Aprovado.

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Alguns meses se passaram após a inscrição, e no caminho de volta do meu trabalho como carpinteiro, algumas pessoas conhecidas me deram parabéns. Parabéns? Não era o meu aniversário nem coisa parecida, então só podia ser uma coisa: eu fora aprovado.

Cheguei em casa e minha mãe veio ao meu encontro eufórica.

-FILHO VOCÊ FOI APROVADO! VOCÊ TRABALHA NO PALÁCIO AGORA! - Ver minha mãe tão feliz me deu um sentimento maravilhoso, pois nos últimos tempos era difícil arrancar um sorriso de qualquer um de nós.

-Finalmente nossa situação vai melhorar, eu estou tão feliz mãe!

-Daqui algumas semanas você já estará em Londres, eu nem posso acreditar. Parece um sonho! Harry vai ficar tão feliz por você! Mal posso esperar para contar a notícia à ela. - Minha irmã Harriet foi a única da família a conseguir fazer uma faculdade. Eu e meus pais trabalhamos duro para pagar as despesas. Ela ganhava razoavelmente bem como professora de literatura, mas infelizmente Harry só podia nos ajudar com pouco.

O dia de ir para o palácio chegou. O governo disponibilizou carros para buscar os aprovados. A despedida foi na rua, família, conhecidos e amigos estavam na calçada me dando abraços e me desejando sorte. A última pessoa a me abraçar foi a minha mãe, ela chorava de orgulho. Céus como eu sentiria falta dela.

O trajeto de Aldershot até Londres não era muito longo, aproximadamente uma hora e meia de carro. Chegando na cidade eu percebi o quanto tinha mudado desde a última vez que eu estivera lá. Harry, eu e nossos pais costumávamos a ir à Londres mensalmente a passeio, porém quando fiz quinze anos a nossa situação começou a piorar e nunca mais fizemos nossos relaxantes passeios. Agora, seis anos depois, eu retornava àquela cidade que fora cenário de tantos momentos inesquecíveis. O palácio era única coisa que não havia mudado.

No final do dia eu já estava no quarto que dividiria com outros três guardas. O cômodo era grande o suficiente para não faltar espaço para nenhum de nós. Meus novos colegas se chamavam Taylor Marin, Noah Smith e Eric Carlton.

Deitei na cama após o jantar. Essa era minha nova vida. Indispensável pela realeza porém invisível aos olhos de todos. Adormeci rapidamente no meio de meus devaneios.

Acordei com o despertador exatamente às seis, hoje meu turno era das sete da manhã às oito da noite. Vesti meu uniforme, tomei uma xícara quente de café e fui até meu primeiro posto. E assim foi a minha rotina por semanas, me revezando entre os turnos do dia e da noite.

Era uma sexta-feira e meu primeiro posto era próximo à escada principal. O tempo se arrastava, nada acontecia, passavam por ali apenas funcionários. Mas de repente apareceu uma pessoa diferente, era o príncipe Sherlock! Ele vestia um lindo terno e uma camisa de um tom de roxo intenso por baixo. Seus cabelos negros encaracolados eram realmente muito bonitos.

Comecei a observá-lo, ele descia os primeiros degraus da escada quando simplesmente desmaiou. Corri até ele, tomei-o em meus braços e me apressei até a enfermaria. Colocaram soro em sua veia e poucos minutos depois ele acordou, ainda meio atordoado.

-Graças a Deus! Você, digo, sua Alteza desmaiou enquanto descia as escadas e se não fosse por mim, tinha rolado escada abaixo. - deixei o alívio transparecer em minha fala.

-John? John Watson? - ele sabia o meu nome?

-Às suas ordens, sua Alteza. - tentei controlar meu nervosismo mas falhei miseravelmente, tropeçando em minhas palavras.

-O que aconteceu? - ele parecia confuso, sua voz soava rouca, quase que um sussurro.

-A sua alteza desmaiou, provavelmente por falta de gli... - o príncipe interrompeu minha frase.

-Aliás, pode me chamar de Sherlock - um leve sorriso se abriu em seu rosto.

-Ah sim, ãhn, Sherlock, você desmaiou por falta de glicose no sangue. Logo você se sentirá bem novamente. - me atrapalhei de novo, o que estava acontecendo comigo?

-Muito obrigado, John. Gostaria de me acompanhar para um chá mais tarde? Assim eu poderia te agradecer apropriadamente.

-Claro senhor Holmes, digo, Sherlock. Eu adoraria. - eu iria demorar para me acostumar a chamar o príncipe pelo seu primeiro nome.

-Me encontre daqui três horas próximo à escada principal.

It is what it is - Johnlock Onde as histórias ganham vida. Descobre agora