Capítulo 12 - Surpresa boa?!

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Victória Walker

Os dias foram passando, e desde aquele meu fim de semana na casa de Thomas, passei a ir pra lá em quase todos os fins de semana, exceto quando a família dele ia visitá-lo, ou quando ele ia a sua cidade natal ministrar aulas de capoeira.

Quando isso acontecia, eu me preocupava em estudar para as provas e dar atenção para os meus amigos, perdi as contas de quantas vezes havia negado sair com eles, o que acabou provocando uma certa desconfiança e interesse em minha vida.

Eu precisava tomar cuidado, do jeito que eles são poderiam muito bem me seguir sem que eu os visse e acabassem por descobrir meu envolvimento com o professor. Essa ideia me provocava arrepios e eu logo tratei de tirá-la da minha mente.

Enfim, hoje era um desses dias em que eu ficava trancada no meu quarto ouvindo música enquanto tentava entender o que era o Direito para o Roberto Lyra Filho. Eu realmente não entendia o que esse cara escrevia, dava inúmeras voltas para no fim, falar nada com merda nenhuma.

Mas o pior não para por ai, a prova do indivíduo vai ser toda baseada no livro, ou seja, eu estava claramente fodida nesse período, se eu continuasse a passar todos os fins de semana deitada na cama do meu professor de Ética, eu duvido muito que saia alguma coisa do meu cérebro no dia da avaliação.

-A maior dificuldade, numa apresentação do Direito, não será mostrar o que ele é, mas dissolver as imagens falsas ou distorcidas que muita gente aceita como retrato fiel. – Repeti em voz alta a primeira frase do livro.

Quando lemos algo desse tipo, parece que  nada é tão ruim que não possa piorar. Fala sério, como podemos dizer que o conceito que outras pessoas tem sobre algo é errado e que aquele que você escreve é o certo?! Já odiei esse livro.

-Filha, posso entrar? – Minha mãe bateu na porta.

-Sim. – Respondi ainda concentrada na leitura.

A porta do meu quarto se abriu lentamente após minhas palavras serem ditas, e minha mãe logo surgiu no meu campo de visão com uma bandeja que provavelmente sustentava o meu almoço.

-Estou atrapalhando seus estudos? – Ela se sentou ao meu lado.

-Não, na verdade me salvou de ter que ler esse livro horroroso. – Sorri fechando o mesmo e tampando-o do outro lado do quarto.

-Pensei que gostasse de ler. – Minha mãe encarou o livro no chão do quarto.

-E gosto, mas não esse tipo de leitura, não concordo com as coisas que o autor fala, não condiz com o que eu já tenho em mente sobre o mundo jurídico, e tenho certeza que muitas pessoas compartilham da minha ideia. – Dei de ombros.

-Entendo perfeitamente, também sou relutante com a opinião alheia. – Ela sorriu.

-Não é como se eu não respeitasse a opinião do autor, mas é que, bem, para mim, nada que ele fala nesse livro tem sentido, entende?! – Suspirei.

-Eu sei, minha filha, não se desespere, foi somente um comentário. – Segurou-me pelos ombros gentilmente. – Mas esse não é o tema da conversa que vim ter com você.

-Fiz algo de errado? – Perguntei sem nem suspeitar do que se tratava.

-Não que eu saiba. – Riu. – Mas é que eu queria que você parasse um pouco de ir todos os fins de semana para a casa do seu amigo Oliver, eu sei que ela é homossexual e tudo, mas o que me incomoda é saber que você está dando trabalho na casa das outras pessoas.

-Mãe, eu levo tudo o que posso para a casa do Oliver justamente por ter esse pensamento, e a família dele adora quando eu vou pra lá. – Tratei de inventar logo.

Meu Querido Professor [CONCLUÍDO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora