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-Nivlek!!! Atire!!!

-Aaron?!

-AARRGGGHHH!!! Rápido, pelo amor de Deus!

-E...eu não posso!

Nivlek sentia seus braços inertes, como se uma força os segurasse no lugar.

-HGGGHHH!!! Nivlek!!!

-Não consigo!

-HGGGGGGGRRRRRR...

-Aaron...

Uma pata enorme joga Nivlek no chão. Um Clone gigantesco baba em seu focinho fino.

-Aaron! Acorda Aaron, por favor! Sou eu!

Dentes na garganta.

-AARON!!!!

Nivlek acorda assustado de seu merecido cochilo. Ofegante olha para si e se vê com a mão no pescoço, como se temesse ver um ferimento ali. Ainda estava peludo. Veio uma sensação ruim, mas aí lembrou que ele veio daquele jeito para o complexo com Lobì.

-Aaron...- A lembrança o fez ter lágrimas nos olhos. O peso no coração veio com tudo de novo. -Me perdoe...

Nivlek desce da cama e entra no minúsculo banheiro. Havia uma toalha limpa no gancho da parede. Ligou o chuveiro. Deixou a água quente cair no pescoço e escorrer pelo corpo, mas estava diferente. Não era mais o reconforto acolhedor da água quente que sentia antes. Desligou a temperatura e se deixou ficar em baixo da água fria. 

-Tô ficando parecido com o Lobì...- Sua mente começou a divagar enquanto passava a mão pela sua pelagem, como fazia na cachoeira. -Será que isso é bom sinal?

Desligou o chuveiro e sacudiu a água de seu corpo. Ao olhar para a porta, a vê encharcada. O banheiro todo estava pingando água. Nivlek esqueceu que o banheiro é pequeno.

-Ah, que ótimo...- disse arrancando a toalha exasperado da parede. Ao sair do banheiro, secando-se na toalha, Nivlek veste uma camiseta branca. Era estranho passar tanto tempo peludo e depois vestir uma roupa, pela primeira vez sentiu o peso que o tecido tinha. Parecia aquecer e cravar seus pés no chão cada vez mais. Lutou contra a vontade de tirar tudo de novo.

Depois de estar arrumado, Nivlek vai até o elevador e aperta o botão do convés principal. No meio do caminho, O elevador pára e Lobì entra, trajando uma camiseta branca e uma calça de ripstop camuflado. Mas estava descalço, o que deixava a roupa parecendo levemente um pijama.

-E aí (bocejo) Maninho.- Lobì o cumprimenta com uma continência meio preguiçosa.

-E aí, Lobì! Dormiu bem?

-Nem um pouco. E se não fosse por esse jantar eu estaria na cabine sem essa armadura de chumbo que chamam de roupa...

-Ufa, eu não tô louco.- Nivlek suspira aliviado. Ambos riram. -Também dormi muito mal e tô passando mal nessa roupa...

-Sonhou com Aaron, não foi?

-Foi...- disse visivelmente melancólico. -Lobì, quando vamos começar o treinamento?

-Amanhã de manhã. É bom que podemos fazer um tour pelo complexo. E não se preocupe. Foi muito recente, você ainda vai sonhar com ele várias vezes ainda.

-Você já teve isso antes?

-Tenho todos os dias. Quando não tenho, até sinto falta. De certo modo, assim consigo matar a saudade deles...

A porta de trás deles se abre dando vista a uma parte ampla do convés. Enquanto se dirigiam ao deck de observação da Ponte Estibordo, centenas de oficiais fardados e recrutas corriam de um lado a outro no complexo fazendo seus afazeres. Outros oficiais estavam olhando o mar, como se fosse um cruzeiro de luxo. Lobì constatou que eles estavam de folga ou que havia rodízio de serviço no complexo.

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