Parte 11

6K 902 952
                                    


Nunca, nem em meus maiores e mais loucos devaneios, eu imaginei que ganharia uma casa de presente. Também nunca pensei que me casaria com o Capitão da Guarda Real ou que o amaria tanto. Tudo o que eu sempre quis foi viver uma vida boa e tranquila, vendendo minhas flores e cuidado de meu jardim. Só que hoje tenho muito mais do que isso.

O Capitão passa os braços ao redor de minha cintura e me abraça por trás, descansando o queixo em minha clavícula. Sinto seu coração bater e o calor de sua pele e, juntos, vemos outro pôr-do-sol no jardim de nossa pequena casa no meio do bosque. Os últimos dias têm sido os melhores da minha vida, porque finalmente me sinto plenamente feliz com ele ao meu lado. Todas as preocupações e problemas parecem não conseguir nos alcançar aqui, como se estivéssemos em um mundo particular que pertence somente a nós dois.

- Está vendo aquelas montanhas? - Capitão sussurra contra minha pele, apontando com uma das mãos para montanhas distantes no horizonte, quase completamente cobertas pela névoa.

- Sim - eu digo.

- Existe uma lenda que diz que é lá que as almas daqueles que amamos vão descansar e que eles sempre cuidam de nós de lá, à distância. Eles nunca deixam de nos amar. Nunca nos abandonam.

- Mesmo? - olho para as montanhas com mais interesse. - Mas é tão longe...

- Esse é um detalhe muito importante - ele assente, fazendo com que algumas mechas de seu cabelo negro caiam sobre os olhos azuis. - Um amor que ultrapassa qualquer distância e até mesmo o passar do tempo é tão...

Inclino a cabeça para olhar para ele.

- Você acredita em um amor assim? - pergunto.

Ele sorri e desvia o olhar para o horizonte.

- Minha avó costumava me contar essa história. Acho que tem um significado bonito.

Beijo seu pescoço.

- Isso quer dizer que seu amor por mim é eterno? - brinco, dando risada.

- O meu? - ele me vira e fica de frente para mim, rindo também. - E quanto ao seu? Que garantia tenho de que sua alma vai cuidar de mim pela eternidade?

- Você não tem - cutuco seu abdômen.

Capitão DeVil morde o lábio e me toma nos braços, me jogando por cima de um de seus ombros. Ele me faz cócegas e nós rimos até ficarmos sem fôlego enquanto voltamos para dentro da casa. Acho que estamos tão apaixonados que qualquer coisa é motivo para rir descontroladamente desse jeito.

E passamos nossos primeiros dias de casados assim, na companhia exclusiva um do outro como se fôssemos as únicas pessoas na Terra.

Até um mensageiro chegar certa tarde.

Estou terminando de arrumar as flores no vaso da varanda da frente quando ouço o som de cascos de cavalo se aproximando. Vejo, entre as árvores, um homem de preto se aproximar carregando um bornal azul. Ele me vê e pergunta se sou a esposa do Capitão DeVil. Quando digo que sim, ele me entrega um envelope e pede que eu dê ao meu marido. Então vai embora sem dizer mais nada.

Entrego ao Capitão durante o jantar e o vejo ficar consternado ao ler o conteúdo da carta. Não são boas notícias, mas ele ignora. Amassa a carta e joga fora.

- Querem que eu volte - é tudo o que ele me diz.

Nossa rotina de recém-casados segue normalmente durante mais alguns dias, até que o mensageiro retorna com outra carta e novamente meu marido fica incomodado. Tenho quase certeza de que seus pais estão pressionando para que volte ao seu posto de Capitão da Guarda Real. Minha sogra me pareceu gananciosa o suficiente para exigir isso dele - e ainda deu aquela desculpa de que era para a proteção do filho.

Cruel: uma volta no tempo (spin-off)Where stories live. Discover now