III.

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Após ter se mudado mais de uma vez, era de se esperar que Connor Franta tivesse mais noção de no que estava se metendo. Ele deveria ter previsto que seriam mais visitas a possíveis apartamentos, mais decoração de ambientes e mais noites em claro revendo todas as coisas que tinha juntado ao longo dos anos no apartamento novo e coisas do apartamento antigo das quais não tinha se desfeito em momento algum.

Porém ali, olhando para o quarto que tinha apenas sua enorme cama de casal, Connor percebeu que tinha tomado uma decisão meio certa. A questão do local tornava a decisão um pouco incerta demais par que o garoto conseguisse decidir se era aquilo que queria ou não.

- Quantas caixas você ainda tem no apartamento antigo? – a voz de Tyler chegou aos ouvidos de Connor vinda da entrada do novo apartamento seguida do barulho de algo sendo jogado com força contra a superfície de madeira da porta. Connor correu.

- O que você está fazendo? – ele perguntou ao ver o amigo chutando a porta repetidas vezes enquanto se recusava a largar a caixa que trazia. Connor andou até ele e fechou a porta.

- Responda a minha pergunta – Tyler colocou a caixa em cima da bancada da cozinha e começou a mexer nela, tirando de dentro alguns equipamentos de filmagem e distribuindo-os sobre a bancada para que a caixa pudesse ser reutilizada.

- Provavelmente só algumas outras coisas do meu closet e utensílios de cozinha – ele respondeu pensativo, sem saber se a informação era verdadeira.

- Você é um idiota – Tyler disse revirando os olhos e Connor fingiu não notar o sorrisinho nos lábios do amigo. – Por que você não pediu para o pessoal que trouxe os móveis para trazerem o resto?

- Porque eu quero rever aquelas coisas, me livrar de outras. É divertido.

- Sua ideia de diversão é muito diferente da minha, senhor Franta – Tyler disse e olhou em volta do que estava cada vez mais parecida com a sala de estar que ele tinha ajudado Connor a decorar.

Há dois dias eles estavam movendo as coisas de Connor para o novo lugar. Tyler nunca admitiria, mas era, de fato, divertido poder rever as coisas de Connor enquanto eles bebiam vinho no assoalho do apartamento vazio, rindo das fotos e dos itens que estavam enfiados no armário, esquecidos há algum tempo.

- Você acha que é uma boa ideia essa mudança? – Connor perguntou ficando sério de repente e Tyler suspirou aproximando-se do amigo.

- Honestamente, acho. Você não estava mais se identificando com o seu antigo lugar e você tem o tempo e o dinheiro necessário para morar onde bem entender – Tyler disse ajeitando os óculos antes de repousar as mãos nos ombros do amigo, que suspirou.

- Você entendeu – Connor disse coçando a cabeça e Tyler assentiu para que ele continuasse. – Eu sei que ele mora nesse bairro. Você tem certeza que não teria sido melhor eu mudar de cidade como tinha pensado? Quero dizer, aquele tempo que passamos com o Korey em São Francisco foi realmente divertido!

- Eu sei quem mora nesse bairro e não podia me importar menos – Tyler revirou os olhos, assumindo aquele tom amargo que sempre assumia quando ele entrava na conversa. – Mas você sabe que longe de mim não é uma opção, pensei que isso já estivesse claro!

Connor conseguiu sorrir diante da proteção exagerada de Tyler, mesmo após três anos desde a última conversa séria que Troye e Connor tinham tido – desde o término e todas as noites que Tyler passou com o amigo consolando-o pelo ex ter sido imaturo.

- Vamos, nós temos outras duas mil caixas para trazer – Tyler agarrou a mão do amigo e puxou-o porta afora enquanto o outro ria.

- Você dirige – Connor disse batendo com o ombro no de Tyler enquanto eles saiam da casa em direção ao carro do garoto estacionado do lado de fora. – Pega – ele jogou a chave e por centímetros ela caiu nas mãos do amigo.

- Meus reflexos são maravilhosos, isso é um milagre – ele disse e Connor jogou a cabeça para trás rindo da idiotice do amigo enquanto eles abriam as portas e entravam no carro.

Demorou menos de quinze minutos para que eles chegassem ao apartamento antigo do garoto, com as portas dos armários abertas e coisas cobrindo todas as superfícies imagináveis. Desde roupas até vasos das muitas plantas que Connor tinha matado ao longo dos anos – as que conseguiram sobreviver às viagens e à noção de que uma planta sobreviveria sem água por vinte e sete dias, já tinham sido levadas para o novo lugar.

- O que mais você quer rever? – Tyler jogou-se no carpete da sala e observou enquanto o amigo desapareceria para o quarto e retornava segundos depois com uma caixa que parecia transbordar.

- O passado – ele disse com um sorriso no rosto e um tom brincalhão que fez com que Tyler revirasse os olhos ao se apoiar com os braços para trás em uma posição mais confortável.

Assim que Connor retirou o primeiro dos itens daquela caixa de Pandora, Tyler sentou-se ereto novamente. Era um moletom de uma das primeiras turnês de Troye Sivan no mundo da fama. Quando seus shows mais pareciam recitais e não havia seguranças o separando da audiência.

- Por que você ainda tem isso? – o tom de Tyler revelava que eles tinham entrado em território que tinha se tornado proibido há três anos. – O que aconteceu com a regra de "passado fica no passado"?

- Primeiro: isso parece uma citação de Travelers – Connor disse tentando aliviar a tensão que, de repente, pairava sobre suas cabeças. – Segundo: se eu estou mexendo, é porque pretendo dar um destino a isso.

- Então essa é sua caixa de lembranças? – Tyler aproximou-se relutantemente da caixa, mexendo nos objetos com tamanha cautela que parecia que a caixa continha tarântulas.

- Não, essa é a caixa de coisas que eu ainda não joguei fora desde a última mudança – o garoto de olhos verdes suspirou pesadamente e começou a distribuir os diversos itens pelo carpete. – Há algum tempo minha vida não gira em torno de Troye Mellet.

- Você poderia vender essas coisas no ebay – a voz de Tyler pingava sarcasmo. – As fãs dele iriam amar.

- Você é uma vadia rancorosa – Connor observou enquanto retirava lentes de suas câmeras aposentadas da caixa. – É mais fácil eu separar isso e simplesmente entregar para um brechó.

- É, é, seja bonzinho – ele disse enquanto se levantava. – Se vamos fazer isso, eu preciso de, pelo menos, três taças de vinho.

A/N

Bom dia, seres humanos e não humanos! 

Era pra ter mais coisa nesse capítulo, mas eu percebi que eu podia querer com força e isso não aconteceria. Tem certas coisas que a gente simplesmente aceita e segue com a vida!

Tá mais curtinho, eu sei, mas dá uma noçãozinha da vidinha do menino Connor. Espero que eu consiga terminar o próximo logo e postar porque eu estou ansiosa pro final de 11 blocks. YAY!

Enfim, divirtam-se lendo. Votem, comentem, mostrem pros amigos, ainda dá tempo de eu apagar, basta dizer. Se pensam que algo pode ser melhorado, podem dizer. A fic é do mundo.

Até a próxima vida/capítulo,


Julia.

11 blocks | TronnorWhere stories live. Discover now