Capítulo 4

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Pega pelo cansaço.

Depois de muito ouvir as histórias intermináveis de tia Joly, era hora de ir embora. Consequentemente, ao chegarmos ao vilarejo, sob a fraca luz dos postes, sei que estou praticamente em casa. Em uma placa de madeira está escrito com nanquim: "Bem-vindos ao vilarejo Pilbuin – capital da Ilha do Sul, a ilha da madeira". E, logo à frente, há pessoas com lanternas iluminando algumas partes escuras do vilarejo. Os astutos Guardiões, que são aqueles que possuem íris castanhas e são especialistas em proteção, rondam a capital da ilha por segurança enquanto algumas novas decorações do segundo dia são cuidadosamente colocadas em seus devidos lugares. A decoração da Viagem de Busca se baseia no preto e no amarelo. Máscaras brancas com olhos de cores específicas são distribuídas e penduradas em vários lugares. Além de conter símbolos de losangos por todos os lados. Também há diversos balões ornamentais amarelados, milimetricamente aquadrelados, que transparecem o fogo pelos postes e que parecem ser "foguinhos noturnos distantes ao ar livre". Sem contar os inúmeros pôsteres de divulgação da Escola Talental nas paredes, apenas demonstrando o enorme monumento em formato de torres gigantescas com cristais variados e uma pirâmide no meio, que gera imensa vontade de estar lá em quem a olha.

Enquanto isso, em cada canto do vilarejo, alguns zero-classes dormem enrolados em papelões para se protegerem do frio.

Meu pai tem uma expressão desanimada.

                                                                   X

Vinzel está num sono profundo. E eu não consigo dormir.
As horas passaram. Meus olhos não queriam mais ficar fechados. 3h40. É como se o tempo estivesse dentro do meu corpo, estivesse for- migando de uma forma interminável dos pés à cabeça. Todas as imagens estão em minha mente: a igreja, meu tio, meu primo, Classes de Talento, injustiças, o país, tudo girando. Eu não consigo dormir há horas. Sinto-me estafada e sem sono ao mesmo tempo. Minha mente ecoa, não para de pensar em minha suposta Classe de Talento. Meu coração está acelerado.

Eu não aguento mais.

Por que sou assim? Por que nunca me surgiu algum sinal de habilidades? Quero gritar. Sair por aí correndo e ficar para sempre em um lugar certo, um lugar onde incertezas não existam. Se Remi Claus não tivesse criado a tal experiência, nada disso estaria acontecendo. Que dia...

Turbulências presas em meu estômago.

                                                                    X

– Venham! Venham! – As pessoas passam batendo de porta em porta, gritando com entusiasmo: – Viva a Viagem de Busca! Viva!

O sábado. Sempre quando penso nesse dia, cores vivas aparecem em minha mente, porém, apenas lamento por não ocorrer esse tipo de pensamento alegre hoje. Por sorte, não tenho aula na escola do vilarejo, cujo período é integral, de segunda a sexta. Bem, estudar lá não é nada legal. Sem contar que os professores zero-classes são extremamente desanimados quando dão as aulas, sempre com o mesmo assunto e propósitos que nunca nos levarão a ter um futuro promissor, já que, certamente, não possuímos Classes de Talentos nem o Certificado Comunal Humano para ser alguém. Contudo, o pior em estudar naquele lugar é o fato de que nunca fui aceita por meus colegas zero-classes. Eles sempre me desprezaram por pensar que eu tenho uma Classe, dizendo, amargamente, que não admito por pirraça, que só por que não tenho dinheiro não dou o braço a torcer. Mas está tudo bem. Eu mesma acredito em mim.

"Evangellyne, Joly nos deu belos grãos de café na noite passada. Espero que que contente com a cafeteira cheia! Olhe a mesa (bem na pontinha dela). E, ah, quase me esqueço (pois é... seu pai já está ficando meio biruta)! Há biscoitos de gérbera também, dê alguns ao Pimp!

A Série Espelho dos Olhos - Livro Írisजहाँ कहानियाँ रहती हैं। अभी खोजें