Como Treinar Seu Dragão - Sobre As Asas do Destino.

Em meio ao caos.

   Para Sigrid, não existia nada mais libertador do que sentir a brisa do vento atravessando seu rosto, cabelos e seus trajes metálicos, que não tivera tempo de tirar no desespero de subir a longa e intensamente verde colina que a levava até uma das mais lindas vistas que já vira do oceano -iluminado pelo forte amarelo-alaranjado do sol- que banha sua ilha. Tudo o que ela mais queria era poder pensar -sozinha- sobre o que tinha acabado de presenciar. Parecia que em um piscar de olhos, seu -até então- firme solo iria desabar e formar um enorme buraco em que não pudesse mais sair.

   Observar as formações de ondas e suas colisões nas rochas abaixo de seus pés agora eram uma das únicas coisas que a acalmava, já que não tinha mais sua mãe, Helmi, morta graças a uma doença que nem as mais habilidosas curandeiras conseguiram curar. Geralmente, tudo que sua mãe fazia era abraçá-la e dizer que tudo estava bem, ou a levar para a montanha mais elevada da ilha e observarem juntas todo céu, fauna e flora a sua volta. O que era um dos motivos de sempre escapar para esses lugares: era o seu modo de continuar conectada a sua mãe.

   Ela balançou sua cabeça para os lados, como se as lembranças a rodeassem como uma mosca que ela quisesse afastar e focou sua atenção no seu problema atual: O anúncio de uma carta que declarava guerra contra seu povo. Claro, muitos ficaram surpresos com tal anúncio, mas a maioria ficou assustada por ter recebido a carta. Pelo simples motivo de que seu povo era praticamente um conto ou uma história "criada" para, em sua maioria mostrar o que não deve de modo algum ser.  Por ambos, Vikings e Dragões viverem em eterna paz... Por milênios ou até mais.

   Todas as histórias, por mais diferentes que sejam, sempre terminam com o massacre de bravos guerreiros, que lutaram para proteger suas famílias e seus superiores, e infelizmente morreram carbonizados ou mutilados pelas terríveis e afiadas garras dessas temerosas feras.

   Então, quando alguém descobre que esse povo de fato existe, é praticamente uma obrigação lutar para que isso continue sendo uma "lenda".

   Lentamente, Sigrid se levantou da pedra onde estava sentada, pegando seu arco, que estava apoiado na mesma pedra e ajeitando sua aljava no ombro, logo iniciando uma longa caminhada entre a floresta para voltar a sua vila.

   Tentando ao máximo se esquivar das pessoas que praticamente a atropelavam com tamanha urgência de tentar ir até a sala de reuniões, ela decidiu seguir por esse caminho também. O que tinha a perder? E, também estava curiosa com o motivo de tanta agitação. Era como um Déjà vu de momentos atrás. Decidiu ir pelo caminho mais longo, encarando os diversos répteis voadores acima de sua cabeça, voando entre as nuvens e até arriscando em voar um pouco mais baixo, sabendo que não existe perigo em se aproximar daqueles Vikings.

  E ela realmente esperava que pudesse continuar assim.