Capítulo 6

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Olhei com uma leve expressão de raiva para a pessoa parada à minha frente. Ele estava me seguindo?

— O que você quer, Tom? – Pior que a minha expressão estava a do Nick, olhando para o irmão com tanta raiva que, se possível, sairiam raios laser de seus olhos.

— Nada. – Thomas sorria, com uma expressão de puro escárnio. Tinha atrapalhado de propósito! — Atrapalhei alguma coisa?

— Claro que atrapalhou, seu imbecil. Sempre chegando para atrapalhar – vociferou Nicholas, vermelho de raiva. — Vamos embora, Marina. Não quero olhar nem mais um minuto para a sua cara, Thomas.

— E se ela não quiser sair? Se quiser ficar junto comigo? O que vai fazer?

— A questão é que eu não quero – respondi determinada a dar um fim naquela insistência ridícula. — Você não vai conseguir me conquistar.

— Veremos, lindinha – respondeu de imediato, soltando uma risada em seguida.

Segurei a mão de Nicholas, levando-o para um canto afastado do irmão. Despedi-me dele rapidamente, sem contato físico daquela vez, e segui para falar com a diretora enquanto ele ia na direção oposta.

Na diretoria, parei em frente ao balcão de uma das secretárias e perguntei se poderia falar com a diretora. A resposta foi negativa, mas a funcionária acabou sendo interrompida por sua chefe que apareceu na fresta da porta.

— Marina, já ia pedir para algum inspetor chamá-la. Por favor, entre em minha sala, um policial quer falar com você.

— Tudo bem – respondi apreensiva.

— Sente-se, por favor – proferiu a diretora. — Senhorita Moura, esse é o delegado Scott. Ele gostaria de conversar com você sobre o que já havíamos comentado.

— Tudo bem. Claro. Estou disposta a ajudar no que for preciso – afirmei.

— Senhorita Moura, você disse para a diretora que a falecida aluna estava estranha no dia de sua morte. Por favor, dê mais detalhes.

— Elisa acordou estressada, e pensei que havia feito ou dito algo de errado para ela, porém logo me disse que a culpa não era minha. Mencionou que havia discutido com alguém no jantar do dia anterior, mas não disse com quem e nem o motivo. No mesmo dia, no horário do almoço, encontrei-a chorando no banheiro. Ela disse que tinha discutido novamente com a mesma pessoa, mas que estava tudo bem. Fiquei preocupada, tentei ajudá-la a se recompor, e logo ela saiu do banheiro. Após isso, só a encontrei no dormitório, porém não conversamos.

— O que estava fazendo no momento da morte da Elisa? – o delegado Scott continuou a me questionar.

— Estava dormindo no meu quarto. Acordei com uns barulhos vindo da janela, abri os olhos e a encontrei, saindo escondida. Já havia dado o horário de recolher, que é às 22h. Acredito que saiu por volta das 22h45. Tentei impedi-la, mas ela já tinha descido e sumido do meu campo de visão. Deveria tê-la impedido! – Não consegui segurar as lágrimas. — Desculpe-me. – Passei a mão pelos meus olhos para enxugá-los.

— Entendemos que esteja abalada, não precisa se desculpar – respondeu o delegado Scott empaticamente. — Continue, por favor.

— Quando saí do parapeito da janela, notei que havia um bilhete no chão. – Estendi o papel para o delegado que o pegou, lendo com atenção.

— Posso ficar com esse bilhete, senhorita?

— Claro. – Sorri amigavelmente.

— Você já está liberada, no momento, não estamos precisando mais da sua ajuda.

A AcusadaWhere stories live. Discover now