Quando me virei para voltar ao caixa, um homem estava parado de frente para ele e, consequentemente, de costas para mim. Mas aquele cliente eu sabia que já tinha visto antes. Ontem mesmo eu fiquei fitando suas costas enquanto me sentia uma idiota e me perguntava por que estava tão confusa. Pisquei. Por algum motivo, minhas pernas não se moviam. Torci de dedos cruzados para ninguém ter notado. Respirei fundo e, sob um olhar estreito de Frank que me perguntava em silêncio "que porra está acontecendo?", me esforcei para andar. E consegui. De um jeito completamente atrapalhado e — mais — desengonçado. Parei atrás do caixa. Os olhos daquele homem se ergueram para me fitar. Lindos olhos azuis acinzentados. Senti meu interior estremecer. Que diabos estava acontecendo? Minha deusa interior estava sentada, com o rosto apoiado no queixo, apenas observando, ansiosa. Por algum motivo, eu também estava ansiosa, sem entender direito.

— Ah... Hum... Bom dia — gaguejei. Desejei não ter soado tão idiota. — Posso ajuda-lo em alguma coisa?

Pela primeira vez em seis anos eu fiquei completamente sem jeito para falar com um cliente. Se Frank me visse agora, não iria me reconhecer. Os cabelos do homem em minha frente estavam emaranhados e arrepiados no alto da cabeça. Uau, como cabelos podiam ser tão sensuais assim? E aquele rosto... Ah, o rosto! Parecia um desenho divino. Cada detalhe dele parecia ter sido feito única e exclusivamente para ele, com a intenção de deixa-lo incrivelmente bonito. Então entendi o meu nervosismo e minha "obsessão". Stotfold não era um lugar de homens bonitos e ele foi o único até agora. Agora está explicado, não está?

— Acho que ontem você me deu o troco errado — ele disse, abrindo a carteira, que tirou do bolso traseiro da calça jeans preta. A voz dele era grave, mas ao mesmo tempo suave. Também era sexy. Respirei fundo. — Dois dólares a mais.

Ele colocou a nota em cima do balcão. As mãos tinham dedos compridos. Arfei, sem querer. Ele me olhou com uma confusão exasperada no rosto. Tentei disfarçar. Bonito da parte dele, pensei. Bonito... Ele é bonito. Muito bonito. Fez minha deusa interior levantar-se e começar a dar pulinhos.

O que está acontecendo comigo?

— Obrigada. — falei, com a voz rouca. Porra, Louisa, preste mais atenção no que está fazendo.

— Apenas vi quando cheguei em casa — ele sorriu. Os eram dentes alinhados e branquíssimos. Claro que eram. Ele tem uma beleza incrível. — Espero que não tenha se preocupado.

— Na verdade, eu nem percebi.

Ele sorriu, sem jeito. Por que eu acabei de dizer isso? Acabei de sair por burra.

— Quero dizer, não é uma quantia que faça com que meu chefe me de uma bronca — expliquei. — Mas, mesmo assim, fico agradecida. Sua honestidade é rara.

Tentei não demonstrar que estava nervosa. Acho que funcionou. Não entendia porque ficava completamente fora de mim quando ele estava por perto. E é só a segunda vez que eu o via! Era como se... Como se ele me intimidasse.

— De nada. — disse e, por fim, virou-se para sair.

Suas costas eram largas e, apesar de estar com um blazer, dava para notar nitidamente seus músculos nos braços. Além de um rosto muito bonito, seu corpo era magnífico. Apoiei as mãos na mesa para ter a certeza de que não iria cair. Meu coração batia forte. Porra. Por que meu coração não bateu assim também quando eu vi Patrick?

Então uma coisa me veio na cabeça.

— Ei — falei. O homem parou e girou o corpo esguio nos pés. — Qual é o seu nome mesmo?

Ele piscou. Que merda eu estou fazendo? Não acredito que perguntei isso. Enrubesci no mesmo instante.

— Traynor. William Traynor.

Como eu era antes de você (Hot Version)Where stories live. Discover now