II.

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Era fim de tarde quando ele finalmente colocou sua chave na fechadura e empurrou a porta de casa. O cheiro de café tomou conta de seu nariz imediatamente e Troye jurou para si mesmo que aquilo que ele sentiu não foi uma pontinha de decepção ao ver que era Jacob atrás do balcão servindo duas canecas do líquido quente.

- Eu tenho uma sessão de fotos em dez minutos e eu estou muito bravo por isso – Jacob anunciou enquanto Troye largava o casaco em cima da mesa de jantar e contornava a bancada para se aproximar do outro garoto. Ele não pode evitar o riso que escapou pelos seus lábios ao abraçar o garoto de olhos castanhos que bebia o café com pressa ignorando completamente a temperatura da bebida.

- Não tem problema – Troye disse, pois ele sabia muito bem o motivo de Jacob estar bravo. Ele mesmo estava desapontado com aquele ensaio de última hora já que eles não tinham um tempo juntos há algumas semanas com todas as idas de Troye ao estúdio e os pequenos shows que ele andava fazendo para divulgar alguns singles novos e provocar os fãs, deixando-os ainda mais insanos.

- Muitos problemas, começando por eu não saber a hora em que estarei de volta – Jacob colocou os braços em volta do pescoço do mais baixo e dobrou o pescoço para roçar seus lábios. – Eu prometo recompensar.

- Eu sei que você vai – Troye fechou os olhos quase que automaticamente e encostou seus lábios nos de Jacob totalmente, suspirando de alívio ao sentir familiaridade após todas aquelas horas estressantes de pensamentos indesejados e apenas algumas frases do rascunho de uma música nova que, segundo Alex, era "material para um novo álbum". Troye mal conseguiu abraçar Jacob pela cintura antes dele se afastar com um beicinho.

- Mas agora eu realmente preciso ir – Jacob disse dando um último selinho nos lábios do namorado e correndo para pegar um casaco no quarto. – Não precisa me esperar acordado – seguido do barulho da porta fechando e sendo trancada pelo lado de fora.

Todas as pessoas respiram fundo antes de tomarem decisões, ainda mais quando ditas decisões são contraditórias e, possivelmente, não tão boas. Assim, Troye esperou alguns segundos parado no meio da cozinha, olhando em frente para nada em particular, até ter certeza de que Jacob não voltaria antes de respirar fundo e correr para o computador em cima da mesa de centro da sala. O computador mal tinha inicializado e Troye já clicava no ícone do navegador na área de trabalho, o coração batendo forte no peito por um motivo que ele reconhecia ser ridículo.

O navegador ganhou vida em frente aos seus olhos, abrindo no Google. Ele colocou as mãos no teclado antes de hesitar e abrir uma guia anônima, só por precaução. Novamente, o Google abriu-se diante dos seus olhos e ele revirou os olhos quando viu as palavras que seus dedos tinham colocado lá: endereço Connor Franta.

Quando se é famoso, há certos limites que você passa a desejar que sejam respeitados para o seu bem e das pessoas que convivem ao seu redor, para que você consiga, ao menos na sua cabeça, sentir alguma noção de normalidade, como se fãs não começassem a gritar pelo seu nome assim que te reconhecessem na fila do supermercado comprando pão fatiado para o café da manhã. O endereço era a mais importante delas, uma vez que a casa passava a se tornar sue único refúgio de paz, o lugar para o qual você podia voltar e ser o que quisesse ser. Troye sentia-se ridículo por estar ultrapassando limites que ele mesmo tinha imposto a si mesmo e aos seus fãs para o bom convívio e para o bem da sua saúde mental.

Assim que pressionou enter, milhares de resultados pipocaram em sua tela. Aproximadamente 344.000 resultados (0,39 segundos), segundo o que o site de busca dizia. No entanto, nada além de links direcionando para o twitter onde Connor tinha admitido sua frustração com mudanças e expressado sua incredulidade com a quantidade de coisas que possuía no guarda-roupa. Troye não pode deixar de sorrir, isso era a cara do garoto.

Por mais que quisesse – e muito – saber onde exatamente era o lugar que o ex-namorado estava morando, Troye sentiu-se aliviado ao perceber que a privacidade de Connor continuava firme, como ele sempre quisera que fosse.

...

- Próximo – a atendente do Starbucks chamou e a fila gigantesca em que Troye se encontrava moveu-se milimetricamente. Ele tinha certeza que chegaria atrasado e receberia um sermão de Alex, então era melhor levar um café extra como bandeira branca.

Naquela manhã, ele tinha acordado muito mais cedo do que o normal, se desvencilhado de Jacob, tomado um banho e saído de casa o mais rápido possível antes de precisar dar qualquer explicação que fosse para tamanha pressa desnecessária. Como ele explicaria ao namorado que estava se sentindo culpado e sujo por ter pesquisado qualquer notícia que fosse do paradeiro do ex-namorado na vizinhança? Era apenas comprar uma briga desnecessária, então ele pegou o carro e se dirigiu ao Starbucks de sempre para comprar qualquer coisa que fosse para matar a fome e mantê-lo acordado em mais uma sessão com Alex.

Somente quando entrou no Starbucks é que ele lembrou que ele costumava ir àquele mesmo café com Connor. Não era perto da antiga casa de Connor ou de qualquer outro lugar, mas era um lugar em que os fãs não pensariam que eles estariam e que tornava a localização ainda melhor na época. Agora, fazia com que um sentimento estranho tomasse conta do estômago de Troye. Isso só podia ser karma. Era estranho estar ali sozinho. Era estranho não ouvir a risada alta de Connor enquanto eles esperavam na fila para fazer o pedido e Troye fazia alguma piada idiota. Era estranho perceber que aquele local era familiar demais, desde suas janelas que davam para a rua ao quadro de pedidos escrito a mão e mudado diariamente.

Quando sua vez finalmente chegou, ele pediu duas bebidas de garota branca comum e um muffin de chocolate para a viagem e agradeceu mentalmente por não ser reconhecido. Pequenas vitórias do dia-a-dia.

Troye respirou fundo ao sentar-se atrás do volante depois de colocar os copos no console e prender o cinto de segurança. Ele chegaria atrasado ao estúdio, ele receberia um grande sermão de Alex, mas ali, sentado no banco do motorista, ele chegou à conclusão de que precisaria de, pelo menos, cinco voltas pelo bairro para que pudesse desligar a mente e tirar a risada de Connor Franta da cabeça.

Era a terceira volta quando Troye os viu. Saindo de uma casa branca de dois andares aos risos. Connor jogou a chave do carro – que provavelmente era seu, para Tyler que a pegou no ar e riu ainda mais antes de abrir a porta do motorista.

Aparentemente, Troye chegaria ainda mais atrasado do que achava humanamente possível após ter saído de casa com antecedência.

A/N

Boa noite, amores e amoras e qualquer gênero que você possa ou não se identificar!

Eu resolvi postar porque algumas das fics que eu gosto atualizaram e eu pensei: "por que não?"

Eu queria colocar uma música lá em cima e, como eu acho que não vou superar La La Land tão cedo, o Mia & Sebastian's theme foi a bola da vez.

Aproveitem o capítulo. Comentem, votem, critiquem, mandem o saudoso "apaga porque, sim, ainda dá tempo", mandem pros migos... sei lá, eu sou a louca das fanfics da gangue.


Beijos de luz,


Julia.

11 blocks | TronnorWhere stories live. Discover now