Voltei para meu dormitório e peguei meu notebook. Chamei minha mãe que, para a minha sorte, estava online no Skype, e solicitei uma chamada de vídeo.

— Marina! Nem acredito que você apareceu. Finalmente, filha. Estamos com muita saudade. Como está aí no Canadá?

— Mãe! Desculpa não ligar mais cedo, estava muito ocupada aqui na escola, adaptando-me... Aqui está maravilhoso. O clima está ameno, mas acredito que vá esfriar bastante, estamos no início de novembro. Estou com muita saudade de você e da Mel. Ela está se comportando?

— Ah, você sabe como a Mel gosta de aprontar. Está se comportando na medida do possível. Ela está com muita saudade. – Escutei um barulho ao fundo da ligação, uma voz de criança dizendo: "Quem é, mamãe?". — É a Marina, filha. Vem aqui dar um oi para ela.

Melissa apareceu e seus olhinhos infantis brilharam, úmidos, sua voz era de choro. Fez um aceno com as pequenas mãozinhas e disse:

— Mali, estou com saudade. Vai voltá logo? Te amo. – Melissa tinha alguns problemas com a pronúncia, algumas palavras dizia errado, como o meu nome, chamava-me de "Malina".

Meu coração ficou todo derretido por ouvir a voz dela, seus olhos me olhavam tristemente, e respondi:

— Mel, estou com muitas saudades de você. Vou voltar logo, minha bebê. Amo muito você.

Minha mãe apareceu na tela de novo, pegando Melissa no colo. Escutei uma parte da conversa delas, minha mãe dizendo: "Mel, volta para o quarto, a mamãe precisa falar com a Marina. É conversa de adulto", ouvi a voz de Mel: "Mas a Mali não é adulta, mamãe". Depois disso, não entendi o que minha mãe disse, mas logo voltou a falar comigo.

— Mari, minha filha. A Mel ficou doente esses dias. O médico acha que foi por saudade de você porque ela teve febre e, durante a noite, chamava o seu nome.

— A Mel nunca fica com febre... Que estranho. Ela está melhor?

— Sim, está tomando alguns remédios. Já faz dois dias que está sem febre, mas o médico me recomendou, caso voltasse, a dar um remédio para abaixá-la.

— Isso é muito bom, mãe. Espero que ela melhore.

— Conte-me as novidades, filha, estou curiosa.

— Tenho algumas novidades. Vou contar a pior de todas primeiro porque preciso desabafar.

— Então conte, estou curiosa.

— Minha colega de quarto foi encontrada morta, mamãe. Estou arrasada. Ela era uma das únicas pessoas com quem eu tinha contato aqui na escola. Estou muito triste, ela era uma menina tão gentil comigo... Todos dizem coisas boas sobre ela. O que me deixa pior ainda é que os alunos suspeitam que eu esteja envolvida, acham que a assassinei.

— Que absurdo! Você nunca faria uma coisa dessas! Conheço você melhor do que ninguém, Marina.

— Eu sei, mãe, acalme-se. Quero provar para a escola inteira que sou inocente. Ainda não sei como, mas vou conseguir.

— Sei que vai, você é muito determinada. Quando coloca algo na cabeça, ninguém consegue tirar até você conseguir o que quer. – Consegui emitir um fraco sorriso. — Queria que pudesse voltar para cá imediatamente, mas sei que não voltará até provar que não é a culpada.

— Ainda bem que você sabe, mãe. – Consegui sorrir novamente.

— Agora me conte as outras novidades, quero saber tudo.

— Ok, vou contar. Conheci um garoto tão lindo! Acho que ele gostou de mim. É tão legal, simpático, e acho que gosto dele. Hoje, ele me beijou.

— Nossa! Fico feliz por você já estar aproveitando os canadenses. – Não pude deixar de rir. Minha mãe era muito engraçada e não tinha medo de falar o que pensava. — Como é o nome dele?

— Nicholas... Agora vou falar a outra notícia. Tem outro menino atrás de mim, Thomas, é irmão do Nicholas. Ele fica no meu pé. O cara é muito irritante e estou preocupada com o que ele pode fazer. Parece ser bem pegajoso e que não para até conseguir o que deseja.

— Olha só, minha filha está fazendo sucesso no Canadá! – Soltou uma risada. — Brincadeiras à parte, acho que o Thomas uma hora vai se conformar. Espero que ele possa parar de ficar no seu pé... – Mais uma vez, escutei um barulho ao fundo. — Filha, preciso desligar, sua irmã está aprontando de novo. Fique tranquila, meu amor, tudo vai se resolver. Espero que prove sua inocência o mais rápido possível. Me ligue mais vezes. Beijos, fique com Deus. Estou com saudade. Eu te amo muito! Volta logo para a mamãe.

— Tudo bem, mãe. Vou sair também. Beijos, eu te amo muito e estou com saudades. Manda um beijo enorme para a Mel. Sempre que eu puder, mandarei notícias.

Desliguei a ligação e, logo após, escutei uma voz atrás da porta e algumas batidas apressadas. Ouvi uma mulher gritar:

— Abra essa porta, sua vadia abrasileirada! – As batidas aumentaram. — Abra, senão vou arrombar!

A AcusadaNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ