é tão persuasivo.

Assenti , observando os corpos adolescentes que se moviam no ritmo da música.

― É... Obrigado.

― De nada. Para você eu faria mil festas, mesmo porque eu adoro isso. ― ela riu. ― Quer dançar?

Com um sorriso largo, Emily ficou de pé à minha frente, e nem que eu quisesse poderia ignorar o fato de que ela estava perfeita naquele vestido vermelho superjusto. Mas vermelho me faz pensar em cabelos vermelhos e no quanto não quero estar aqui.

Sou grato à Emily por se dispor a fazer uma festa para mim, embora saiba que isso não tem a ver apenas comigo, mas com seu apreço desmedido por festas. No verão passado ela organizara uma megafesta com direito a bolo gigante e DJ para a Kim Kardashian, a cadela, não a socialite, cerca de duzentos convidados encheram o jardim da sua casa e teve até fogos, coisa que deve ter espantado a pobre Kim. Não sei se a Emily sabe, mas cães não curtem fogos de artifício.

― Só se eu puder dançar sentado.

Ela deu um passo à frente, agarrou as minhas mãos e as posicionou em volta da cintura, ocupando o espaço entre minhas pernas.

― Eu fiz tudo isso para você e não vai sequer dançar comigo? ― choramingou com um biquinho. Levantei os olhos e vi que Arran nos espreitava, recostado na mesa de comida com a boca cheia e uma lata de bebida na mão, ele deu uma piscadela e fez uma pequena encenação obscena, que eu preferi ignorar. ― É só uma dança, o que custa?

― Acho que o Arran está me chamado, eu volto no segundo. ― disse, meio sem folego. Uma coisa sobre a Emily: ela é gostosa para cacete; outra coisa sobre a Emily: ficar com ela é roubada. Emily Dawson não sabe diferenciar ficada de relacionamento sério e beijo de aliança, então é melhor correr antes que eu acabe enredado.

Parei ao lado do meu amigo, esbaforido, e peguei uma bebida, derrubando alguns sanduiches no processo. Luzes estroboscópicas piscavam diante de mim e tudo que eu conseguia pensar era em sair correndo e voltar para o meu quarto, de onde nunca devia ter saído.

― Qual é o seu problema?

― Como assim qual é o meu problema? ― desisti da bebida, tinha gosto de chá-verde açucarado.

― Cara, a Emily estava praticamente se servindo em uma bandeja e, em vez de aproveitar, você foge. Eu entendo que corra da Beene, mas a Emily é outo nível, ela é gata... e gostosa. Já olhou para os peitos dela? E para aquela bundinha linda?

― Garotas são mais que apenas peito e bunda, Arran.

― Eu sei, mas a Emily também tem pernas incríveis que, a propósito, eu não reclamaria de ter em volta da minha cintura.

― Quer saber, não dá mesmo para falar com você. Tudo que você pensa é em pernas, peitos e bundas, nisso e no Axila que Solta Puns.

― Que acaba de chegar aos cinco milhões de inscritos. Cara, eu sou, tipo, o novo PeewDiePie.

― E eu sou o novo Sinatra.

― Que se dane. ― tornou. ― Mas saiba de antemão que o seu nome não aparecerá na minha Biografia.

Viola e Rigel - Opostos 1Onde histórias criam vida. Descubra agora