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"Oi Chan! Veja só, você finalmente tem um novo colega de quarto!", a enfermeira disse, depois de ter aberto a porta do que seria meu novo quarto. O tal de Chan nem mesmo olhou na minha direção. Ele estava usando um moletom preto, mesmo estando no meio de agosto*.

Ala 11

Não acredito. Minha mãe me colocou na porra de um hospital psiquiátrico.

Quarto 4

Eu ainda tentei forçar um sorriso e me apresentar: "Uhm oi... Meu nome é Xu Minghao e eu-"

"Quem diabos disse que eu me importo com quem você é?", ele me cortou, se levantou e saiu do quarto.

Olhei confuso para a enfermeira, mas ela só deu de ombros, sussurrou um pedido de desculpas e saiu do quarto também. Fechei a porta atrás dela e suspirei. Caminhei até minha nova cama e sentei, enquanto xingava mentalmente a minha mãe.

20 minutos atrás ela me deixou aqui e eu tive que tirar minhas roupas. Então eles me pesaram, mas não me mostraram o número. Eu queria contar para eles que eu tinha me pesado hoje de manhã depois de tomar banho, mas permaneci em silêncio. No fim eles revistaram todas minhas bolsas e malas, para ter certeza de que eu não tinha nada perigoso comigo.

Me levantei lentamente, e quis ir no banheiro, mas não havia nenhum. Tentei não surtar e fui do meu quarto até o 'centro de informações'.

"Com licença. Por que não tem banheiro no meu quarto?", perguntei para a mesma enfermeira que havia me mostrado meu quarto alguns minutos atrás.

Ela olhou por cima de seu computador e disse: "Oh, eu esqueci completamente de te dizer! Nós temos três banheiros aqui e você precisa da nossa permissão e da chave para ir. Você precisa ir agora?"

O sorriso dela desapareceu depois que eu me engasguei, surpreso. Mas novamente, apenas permaneci em silêncio e disse baixinho "Sim, por favor"

Ela me deu a chave e indicou a direção com o dedo. Eu assenti e fui até a porta, que tinha uma plaquinha rosa com a palavra 'banheiro' escrita. A porta já estava aberta, então eu apenas entrei.

"Mas que porra você tá fazendo aqui? Não tá conseguindo ver que já tem alguém usando?", um garoto à minha frente gritou, vestindo apenas um roupão de banho.

"Desculpa, eu só queria lavar o rosto", eu disse abaixando meu olhar para o chão.

"Eu não me importo. Agora saia. SAI DAQUI!", ele gritou querendo me empurrar para fora.

Antes que as mãos dele encostassem em meus ombros, a enfermeira se aproximou e disse com uma voz calma: "Junhui, por favor. Ele é novo aqui e não sabia que já tinha alguém usando o banheiro"

Mas o garoto ainda estava furioso e gritou novamente: "Eu disse sai daqui! Vocês dois! Eu não me importo com quem ou o que esse babaca seja!"

E com essas palavras, a enfermeira me puxou para fora e me mostrou o outro banheiro. Eu entrei e tranquei a porta. Olhei para o meu reflexo no espelho e vi meu rosto pálido. Comecei a lavar meu rosto e controlar minha respiração. Todo mundo aqui é louco. Eu preciso dar o fora desse lugar.

Encarei meu reflexo por alguns minutos, até decidir voltar para meu quarto novamente. No meu caminho de volta olhei ao meu redor e vi vários quartos, cheios de gente. No menor quarto com uma TV eu vi meu colega de quarto, Chan, e o garoto irritado de antes do banheiro, sentados em frente à TV, mas eles não prestavam atenção nela. Eles conversavam um com o outro, ambos com um sorriso no rosto. Parei de andar e os observei. Os dois pareciam tão diferentes agora. Quase felizes. Mas eu podia sentir que eles não estavam.

Ala 11 ; [junhao]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora