1

126 5 3
                                    

                              Dedico está história a todas as garotas incompreendidas.....☺☻↓

Era para ser uma viagem até Grand Canyon,uma viagem que eu nem queria fazer.Em pleno verão,faz uns 2 mil graus naquele deserto - dificilmente eu conseguiria sobreviver a um calor desses mais dois dias inteiros dentro de um carro com meu pai e minha madrasta,a Monstra,que adora pegar no meu pé.Uma hora implica com meu cabelo cor-de-rosa com mechas pretas ou preto com mechas cor-de-rosa,dependendo de perspectiva.Outra hora com minhas tatuagens:uma braçadeira celta,uma coroa de margaridas no tornozelo e um coração num lugar que a Monstra nunca vai ver.E sempre diz como eu sou má influência para o meu meio-irmão Billy-que não passa de um bebê,caramba,e provavelmente acha que minhas tatuagens são simples desenhos,se é que repara nelas.

Para piorar,era feriadão do dia do trabalho,os últimos de liberdade antes de começar meu penúltimos ano na escola.A farra já estava programada.Sou a guitarrista de uma banda chamada Clod,e a gente ia tocar no Indian Summer,um festival de música em Olympia,junto com mais um monte de bandas de verdade,dessas que têm contrato com gravadora.Uma oportunidade imperdível,vários degraus acima das festinhas particulares e dos barzinhos em que a gente costumava tocar.Mas claro,a Monstra não entenderia nada disso.Ela acha que punk rock é coisa do capeta e,assim que o Billy nasceu me proibiu de tocar no porão,por medo de que eu pervertesse a alma do moleque.Agora sou obrigada a ensaiar no porão da casa do Jed de quem a monstra também não gosta,porque ele tem 19 anos e não mora com os pais-cruzes!-,mas com um monte de gente.

Então falei educadamente que não ia viajar.Tudo bem,talvez nem tão educadamente assim.Talvez eu tenha dito algo como "prefiro comer vidro" então a monstra foi se queixar com o papai, que me perguntou,com sua voz cansada de sempre,por que eu precisava ser tão grossa.Contei a ele sobre o festival.Num passado muito,muito remoto,papai gostava de coisas como música,mas agora ele não fez mais do que tirar os óculos,massagear a ponte do nariz e dizer que eu ia e pronto,assunto encerrado.Seria uma viagem de família.Mas eu não ia jogar a toalha tão fácil.Tirei todas as cartas da manga:chorei,fiz greve de silêncio,quebrei pratos,nada disso funcionou. A monstra se recusou a conversar,então ficamos só papai e eu naquele cabo de guerra.E como nunca fui muito boa em contrariá-lo acabei cedendo.

Fui dar a notícia para o pessoal da banda.Eric,nosso baterista maconheiro,só resmungou"PÔ,cara..." mas a Denise e Jed ficaram realmente bolados. "A gente ralou tanto...você ralou tanto", disse Jed,e meu coração se partiu quando vi a decepção estampada na cara dele.Era verdade:eu tinha ralado à beça para chegar até ali.Três anos antes,eu nem sabia a diferença entre um acorde de dó e um de fá,e agora lá estava eu,indo tocar nun festival importante-ou pelo menos achando que ia. A Clod teria que se apresentar no Indian Summer como um trio.Eu estava arrasada por não poder ir com eles,mas ao mesmo tempo achava fofo que o Jed tivesse ficado triste com a notícia.

Eu devia ter suspeitado de algo quando,na manhã de sexta-feira vi só papai colocando as malas no bostamóvel, a minivan medonha de cor de cocô que a monstra convencera a comprar depois do nascimento de Billy.Enquanto isso,nem sinal da megera e do bebê.

-Caraca,ela está sempre atrasada.isso é um tipo de controle,sabia?

-Muito obrigado pela sessão de terapia,Brit,mas sua mãe não vai com a gente.

-Ela não é minha mãe.Que história é essa?Você falou que era uma viagem em família,por isso fui obrigada a não tocar no festival.Então se eles não vão eu também não vou.

-É uma viagem de família,sim-confirmou papai,jogando minha bagagem no porta-malas-acontece que dois dias dentro de um carro é demais para o Billy.Eles vão de avião e encontram a gente lá


o que há de estranho em mimWhere stories live. Discover now