Olhei completamente sem reação para ele, estava sentindo raiva e vergonha ao mesmo tempo. Segurei em suas mãos, e ele continuou sem entender o que estava acontecendo, por isso puxei-o para o quarto e fechei a porta que, por sua vez, fez um barulho estrondoso. Comecei a falar suavemente, depois de pedir para que se sentasse em minha cama.
— Me desculpe, Nick, não era para você. Tenho certeza de que sabe disso. Tive uns problemas mais cedo com uma garota. – Desviei meu olhar na direção da porta, entrelaçando minhas mãos nervosamente. Ai, que vergonha! O Nicholas não deveria ter aparecido naquela hora.
— Está tudo bem, mas e você? Está parecendo muito nervosa. De quem estava falando? – não respondi de imediato, por isso, ele continuou. — Deixe-me adivinhar... Era com a Tiffany?
Olhei espantada para ele... Como sabia? Virei meu rosto em sua direção, encarando-o.
— Realmente estou nervosa... E como sabia? Ela veio ao meu quarto.
— Encontrei-a furiosa saindo do prédio dos dormitórios. Não falei com ela, mas percebi que havia alguma coisa errada. O cabelo estava todo desgrenhado, o rosto vermelho... O que aconteceu?
— Ela veio até o meu quarto só para me acusar de ter matado a Elisa e ainda me deu uma advertência ridícula. Disse para me afastar de você. Ela veio aqui só para tirar minha paciência, e isso eu não admito – Nick me calou com seu dedo em meus lábios, retirando-o em seguida.
— Você faria isso?
— Claro que não! Ela não manda em mim e não pode me obrigar a fazer algo só porque gosta de você. A não ser que... Vocês estão juntos? – Encarei Nicholas profundamente, esperando a sua resposta.
— Óbvio que não, Marina! De onde tirou essa ideia?
— Ela disse que você era "dela".
— Olha só... Ela disse muito bem. Era!
— Como assim, Nick?
— Já tivemos um relacionamento aberto, ou seja, podíamos ficar com outras pessoas. Não tínhamos compromisso um com o outro, mas ela queria mais do que isso, queria algo sério comigo, e não estava pronto. Tiffany não era a garota certa para mim, entende? No fim, acabei terminando o que tínhamos, e ela ainda fica no meu pé. Essa menina é muito possessiva, não gosto disso.
— Ah, entendi. – Desviei o olhar e abaixei a cabeça.
Aquela revelação tinha sido muito estranha, senti-me deslocada, meu coração parecia se despedaçar aos poucos... Teria sido melhor eu ter ficado quieta. Marina, você é uma estúpida.
Nicholas se levantou da minha cama, onde estava sentado, aproximando-se de mim. Senti sua mão segurando meu queixo e me fazendo olhar diretamente para ele. Nossos lábios se tocaram suavemente, e a intensidade aumentou, mas interrompi. Não podia fazer aquilo porque me magoaria no futuro... E se ele não quisesse nada comigo? Será que me afastar dele era o melhor para mim?
Ele pareceu ter percebido minha batalha interna e se sentou em minha cama novamente. Segurou minhas mãos, fazendo-me sentar ao seu lado e, ainda sem tirar as mãos de mim, olhou profundamente em meus olhos e disse:
— Por que está tão calada? O que aconteceu? Por que parou de me beijar? Não gostou do beijou? – seu tom de voz era preocupado.
— Não é nada, Nicholas. Não é isso, é que... – não consegui terminar a frase, senti algumas lágrimas rolarem em minha face.
— Aconteceu alguma coisa sim, não venha com essa de "não é nada". Você está chorando. Fiz alguma coisa errada?
— Ah, é besteira, Nick. Esquece.
— Se você está chorando é porque aconteceu alguma coisa. Fale logo, pare de enrolação.
— Estou preocupada. Você disse que tinha um relacionamento aberto com a Tiffany e que não queria algo sério, mas quais as suas intenções comigo? Vai me deixar mais apaixonada para depois não querer nada sério também? – Desviei meu olhar, não conseguindo olhar fixamente para seus olhos cor de mel por muito tempo. — Além disso, ainda tem a morte da Elisa. Não sei se vou conseguir dormir nesse quarto sem sentir culpa por não a ter impedido, e o pesar.
— Não, claro que não! Disse que ela não era a pessoa certa para mim, não sentia nada pela Tiffany, nem sei porque tinha esse relacionamento aberto com ela. Por favor, olhe para mim. Eu gosto de você. É tão diferente das outras meninas e é isso que a torna única. Não é qualquer uma.
Nick voltou a segurar meu queixo e, logo após, suas mãos foram até minhas bochechas. Seus lábios me envolveram novamente, e não interrompi desta vez, deixei-me ser envolvida por eles. Suas mãos encontraram a minha cintura e as senti tocando suavemente a minha pele, subindo um pouco mais e, se não o tivesse parado, as coisas esquentariam muito naquele quarto.
— Você está agindo como se a Elisa não tivesse morrido, Nicholas. Estou confusa sobre meus sentimentos... Preciso de um tempo, por favor. Você está querendo apressar demais as coisas. Vamos com calma, tá bom?
— Você está certa, desculpe-me. Não deveria agir desse jeito e não vou apressar as coisas.
— Você ainda não me disse o que veio fazer aqui.
— Estava preocupado e queria apenas ver você.
— Sim, consegui conversar com ela por Skype, falei com a Mel também. Sinto saudade das duas... A Mel até ficou doente e ela nunca tem febre. Minha mãe acha que era por sentir a minha falta. Não faço ideia, mas enfim.
— Mari, mudando de assunto... Você disse que havia um bilhete quando foi até a janela. Posso vê-lo?
— Não. O bilhete não está mais comigo, os policiais ficaram com ele.
Abri a gaveta para mostrar que não havia nada e, assim que a fechei, bati meu braço sem querer na cama da Elisa. O colchão se moveu o suficiente para que eu percebesse algo embaixo dele. Levantei-o e, quando fiz isso, vi um diário.
Era o diário da Elisa.
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A Acusada
Mystery / ThrillerPLÁGIO É CRIME! Capa: Décio Gomes - Publicado com a Editora Sinna. Um bilhete, um diário, o que realmente há por trás dos alunos mais populares de um Colégio? Aos 17 anos, Marina Moura consegue uma bolsa para realizar seu sonho do intercâmbio em T...