Fiquei sem entender. O que ela queria afinal? Não a conhecia. Nem sabia seu nome. Em pouco mais de um mês ela havia me tratado como um fantasma e depois tinha desaparecido. E agora ficava me interrogando? Ela não estava cheia de mexericos[i] com o Marcelo? Que ficasse com ele, ora!

Não a vi indo embora. Acabei terminando minha noite como tinha planejado anteriormente: com a Shirley. Afinal de contas, eu não estava no bar me divertindo e sim trabalhando. As mulheres eram uma questão à parte. Agora seria a hora da festa!

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Na segunda-feira, assim que cheguei do banco minha mãe me avisa:

- Henrique meu querido, ligou uma moça pra você hoje de tarde. Deixei o nome e o telefone dela perto do seu computador. - Chegando ao meu quarto vi o papel onde estava escrito Malu e um número.

Meu Deus, quem era essa Malu? Tentei fazer com que minha memória trabalhasse e me ajudasse a recordar a qual mulher pertencia esse nome. Eu não tinha o costume de dar meu telefone para aquelas que eu pegava no bar. Normalmente ali era tudo coisa de uma noite só e raras eram as que eu repetia a dose. E poucas, muito poucas tinham o telefone da minha casa. Apenas algumas amigas e as ex-namoradas.

Minha curiosidade foi maior do que tudo e decidi telefonar para a tal Malu.

Depois de três toques uma voz doce e mansa me atende:

- Alô!

- Alô. Eu gostaria de falar com a Malu.

- Olha, olha... E não é que você ligou mesmo, Rico. Achei que não me ligaria.

- Como você sabe que sou eu? E, aliás, quem é você? - perguntei, queria muito saber quem era.

- Quanta curiosidade... Você sabia que ela mata o gato?

Aquela voz deliciosa não me era estranha. Será? Será que era ela?

- Dê-me algumas dicas de quem é você. Pelo nome e pela voz não recordo.

- Claro que você não vai recordar meu querido. Você na realidade não me conhece... Mas isso pode mudar. Basta você querer.

Que mulher é essa? Uma grande provocadora isso sim. Ela deu um suspiro.

- Ok. Vamos lá. Você quer que eu me descreva? Vamos ver... Sou morena, não muito alta, magra, cabelos e olhos castanhos... Soube mais sobre você no seu segundo trabalho.

- No meu segundo trabalho? Você já foi ao Bodocó? Por que não se aproximou então?

- Gosto de um pouco de mistério, Rico. Criar expectativas...

Ouço ao fundo uma voz gritando o nome dela.

- Me perdoe, Rico, mas estão me chamando e terei que desligar. Podemos nos falar depois?

- Sim. Claro. Mas antes me responda se te verei no bar novamente.

- Isso você pode ter certeza.

E desligou o telefone.

Eu sei que conhecia essa voz. Mas essa Malu não podia ser ela, podia?

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Ela não me ligou novamente e nem eu. Já era quinta-feira e minha mente toda hora voltava para aquela ligação maluca. Ficava pensando quem era aquela Malu. Se fosse a mesma garota do bar... Eu acabaria ficando louco.

Puro PecadoWhere stories live. Discover now