Capítulo 24 - Anjo sem asas

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-Bella? O que se passa aqui? – O Louis perguntou com os olhos cheios de lágrimas.

-Desculpa! – Foi a única coisa que consegui dizer.

-Diz-me só o motivo disto tudo! – Ele suplicou e o meu coração batia forte no meu peito, sentia uma mistura de vergonha com arrependimento, acho que não me podia sentir pior, um autêntico farrapo, velho e usado.

-Os problemas em casa… São maus, mais do que eu pensava.

-Nada justifica o que eu estou a ver! – O Louis falou com a voz firme o que me fez arrepiar.

Mesmo que ele não quisesse ouvir, eu ia falar, era o melhor que tinha a fazer depois de ter feito uma grande asneira.

-A tua prima... – Ele acenou com a cabeça para eu continuar. – Anda com o meu pai! – Falei um pouco a gaguejar, nem ele vai acreditar em mim, coloquei a cabeça entre as minhas pernas em sinal de vergonha.

-Isso não interessa, já sabes que nenhum deles presta! Tu nem gostas do teu pai, pelo menos o suficiente para te magoares a ti própria. – Ele finalmente ajoelhou-se do meu lado, alcançou o móvel e tirou uma toalha, voltou a levantar-se, molhou-a com um pouco de água quente. – Porque não falaste comigo antes de fazeres isto? – Ele sentou-se a minha frente, agarrou nos meus pulsos e limpou o sangue existente neles.

-Porque descobri há muito pouco tempo… E quando eu comecei a suspeitar de algo eu comentei contigo e com o Josh e nenhum dos dois me deu a merecida atenção em relação ao tema, por isso achei que não era importante, a Jacinta ajudou-me e descobrimos que eles andam enrolados, não sabemos o motivo nem nada, mas é verdade.

-Temos que ver isso melhor pode ser outra coisa qualquer! – Ele falou com dúvidas nas próprias palavras.

-Tipo quê? Não há mais nenhuma explicação possível. – Ele agarrou-me pelos cotovelos e colocou-me de pé.

-Há sempre uma solução para tudo!

-Menos para a morte! – Falei pensativa.

-Para a física, ou seja não te vou deixar morrer psicologicamente! – Eu às vezes pergunto-me de onde é que eu fui desencantar o Louis… Sempre tão afirmativo, realista, até demais; sensual, bonito, com um sorriso perfeito… Será que ele não fugiu de um daqueles filmes de princesas em que tudo acaba sempre bem?! – Anda para o quarto, precisas de vestir roupas limpas! – Ele fala ao fim de algum tempo em silêncio.

Chegamos ao quarto dele, vesti umas roupas dele com a sua ajuda, senti-me uma criança que não tem capacidades nem para ficar sozinha em casa que acaba por fazer alguma coisa má, é triste sentir-me assim, faz-me pensar que ele só está comigo por pena ou por caridade.

Já sentados na cama, ao fim de longos minutos em silencio o Louis tira do bolso a lâmina com que me cortei, pega na minha mão deixando a palma virada para cima e deixa o pedaço de metal cortante na minha mão.

-Corta! – Ele estica um dos seus pulsos para junto de mim.

-Estás parvo Louis? – Falei sério e incrédula.

-Corta! Eu quero saber o que tu sentes! – Ele arregalou os olhos.

-Não sou capaz! Eu não te quero magoar e já o fiz…

-Bella!

-Não! – Quase que gritei ao fim de ele puxar a minha mão que segurava a lamina para pulso dele.

-Por favor!

-Nem penses, eu não te vou cortar, nem tu te vais cortar… Foi uma grande estupidez. Desculpa! Acho que te magoei mais a ti do que a mim com todo isto.

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