─ Relaxa, eu usei um e-mail falso.

─ Acho que o fato de ter usado um e-mail falso torna tudo ainda pior, mais errado.

─ A única coisa errada no meio disso tudo é o fato do Marshall ainda estar respirando. ─ Com um movimento rápido ela passou para o vídeo seguinte e riu ao ver a cara da Emily Dawson na tela. ─ Como alguém tão divino quanto o Mac pode ter saído do mesmo útero que isso?

─ Eu sai do mesmo útero que o Liam, não foi? Compartilhamos os mesmos genes e ainda assim somos completamente diferentes.

─ Não acho que sejam tão diferentes assim.

─ É claro que somos. ─ rebati. Como era possível que ela não visse as diferenças?

─ Se você diz.

Para, ainda não, eu preciso escolher o ângulo certo antes. Emily Dawson dizia enquanto ensaiava caras e bocas frente à câmera. Hello, Madison' s! Hello, mundo! Eu sou a Emily Dawson.

E eu sou o Arran Marshall. Sim, vocês são pessoas muito sortudas, e pelos próximos cinco minutos poderão se deliciar com a visão do Paraíso, a pessoa mais bonita e popular do instituto. ─ Emily jogou o cabelo para o lado e deu uma risadinha. ─ Eu mesmo.

Lilian revirou os olhos e enfiou o dedo na boca, como se estivesse prestes a vomitar, ao passo que Arran Marshall ria e Emily Dawson se esforçava para manter a pose.

─ Puta merda! Outro vídeo? ─ meu coração disparou ao ribombar da voz do Oli, ele tinha acabado de entrar no quarto, suas sobrancelhas estavam unidas, parecia realmente péssimo, se esgueirando para fora do ângulo da câmera. Atentei para a roupa que ele vestia, a mesma camisa branca com mangas azuis que usara no nosso último encontro, quando me disse que eu não precisava mandar o vídeo. A calça também era a mesma, escura e com caimento perfeito.

Eu ainda estava esperando um pedido de desculpas do Oli.

─ Ai, meu Deus, o que você viu nele mesmo? ─ Lilian motejou com uma risadinha, me desconcentrando. ─ Não é por nada, mas seu quase beijo realmente parece uma lagartixa albina.

─ Como pode dizer isso? Ele é a coisa mais encantadoramente linda que algum dia já existiu. Olha direito.

─ Sua mãe deve ter posto cogumelos alucinógenos na sua comida quando era criança e as substancias afetaram seu cérebro. Ele é tipo um palito loiro com pele pálida e nariz sardento.

Preferi não debater. Poderia passar o resto da tarde apontando os milhares de detalhes que faziam do Oli uma espécie de anjo entre os mortais e, ainda assim, não a convenceria, sua opinião estava formada.

Como se as palavras de Lilian tivessem-na invocado, a mamãe entrou no quarto com uma bandeja nas mãos e um sorriso no rosto.

─ Eu trouxe um lanche. ─ disse, ao deixar a comida sobre a escrivaninha, parecia ainda mais cansada que o normal. ─ Vejo que estão se divertindo.

Lilian olhou de mim para ela e abriu um sorriso arteiro.

─ Me responde uma coisa, Sra. Beene. ─ pediu, se aproximando da mamãe com o notebook em mãos. ─ A senhora diria que essa pessoa é a coisa mais encantadoramente linda que algum dia já existiu?

A mamãe encarou a tela e deixei meus ombros caírem em desalento, respirando fundo. Por mais tempo que o necessário ela encarou a imagem pausada e, antes de dar seu veredito, abriu um sorriso preguiçoso.

Viola e Rigel - Opostos 1Where stories live. Discover now