Bem vinda à Eldarya

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Texto revisado e atualizado no dia 15/AGO/21.

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Caminhando pela floresta do parque nacional não paro de agradecer por ter essa majestosa beleza próximo da minha casa eu sempre me senti segura e acolhida aqui, a mistura de sensações e sentimentos que esse local me fazia sentir era diversa e invadia todos os meus sentidos. O cheiro das frutas silvestres da estação me dava a impressão de estar saboreando elas, a brisa suave que acariciava minha pele além das árvores ao meu redor fazendo com que as folhas balançarem suavemente unindo ao canto dos pássaros da região que sempre estavam por perto. Esse lugar faz com que todos meus anseios em relação a vida adulta desaparecerem, a sensação de não estar fazendo o certo era enorme desde quando terminei minha faculdade de Literatura e mesmo que faça poucos meses da minha graduação isso é um peso enorme em meu coração. Meus pais e meus amigos estão orgulhosos por eu ter alcançado um objetivo que almejei tanto desda época do ensino médio. Todos estão felizes, porém, por qual motivo eu me sinto incompleta?

Sigo o mesmo caminho que faço desde muito nova: a ponte do lago e a trilha das árvores tortas. Mas algo no percurso me chama a atenção.

–Que estranho.– Pensei em voz alta enquanto caminhava até o componente novo que estava no meu caminho. – Não sabia que os cogumelos podem crescer fazendo um círculo perfeito.

Totalmente fascinada por essa arte da natureza me aproximo cuidadosamente do mesmo com o intuito de olhar ele porém uma voz na minha consciência desperta uma imensa vontade de entrar dentro da circunferência. Ao pisar com ambos os pés entre os cogumelos vários vagalumes se aproximam de mim valsando ao meu redor e em frações de segundos a sua luz fica mais intensa a ponto de doer minha vista, tapei meus olhos com ajuda das minhas mãos para evitar que o brilho me cegar porém o  som dos pássaros e das folhas ficam mais distantes então meu corpo se arrepia totalmente ao sentir uma rajada de vento mais forte.

Abro meus olhos ao perceber que o clarão se dissipou e meu corpo novamente se arrepia ao me situar em uma grande sala com tons suaves repleta de enormes janelas azuis porém um belo cristal gigantesco que estava no centro da sala chama a minha atenção não só pela sua aparecia surreal mas também pelos sussurros que eram emitidos por ele. Completamente hipnotizada pela sua majestosa presença caminho para próximo enquanto estendia minha mão querendo tocar na superfície que me fazia ter uma sensação de acolhimento mais intenso que já senti na minha vida.

– Que você está fazendo aqui? – Dou um sobressalto imediatamente olhando em direção da voz que me tirou da minha hipnose vejo que sua origem não estava tão distante de mim.– Quem é você?– Continuou a mulher com orelhas e quatro caudas de raposa enquanto se aproximava de mim, sua presença é intimidade e totalmente autoritária.

–Eu...– Assim que início o diálogo sou interrompida por um estrondo alto.

– Essa não.– Resmungou a mulher olhando para uma porta, o som vinha de lá com toda certeza.– Não tenho tempo para isso!– Sua atenção volta a mim.– Jamon leve a garota para a prisão, tenho que resolver isso nesse momento.

Ela sai como um raio da sala me deixando ali totalmente confusa até que algo encobre minha visão me fazendo levantar o olhar até encontrar com a face da muralha que estava diante de mim, era um orgo. Céus como eu não percebi ele antes?

O mesmo agarrou fortemente meu antebraço tento me livrar de seu aperto de várias formas possíveis mas não era eficiente, sou arrastada até uma longa escadaria que parecia não ter fim. Desci vários lances ainda me contorcendo e pedindo para que o tal Jamon me soltasse até que chegamos em um local sombrio cheio de celas e isso me fez ficar mais desesperada. Odiava a sensação de estar confinada em algum lugar, meus olhos lacrimejam quando sou empurrada para uma das celas e rapidamente sou trancafiada.

– Ei,você vai me deixar só?– Pergunto segurando as barras da cela quando vejo o Jamon se afastar da mesma.

– Você ficar aqui!– Diz ele.– Miiko falou não sair!– Ele se vira em direção da porta indo embora.

– Espera!!– Chamo ele levantando o tom da minha voz enquanto sacudia as barras o cubículo no qual estava presa.– Não me deixa aqui sozinha.– Minha voz estava embargada e meus olhos estavam quase transbordando.

Demoro um tempo até me recompor já que  precisava arranjar um jeito de sair desse lugar, meus olhos corriam pelo local até chegarem em um lago que tinha no local e cogitei na ideia de sair daqui nadando ou me esconder lá até tudo estar calmo para fugir mas antes precisava sair dessa cela e essa é a parte mais complicada.

Uma movimentação na água acaba me tirando dos meu devaneios momentâneos e quando me dou por consciência já estava encarando uma silhueta que me encarava do lago, engoli seco e rapidamente me afasto das grades chocando minhas costas contra a parede de forma um pouco bruta. Não conseguia ver detalhes daquela figura assustadora porém estava nítido seu sorriso malicioso em seu rosto.

– Será que vou ser o lanchinho dessa coisa?– Murmurei olhando para aquilo com terror, nunca pensei que morreria assim.– E se eu estou sonhando?– Me belisco em desesperos esperando acordar na minha cama e tudo isso não passar de um pesadelo. Não deu certo.

Relaxo quando a figura que me atormentava submergiu no lago desaparecendo da minha vista, escorrego minhas costas pela parede até sentar no chão abraçando meus joelhos tentando acalmar do meu ainda estado de choque.

– Definitivamente não devia ter saído da minha cama hoje.– Escondi meu rosto tentando não chorar.

𝕯𝖆𝖚𝖌𝖍𝖙𝖊𝖗 𝖔𝖋 𝖙𝖍𝖊 𝕷𝖎𝖌𝖍𝖙 ░ 𝙴𝚕𝚍𝚊𝚛𝚢𝚊Where stories live. Discover now