Capítulo 22 - Antes

Mulai dari awal
                                    

-Ah, entendo- Lauren passou a mão atrás do meu encosto de cabeça e deu ré para arrancar com o jipe- bem, se achar que talvez possa dispensar El Presidente apenas esta noite, vamos tocar na Prime Meridian mais tarde. Deveria ir nos ver, conhecer todo mundo.

Todo mundo.

Nas noites que passávamos de brincadeira no restaurante ou juntas na varanda dos pais dela, era fácil esquecer que Lauren tinha uma vida inteira da qual eu não tinha acesso- que ela andava com amigos que nunca vi, que tocava música que nunca ouvi. Não gostava de pensar sobre onde ela estava quando não atendia o celular, nos fins de semana que passei com Nina ou sozinha fazendo coisas normais, típicas da vida de uma aluna do ensino médio. Aquilo me deixava nervosa. Eu me sentia estranha.

-É- sorri e afastei a ansiedade pesada que já sentia se formar no fundo do estômago- sabe, é meio que um saco entrar em Cuba mesmo, então...

-Ah é, só a alfandega- Lauren riu, parou o carro diante da minha casa e puxou algumas mechas que tinham caído do meu rabo de cavalo- busco você as nove da noite.

A Prime Meridian não era legal. No meio de uma loja de animais e um restaurante chinês de aparência duvidosa em uma galeria aberta em uma saída da rodovia, a boate era longa e estreita e exibia um minúsculo palco nos fundos, uma plataforma erguida trinta centímetros ou mais do chão. O bar estava coberto de pisca-pisca multicoloridos e sob os cuidados de um cara mal-encarado que, com toda a sinceridade, deveria ter uns dois metros e dez. o lugar cheirava a cerveja e cigarros, pessoas demais em um espaço pequeno demais.

Eu tinha ido lá com Dinah uma vez, bem no início do ensino médio, nós duas com maquiagem demais e usando os jeans mais apertados. Olhamos uma vez para dentro e saímos correndo para a segurança fluorescente da saideira na Panera Bread, mas imaginei que ela deveria ter voltado algum dia, mais provavelmente com a garota que, no momento, me guiava pela multidão com uma das mãos na minha lombar. A idéia me fez sentir triste e enjoada, do mesmo modo que me sentia quando pensava em Dinah e Lauren.

-Preciso me preparar- disse Lauren por cima do tagarelar da multidão, depois de me deixar no canto do bar- vai ficar bem sozinha? Mike disse que manteria você longe de problemas.

Mike, o barman gigante, assentiu, ranzinza, em minha direção. Balancei um pouco a cabeça, suando: estava quente como um forno dentro da Prime Meridian.

-É, vou ficar bem. Não se preocupe.

-Que bom- ela pegou minha mão e apertou uma vez, e então se foi- grite bem alto.

Lauren me deixou e seguiu para o palco, onde dois caras já estavam montando uma bateria, conectando um amplificador. Observei o grupo por um tempo, até que o baterista- o próprio Animal, provavelmente- me viu e cutucou Lauren. Ele disse algo, mas não consegui entender o que foi.

Tentei ficar confortável no banquinho, não encarar ninguém, parecer que pertencia ao lugar. Queria ter um caderno. E uma caneta. Uma garota escrevendo em um bar devia ser esquisito, mais não tão esquisito quanto uma garota apenas sentada ali, sozinha e suada, sem nenhum lugar para onde olhar à vontade. Queria ter chamado Nina para ir junto.

-Quer alguma coisa? - perguntou Mike, inclinando-se sobre o bar para eu poder ouvir.

Concordei.

-Só uma coca. Com muito gelo.

Ele ergueu a sobrancelha para mim.

-Só isso?

-Só.

-Boa garota.

Dei de ombros. Essa sou eu, quis dizer a ele. Camila Cabello, sempre a boa garota. Deveria ter mandado fazer cartões de visita.

Duas Vezes AmorTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang