Capítulo 24

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Olhei para o meu celular pela milésima vez. Encarei-o como se a qualquer minuto ele pudesse tocar e se eu não estivesse por perto perderia a ligação. No entanto, ao abrir a tela, não encontrei nada ali exceto meu plano de fundo.

Eu respirei fundo. Era inútil ficar esperando por algo que não viria. Fazia uma semana já desde que Natan me dera aquele ultimato. Ainda assim, sempre me pegava encarando o aparelho à espera de uma ligação, como se a culpada não tivesse sido eu mesma.

– Ele ainda não ligou? – ouvi minha mãe perguntar. Elevei os olhos e a encontrei parada no batente do meu quarto.

– Não. – Suspirei. – E nem deveria, depois da minha mancada. Mas eu sinto saudade.

Ela andou até a cama onde eu estava deitada e se sentou na beirada, acariciando meu cabelo.

– Acho que você tá precisando de um tempo de tudo – falou, como se tentasse iniciar um assunto. – Já faz uma semana e você não desgruda desse telefone.

– É, eu acho que sim...

– Bem, eu andei pensando... – Mas parou ao notar a presença de Douglas no corredor.

Nós o observamos adentrar o quarto e se jogar na cama sem pedir permissão.

– A gente queria te pedir uma coisa, mãe – começou com a voz suave.

Minha mãe estranhou, encarando-o com a testa franzida, e eu a imitei até me lembrar do que ele estava falando. O plano de reconciliação, é claro!

Durante aquela semana, vínhamos discutindo os preparativos, querendo ter tudo anotado e pensado antes de realmente falar com nossa mãe.

Mamãe continuou a nos encarar, esperando.

– Bem, como você sabe, dia dez é o aniversário da Jullie. Nós estivemos pensando em fazer uma festa surpresa pra ela aqui, mas, é claro, queremos pedir sua permissão.

Ela parou para refletir e Douglas não se conteve.

– Por favor, mãe! – pressionou. – É minha chance de tentar me acertar com a Jullie!

Ela suspirou.

– Tem uma condição. – Seu rosto se desviou para mim. – Mas ela depende de você. É pegar ou largar.

– Topo qualquer coisa! – me apressei em dizer. Mas me arrependi. Era óbvio que não vinha boa coisa.

– Sua tia e eu estamos preocupadas. Letícia quase não fala mais com ninguém aqui depois do que aconteceu e só consegue ficar irritada e brigar com a Rosa. Eu sei que você tentou pedir desculpas, mas nós não queremos esperar as coisas piorarem para tentar dar um jeito. – Eu escutava com atenção, esperando a pior parte. – Então, nós conversamos e decidimos que tava na hora de intervir nessa história. – Arqueei a sobrancelha. – Nós vamos viajar juntos no final de semana que vem. Nós cinco. E você tem que prometer que vai tentar fazer tudo o que tiver ao seu alcance para voltarem a se falar.

– Sério? Isso é mesmo necessário? – choraminguei. Do jeito que Letícia ficava quando estávamos próximas, em um final de semana inteiro com ela, eu não voltaria viva para casa.

– Espera. – Nós duas olhamos para meu irmão. – Você disse "nós cinco"?

– Disse.

– Ah, que ótimo!

Ele jogou seu corpo na cama, bufando de raiva. Minha mãe o ignorou.

– O que me diz, Anna? – Ela parecia esperançosa.

Além da amizade (COMPLETO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora