Pigarreei. Ele ergueu os olhos na mesma hora, encontrando o meu rosto.

— Ah, me desculpe, estava distraído. Você é...?

— Louisa Clark. — falei, sorrindo com educação. Tirei o currículo da bolsa. — Vim lhe entregar o currículo do meu pai. Espero que não se importe. Ele trabalha neste horário.

— Tudo bem. — disse, pegando a folha que eu estendi para ele. — Ele será analisado ainda hoje. Obrigado.

Sua formalidade foi rápida, seca e profissional demais. Assenti e saí dali. Por que o diálogo teve que ser tão curto? Eu poderia voltar lá e tomar um copo de chá. Talvez desse tempo para ver ele. Talvez ele passasse rapidamente pela porta de trás. Balancei a cabeça, querendo me dar um tapa na cara. Eu não sei mais o que estou fazendo. Realmente vim aqui apenas para ver William? Sim, meu inconsciente atrevido respondeu sem a minha permissão. Eu não deveria estar fazendo isso. Afinal, ele tem namorada. A lembrança dos dois de mãos dadas fez meu estômago revirar-se. Ela é linda. Por mais que eu tenha vindo aqui apenas para admirar sua beleza de outro mundo, ele jamais me notaria.

Percebi que meu inconsciente estava certo na medida em que ia me afastando do castelo e ia sentindo meu coração martelar doloroso, confuso e triste. Por que isso estava acontecendo comigo? Já me fiz essa pergunta várias vezes e eu nunca conseguia responder. Nem meu inconsciente travesso.

— Ei! — alguém gritou quando me aproximei da saída do castelo. Continuei andando. Não conhecia ninguém aqui. — Ei, moça!

Olhei rapidamente em minha volta e então parei. Não tinha mais ninguém ali. Era comigo? Virei-me para onde o som vinha. E então senti meu estômago dar uma cambalhota dentro de mim enquanto minha deusa interior virava piruetas.

Era ele.

Aproximou-se numa corrida lenta, mas mais depressa do que um simples caminhar. Suas mãos estavam na frente do corpo — o mesmo que era bonito, muito bonito. As penas moldavam-se numa calça jeans clara, enquanto o peito estufado era coberto por uma caminha de linho preto. Ficava incrivelmente sexy com essa cor. Quando ficou perto o suficiente, parou, sorriu e passou a mão pelos cabelos. Ah, aqueles cabelos... Eu queria ter a chance de tocá-los.

— Oi.

Notei que, de perto, ele era muito mais alto do que parecia ser. Eu me sentia minúscula ao seu lado.

— Oi.

Odiei-me por minha voz ter saído trêmula. Eu estava mais confusa do que todas as outras vezes. Ele está mesmo parado em minha frente?

— Veio para entregar o currículo? — perguntou-me. — Eu ia passar na cafeteria hoje mais cedo para pegá-lo com você, iria facilitar. Pelo menos seu chefe não precisaria te liberar mais cedo apenas para isso. — ele deve ter notado a expressão de surpresa em minha voz, e então acrescentou. — Eu estava por perto ontem quando você e sua irmã discutiram sobre trazer o currículo de seu pai.

Ah, claro que estava. Senti-me uma idiota por, no primeiro momento, ter pensado que ele estava vasculhando a minha vida. Mas a sensação que tive não foi ruim. Era até gratificante e prazeroso.

Mas ele estava apenas sendo gentil. Como eu não consegui dizer nada, ele continuou:

— Você sabe, isso seria um peso a mais no seu emprego, já que me entregou o troco errado no outro dia.

Não pude deixar de sorrir. Ele era engraçado. E simpático. E lindo, muito lindo. Mas afinal, o que ele estava fazendo falando comigo? Devia estar bem desocupado sozinho nessa imensidão do castelo.

Como eu era antes de você (Hot Version)Where stories live. Discover now