Capítulo 15

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Clarice Rodrigues

Posso ter feito errado em deixar minha mãe naquele hospital, com aquela terrível notícia e correr para longe.
Correr para o Anthony!
Mas foi minha defesa, meu pai, meu pai me deixou. Sem mais nem menos, sem dizer um adeus, ou um até logo, sem me dar seu sorriso, sem me chamar de princesa pela última vez. Sem dizer o quanto me ama, mesmo que tenha sido pela última vez.
Ele apenas foi, sem palavras, sem sorriso, apenas foi.

Anthony me trouxe para casa, mamãe e Deise ficaram felizes ao me ver entrar pela porta do nosso apartamento.
Mas no fundo, eu não sei essa felicidade...
O velório do papai vai começar as 7:00 da manhã, e o enterro será as 9:00... Muito tempo né?
Anthony ficou na sala com minha mãe, enquanto Deise me levou para me arrumar.

Não sei pra que...

- Eu queria tanto achar algo pra falar do Anthony ter te trazido pra casa... - Deise diz amarrando meu cabelo em um rabo de cavalo.

Sorrio a olhando pelo espelho, seu olhar está caindo, mas ela está se mantendo em pé.
Por mim e por minha mãe.

- Boba...

- Pronto, - ela sorri para mim pelo espelho, faço o mesmo.

Levantei da cadeira e passei a mão em meu vestido, o vestido preto que estava guardado em meu guarda-roupa. Nunca pensei que fosse usá-lo para isso... Para o enterro do meu pai!

- Você precisa descansar, Deise! E precisa chorar...

Ela aperta os lábios, e percebo que ela segura suas lágrimas.
Deise balança a cabeça negando e se então sai do quarto, respiro fundo.

____😞

Abro meus olhos e fito Deise sentada em sua cama, com algo em mãos. Levanto devagar e me sento a olhando.

- Tudo bem?

- Sim... - ela levanta seu olhar para mim e sorri.

- Não precisa fazer isso.

Deise franze a testa.

- Ser forte. Amiga, não precisa fazer isso...

Ela levanta.

- Anthony dormiu aqui...

Arregalo meus olhos e levanto da cama. Ela da um sorriso e abre uma das gavetas do criado-mudo e coloca o que estava segurando dentro.

- Dormiu no sofá, mas ele foi embora cedo. Disse que vai levar a gente para o cemitério. Foi apenas tomar um banho e logo chega...

Respiro fundo.

- Cara, eu queria tanto, mas tanto achar algo pra falar sobre os dois! Mas não consigo, - ela da um tapa no criado-mudo e respira fundo.

- Deise...

- Por que a vida é tão injusta, Clarice? Por que justamente ele?

- Deise...

- Eu, eu queria que ele soubesse primeiro, primeiro que você e a tia Bárbara!

- Como assim?

- Não é nada! - Ela sai do quarto novamente, me deixando sozinha.

Ela precisa chorar, precisa chorar para alguém. Precisa dizer o quanto está doendo, não pode guardar para ela.
Não a quero doente.
Meu pai era como um pai para ela, e sei que está doendo tanto nela quanto em mim.
Ela conviveu com meu pai, conviveu com ele por muito tempo e depois ele a trouxe para casa quando ainda era uma menina.

Ah, Deise...

₩_____₩

Mamãe entrelaçou seu braço ao meu, e depois no de Deise e então entramos no cemitério. Anthony está atrás de nós, andando devagar.
Há tantas pessoas aqui, tantas pessoas se despedindo do meu pai. Pessoas que nunca vi, pessoas que já vi, amigos...

Entramos na capela, e lá estava o caixão, com meu pai dentro. Ele está com um terno preto o terno que sempre usou para seu trabalho. Mamãe começa a andar na direção do caixão...
Então eu travo.

- Filha?

Ela me puxa.

- Não, mãe...

- Você precisa vir.

- Não, mãe!

Minha voz embarga.
Sinto a mão de Anthony tocar meu braço e então mamãe solta meu braço e continua andando com Deise.

- Quer tomar um ar?

- Sim... - Sussurro.

- Vem...

Anthony segura minha mão e me guia até o lado de fora daquela capela. Caminhamos devagar até um banco branco e então nos sentamos.
Respiro fundo.

- Acho que não vou conseguir ver ele naquele caixão!

- Temos tempo. Quando você estiver preparada, eu vou com você. É seu adeus, Clarice, você precisa ir!

O olho e fico o olhando por algum tempo. Anthony está sendo tão delicado, tão amoroso... Tem me dado um apoio incondicional.
Quando cheguei na empresa dele, acho que era isso que eu procurava, apoio.

Mas por que dele?

- Clarice...

Levantei minha cabeça e fitei a Sra. Analu Albuquerque. Ela sorriu de lado e abriu os braços, automaticamente me levantei e a abracei.

- Estou aqui para o que você precisar, querida!

Nos afastamos.

- Obrigada, Analu!

- Sei o quanto perder alguém dói. Pode acreditar, eu sei... Eu perdi meus pais de uma vez só, e depois... - ela olha para Anthony e respira fundo.

- Não precisa se lembrar!

- Meus sinceros sentimentos. Bento mandou um beijo e um abraço! - Ela sorri.

- Mande outro para ele!

Ela sorri.

- Eu vou ver meus pais e depois volto para o velório e o enterro. Até logo, querida!

- Até...

Dona Analu sai daquele ambiente e caminha pela estradinha e logo ela some.
Me viro para Anthony e ele sorri, me sento novamente ao lado dele.

- Acho que vou querer saber da história da sua família mesmo! - Falo sorrindo e ele sorri também.

- É um pouco trágica haha. Mas eu te conto...

Deito minha cabeça em seu ombro e Anthony pega minha mão.

- Vai ficar tudo bem, Clarice!

- Com você do meu lado, eu tenho certeza que vai, Anthony!

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Amores e amoras!
💕💕

3/5

E a aproximação está cada vez mais acontecendo!!

O que estão achando?
Lele quer saber!

Obs: Não esqueçam daquele votinho pra incentivar a autora que tanto ama vocês!
😍💕💕💕

BEIJINHOS!!
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O Amor Não Tem Preço - Completo - Em RevisãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora