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"Anna?"

"Sim?" 

"É sábado. Não vais fazer outra coisa que não seja arrumar, limpar e organizar? Estás a assustar-me."

Esta é a primeira pergunta que o Niall me faz hoje. Ele viu as feridas nos braços, comentou o facto de que deixei a festa cedo, percebeu que não estou bem mas não fez questões.

Nem sequer quando lhe pedi que dissesse ao Harry que eu não estava quando passou por cá esta manhã.

"A Anna saiu de manhã cedo." Ouço-o escondida atrás da porta da casa de banho. "Foi fazer umas compras."

"Onde?" A sua voz é tensa.

"Não sei exatamente onde... Não perguntei. Porque é que tens a cara nesse estado?"

"Não importa. Podes avisar-me assim que ela chegar?"

"Claro."

Não tenho a menor ideia de porque me escondi mas voltei a fazê-lo quando, poucas horas depois, o William também apareceu por cá.

"William." Estou prestes a sair do quarto quando a voz do Niall funciona como um alerta. "O que é que te aconteceu à cara?"

"É melhor nem perguntares. A Anna está aqui? Preciso conversar com ela."

"Não. Tinha coisas combinadas com os irmãos. Saiu cedo e não sei quando volta."

"Ok." Murmura suspirando. "Podes avisar-me quando chegar? É urgente."

"Com certeza." Afirma quase automaticamente.

"Obrigado."

"Não tens de quê."

Passaram-se horas, figurativamente ainda não cheguei e ele não parece estar preocupado por não cumprir a promessa de avisa-los.

Porque me escondi? Não faço menor ideia. Porque continuo escondida como se tivesse cometido um crime? Não cometi mas sinto que o fiz.

Se não tivesse seguido o William, nada disto teria acontecido. No entanto, não imaginei que iria tentar beijar-me.

Ele teve sorte por não ter-lhe dado um murro na cara.

Estou nervosa e graças a isso, limpei todo o apartamento, inclusive o quarto do Niall.

Estava uma confusão.  

"Não precisas ficar assustado. Estou só a arrumar."

"Não devias aproveitar este tempo livre para terminar os trabalhos—"

"Já tratei disso também." Entre as quatro e as oito da manhã, enquanto o meu cérebro estava tão cansado que não era capaz de pensar em mais nada. 

"Ok. Então, continua. Se é o que queres estar a fazer."

Ambos estão vivos e vieram até aqui pelo próprio pé. Isso são boas noticias, acho.

Estava tão preocupada que não consegui dormir. Pensei genuinamente que ia receber uma chamada a dizer que o meu namorado estava no hospital depois de ele e o irmão terem tentado matar-se um ao outro. 

Não estou pronta para encarar nenhum deles. Não importa o quão intoxicado o William estava, não tinha o direito de me beijar e também não importa o quão furioso o Harry estava, deixou a situação ir longe demais. 

Eu sei que odeia o William, não posso imaginar o que sentiu quando o viu beijar-me, sei que o incomodou e não posso culpa-lo por isso mas também não posso justificar o seu comportamento. 

𝐶ℎ𝑎𝑠𝑖𝑛𝑔 𝐻𝑎𝑟𝑑𝑒𝑟 Onde as histórias ganham vida. Descobre agora