Capitulo 1 - Dia de Merda

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*Meses atrás

Júlio Gouvêa

Hoje realmente não é o meu dia.

Eu tive uma merda de dia no escritório, perdi a porra da audiência, porque o infeliz do meu assistente não me passou a nova data no processo de um cliente importante do escritório.

Desci o inferno na Terra. Odeio incompetência. Eu nunca perdi e nunca me atrasei para nada.

Resolvi isso da melhor forma. Coloquei o idiota na rua por justa causa.

Tive que aguentar o Eduardo me enchendo a porra do saco e dizendo o quanto sou frio e incoerente.

Um homem frio é um homem que não é movido por emoções, não se deixa levar pelo momento e isso eu sei fazer, e muito bem, mas se querem me dar um título, aceito esse de bom grado.

Ainda tive que lidar com a Isabela, me torrando o saco dizendo que está vindo pra cá e quer ficar no meu apartamento. Eu já perdi as contas de quantas vezes eu disse que não durmo com ninguém.

E pra fechar com chave de ouro, minha tia Lena resolveu fazer mais uma de suas reuniõezinhas e eu, não posso faltar. Já fui avisado pelo meu tio Pedro que um cliente importante estará lá.

Sou Júlio Gouvêa, tenho 26 anos, dizem que sou um cara trabalhador, obstinado, implacável, reservado e alguns, dizem que sou infalível nos negócios, pois tudo que almejo, eu consigo.

Eu gosto de pensar que só sou um cara de metas. Traço meu caminho e executo. Simples e fácil.

Pratico aula de artes marciais e sempre estou no centro de treinamento de tiro, minha segunda paixão, pois a primeira é o Direito. Tenho um escritório de advocacia, voltado para a área criminal, localizado próximo ao prédio da empresa Gouvêa & Associados, onde sou membro do conselho executivo de toda a organização, além de ser um dos melhores advogados do Brasil. Muitos me conhecem no tribunal como o homem de gelo, mas sou apenas um cara centrado nos meus objetivos e vitórias, pois perder não existe no meu vocabulário.

Moro sozinho e tenho a Célia, minha empregada, que cuida de tudo para mim. Quando decidi morar só, minha mãe me impôs a Célia, pois somente assim ela ficaria mais tranquila.

Chegando em casa, vou me arrumar para o jantar. Decido ir todo de preto, jogo uma jaqueta de couro por cima e o meu sapato Broken Rules, também preto. Pronto, estou preparado para este jantar e ficar de olho na Aldria.

Esse é outro problema e que me vem tirando do sério a muito tempo. Maldita mulher que consegue aflorar o pior de mim! Ela tem o poder de me irritar com tão pouco. Fora, que quando estamos sozinhos, ela consegue me tirar muito mais do que a irritação. Sinto a necessidade de domar aquela fera.

Depois de meia hora chego á casa dos meus tios. Entro e cumprimento todos, mas nem sinal dela por aqui e, como sempre, minha noite tinha que ser irritante. Para completar e tirar meu juízo, vem o engraçadinho do meu irmão Olavo. Esse não tem jeito mesmo, adora tirar um sarro da minha cara. Somos irmãos de sangue, mas não poderíamos ser mais diferentes no gênio.

-E aí mano, como anda?

Olho-o desconfiado, pois ele não é de vir falar comigo sem segundas intenções.

-Olha Olavo, hoje eu não estou para suas gracinhas, tive um dia de merda e não quero estragar o jantar dos nossos tios. -Falo para ele deixando claro que não estou para brincadeiras.

-Calma aí Sr. Júlio Gouvêa, eu vim apenas te cumprimentar e dizer que a mamãe está te procurando.

Penso um pouco e vejo que exagerei com ele, afinal ele não tem culpa do meu dia estar uma merda. Me desculpo e penso em sair à procura dos nossos pais, mas quando dou um passo, eis que a mulher que rouba meu prumo, me deixa possesso e de pau duro, entra belíssima num vestido preto em couro com um decote "me coma", toda sorridente ao lado da minha querida prima Vega Velásquez. E como eu imaginava, meu irmão, que estava atrás de mim, solta suas proezas.

[DEGUSTAÇÃO] Obstinado & Atrevida - LIVRO II - SEAAWhere stories live. Discover now