Capítulo 21

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Olhei ao redor por desencargo de consciência, mas não havia ninguém.

Continuei seguindo ao lado de Jullie, atravessando a ponte que nos levava até a saída. Tentava escutar alguma coisa, mas o barulho da festa ainda era muito alto mesmo ali fora. Parei em frente ao segurança, que se recostava no batente da entrada e nos olhou ao perceber a aproximação.

– Com licença. O senhor pode nos dizer se viu algum garoto parecido comigo passar por aqui? Cabelo preto, um pouco mais alto do que eu...? – Tentei.

– Não é um daqueles ali? – Perguntou sem nem pensar, com uma expressão de censura, apontando para algo à esquerda além da minha vista.

Caminhei mais para frente, tendo uma ampla visão da rua, então pude ver uma rodinha de garotos, alguns recostados à parede, outros no carro à frente, a vários metros do salão. Distingui claramente Douglas entre eles.

– É, obrigada. – Sorri rapidamente para o segurança e olhei Jullie de esguelha. Ela parecia aliviada por ele não estar fazendo nada demais.

O problema era que Douglas estava fazendo algo demais. Ele e seus amigos tinham consigo várias garrafas de energético, vodka e cerveja. Eles riam descontroladamente enquanto conversavam. É claro que estavam bêbados. E era aí que estava o perigo. Jullie não tinha muita experiência, mas eu conhecia meu irmão bem demais. Eu já havia presenciado suas bebedeiras com os amigos e principalmente sua mudança de personalidade quando o álcool estava no controle do seu organismo.

Douglas era do tipo que ficava com raiva quando bebia. E a descontava em todo mundo. Não com agressão física, é claro – nem ele mesmo se perdoaria –, mas as coisas que ele falava talvez fossem até piores do que uma bofetada.

Jullie caminhou até a rodinha, e eu corri atrás dela, segurando-a.

– Jullie, por que você não volta para a festa e me deixa cuidar do Douglas?

Ela puxou o braço em que eu tinha colocado minha mão e revirou os olhos.

– Não precisa. Obrigada por ter vindo comigo, mas eu consigo me virar. – E continuou a andar até ele.

Corri atrás dela, pensando em algo a dizer para que me ouvisse. Mas eu sabia que nada adiantaria.

– Douglas! – chamou do meio da rua, provavelmente não querendo conversar em frente aos amigos dele.

Douglas virou o rosto, só então nos percebendo ali. Ele caminhou decentemente até a namorada. Isso era uma das coisas que eu admirava em meu irmão. Ele era uma das poucas pessoas que conseguia parecer sóbrio mesmo quando ingeria litros de álcool. Já sua boca, nem tanto.

– O que você tá fazendo? Eu tô te procurando há horas e você aqui bebendo com seus amiguinhos! – Explodiu Jullie.

Se Douglas ainda pretendia ser decoroso com Jullie, ele mudou de ideia naquele instante.

– Que foi? Agora não posso mais ficar com meus amigos? Desculpa se você largou os seus por minha causa, mas é bom ficar longe de você de vez em quando!

Minha amiga ficou sem fala por alguns instantes.

– Douglas... – repreendi, fazendo menção de me aproximar.

Meu irmão estendeu a mão, sinalizando que eu não deveria continuar.

– Não, Anna! Deixa a gente conversar. Isso é entre a Jullie e eu! – Ele nem mesmo me olhou enquanto falava. Seu rosto estava focado na namorada.

– Bem, você nunca tinha reclamado disso antes, mas talvez seja apenas mais uma coisa pra colocar na sua lista – falou Jullie, ignorando minha tentativa de fazê-los parar.

Além da amizade (COMPLETO)Where stories live. Discover now