A Notícia Inesperada.

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Sigrid P.O.V.

- Atenção, povo de *Kvasir! - Grita nosso *Jarl, Harald, ao perceber que as pessoas dentro da *Skali que usávamos especialmente para reuniões, por ser uma das maiores de nosso vilarejo, estavam mais focadas em cochichar o que esperavam que iria acontecer com elas do que notar que o chefe delas estava em pé, esperando por atenção a meia hora. Típico.

Na mesma hora em que ele grita, todos em volta se calam para prestar atenção no que será falado. Eu só continuo encarando o copo feito de madeira e ferro com cerveja na minha frente, acreditando que não pode haver algo pior do que o anúncio de uma possível guerra que recebemos. Bem, eu espero que não.

- Como dito momentos antes, recebemos a notícia de que em breve poderemos ser atacados e- O grupo se manifesta, agora em vez de cochichos, eles praticamente gritam todo o seu medo e aflição em volta. Um homem afastado de nós grita em claro e alto som:

- O QUE SERÁ DE NÓS AGORA?!

Me levanto na hora, farta de tudo isso. O som que a minha cadeira faz, se arrastando pelo piso, chama a atenção das pessoas em volta, até do próprio Harald. Okay, isso aqui já perdeu a graça.

- "O que será de nós agora?" O que será de nós... agora?! - Rosno, ainda encarando o copo meio cheio de cerveja. Cravo minhas unhas na madeira escura da grande mesa -que usamos espacialmente para reuniões com o povo por ter mais espaço-, irritada. Respiro profundamente antes de me virar para o homem desconhecido, o encarando com o meu olhar mais ameaçador no rosto. - Você deveria perguntar o que devemos fazer agora! - Berro. - Nosso povo já vivenciou esse momento por muito tempo! Não é como se isso fosse novidade para nós! O que devemos fazer agora é a mesma coisa que nossos antepassados fizeram... Lutar! Lutar pelo nosso povo. Lutar por e pelo bem de nossos dragões! - O silêncio que não tinha antes começa a reinar na skali. Até meu tio, o ancião, intervir.

- Exatamente! Precisamos lutar pelo o que defendemos e não amarelar como você. - Brinca, arrancando algumas pequenas risadas. Puxo a cadeira de volta para mim e volto a me sentar, dando os últimos goles na minha cerveja para tentar acalmar minha cabeça. Quando a ideia de sair dali me atingiu, Harald volta a falar.

- Bem, em meio a isso, chegamos a uma ideia um pouco arriscada, mas dada as circunstâncias, pode ser uma ótima jogada contra novos possíveis inimigos e os atuais.

- E... qual seria? - Pergunta aflita uma das mulheres que acredito que seja uma das artesãs ou carpinteiras do vilarejo.

Harald acena com a cabeça na direção do meu tio, Olavo, que começa a contar o plano com o costumeiro tom de voz calmo de sempre.

- Durante uma longa reunião com os nossos guerreiros mais fortes, tivemos a ideia de enviar espiões para os vilarejos ou tribos que mais podem servir de ameaça para todos nós, em sua maioria, jovens. - Sua atenção se volta para o papel que está segurando na frente do seu rosto, quase o tapando.

Cada nome que ele chamava vinha acompanhado de seu "símbolo" que era uma espécie de dragão. Harald é um Deadly Nedder, meu tio é um Gronkle e o meu é o Pesadelo Monstruoso. Acho que criaram isso para facilitar a identificar a pessoa. Os que eram chamados sempre apresentavam duas reações diferentes: Orgulho, por ter sido escolhido pelo próprio Jarl para essa missão; ou tristeza, por ter que se separar de sua família.

- ... Hella, dragão Canção da Morte,  Ilha dos Isolados. - A mesma se levanta, visivelmente orgulhosa e satisfeita por ter sido escolhida para ir a um dos vilarejos mais perigosos. Alguns jovens já chamados ou estão no canto do salão comemorando com os outros selecionados ou estão com suas famílias, tristes por terem que partir e deixá-las. - E por fim, Sigrid, dragão Pesadelo Monstruoso, Ilha de Berk.

Ao fim do comunicado, algumas pessoas aplaudiram os escolhidos -me deram uns quinhentos tapinhas nas costas- e sairam da granja enquanto outras permaneceram, para falar com Harald. Eu permaneci sentada, olhando para meu copo vazio como se ele tivesse se transformado em um bicho de sete cabeças, ainda não acreditando no que ouvi. Não pode ser! Logo Berk?!

Foi exatamente isso que eu reclamei para Olavo e Harald quando finalmente os encontrei sozinhos.

- Por que não? - Questiona o Jarl. - Você é a pessoa que tem o melhor conhecimento sobre dragões que toda essa ilha conhece!

- E o que isso tem haver?!

- Tem haver que, com o seu conhecimento e carisma, você pode se infiltrar mais rápido entre essas pessoas e roubar informações valiosas. - Explica meu tio. No momento eu estava com os braços cruzados sob meu peito e uma expressão que mostrava exatamente a pouca carisma que eu estava sentindo no momento.

- Mas por que eu?! - Olavo levanta uma das sombrancelhas, no seu modo de dizer "quer que eu desenhe?". Bufo. - 'Tá bem! Entendi! Eu faço isso.

- De quiser, podemos perguntar se He-

- Não precisa! - Interrompo, já prevendo quem ele iria falar e me afastando dali antes que eu tenha que usar força bruta neles para me acalmar.

Acabou que um tronco de madeira e um machado bem afiado me aliviaram um pouco.

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*Kvasir: Foi um ser criado pelos deuses a partir da paz entre duas raças de deuses (aesir e vanir), que eram inimigas. Este, foi considerado tão sábio que não havia pergunta que não soubesse responder, ainda que sua principal virtude fosse a arte poética; A ilha tem esse nome em sua homenagem.

*Jarl: Chefe desta região.

*Skali: Casa longa.

Como Treinar Seu Dragão - Sobre As Asas do Destino.Where stories live. Discover now