Capítulo 8 - Padrão

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      De súbito, meu corpo arqueou bruscamente para a frente. Senti a garganta queimar, enquanto uma quantidade absurda de água era eliminada de meu organismo. Tossi por longos segundos, tentando me desvencilhar do líquido que ainda preenchia meu pulmões, antes imersos na água da piscina.

  —  Nossa, que bom que acordou. Estava muito preocupado —disse uma voz masculina ao meu lado.

      Foi então que percebi as mãos grossas posicionadas no meu abdômen e em minhas costas. Ao me virar para a direita, deparei-me com uma rapaz pálido e sorridente, os olhos acinzentados brilhando de felicidade, os fios negros úmidos colados na testa. Sua aparência era encantadora e angelical.

     Antes que pudesse falar alguma coisa, senti mais um jato de água subindo por minha faringe. Expeli-a e me dirigi ao homem a meu lado.

  — Quem é você?

  — Sou André... Está se sentindo melhor?

  — Como conseguiu me salvar? — quase ignorei a pergunta dele —E sim, acho que estou bem.

  — Estava caminhando para sair da piscina, quando senti alguém se agarrar a minhas pernas. Percebi que estava mole e inerte, por isso a puxei para fora da piscina. Foi difícil, já que estava com isso preso em você —ele apontou para minha perna.

      Lá estava o peso metálico, ainda preso a meu tornozelo. Feridas eram perceptíveis no local, uma vez que o metal, por vezes, cravou em minha pele durante a tentativa falha de submergir. Um cordão escarlate, formado com meu sangue, agora decorava meu tornozelo magro.

  — Sabe, eu também estou aqui e ajudei — falou uma voz grave vinda do lado esquerdo.

  — Não quis tirar seu prestígio, Fernando — André sorriu, mostrando dentes brancos e iluminados.

      Fernando era um homem musculoso e negro, alto e com um cabelo black power muito estiloso. Estava ajoelhado a minha esquerda e me estudava com atenção.

  — Obrigada aos dois. Eu provavelmente estaria morta uma hora dessas.

  — Não foi nada —falou André —Só me pergunto quem teria coragem de fazer uma brincadeira de mau gosto como essa. Se não tivéssemos prestado atenção, as consequências teriam sido muito graves. Ninguém estava atento a nada. Só estavam dançando como uns loucos — ele deu uma risada.

Espere aí... Fernando e André? Não são os amigos que Dante me pediu para chamar?

  — Dante —o nome dele saiu dos meus lábios como um chamado.

  — Como disse? —perguntou Fernando.

  — Dante... Eu preciso falar com o Dante.

      Somente ele iria entender o que estava se passando. Aquilo não era uma brincadeira feita por alguém. Era uma tentativa de assassinato por um sujeito chamado "F".

      André arqueou as sobrancelhas.

  — Por acaso, você e o Dante...

  — O quê? —corei ao compreender o que ele estava insinuando —Não, não, não, de jeito nenhum. Dante é meu cunhado.

  — Ah, você é a irmã de Esther —André suspirou, parecendo aliviado —Fernando, vá chamar Dante, por favor. Ele deve estar na sala de pôquer no segundo andar — o rapaz de cabelos negros colocou para trás alguns fios castanhos que pendiam no meu rosto —Vou ficar com ela, por enquanto.

  — Certo — disse o rapaz negro, retirando-se do local.

      Por falar no local onde eu estava, atentei para a cadeira de repouso em queestava sentada. Ali era a área próxima à piscina na qualmuitos paravam a fim de se bronzear. No entanto, como o Sol não mais despontava no horizonte, poucas pessoas estavam relaxando por lá.

EscarlateWhere stories live. Discover now