Chegar em casa e a encontrar vazia era muito ruim, pois apesar de gostar de ficar sozinha, era sempre bom saber que a minha mãe estava lá a minha espera.
Jéssica demorou a chegar, mas o tempo que gastou se preparando para o evento da noite foi muito bem usado, pois ela estava linda. Havia cortado o cabelo bem curto num visual moderno. Parecia até uma modelo recém-saída da capa de uma revista de moda. Eu fiquei ali a olhando e imaginando como Talis reagiria ao conhecê-la.
Será que a acharia mais bonita que eu?
Tive medo que quando ele a conhecesse ficasse tão encantado que se esquecesse da minha existência, pois levando em conta que eu era apenas uma nerd sem curvas, não seria de admirar se isso acontecesse.
– O que você achou Di? Acha que vou consegui impressioná-lo? – disse Jéssica, me despertando dos meus pensamentos.
– Com certeza! – E eu não estava mentindo, eu realmente achava.
– Não vejo à hora de me encontrar com ele! Estou sonhado com esse dia há semanas!
– Jhell como você se apaixonou por ele? – perguntei querendo conhecer os detalhes do elo que os unia.
– Sabe a festa que o Fernando deu na casa dele mês passado? Então o Talis foi convidado para tocar lá com a banda dele e assim que o vi subir no palco eu perdi o fôlego – disse se abanando com as mãos. – Meu namoro com o Fernando já estava no fim e pra completar ele encheu a cara na festa e tentou me agarrar a força, mas o Talis desceu do palco e me protegeu. Mesmo sendo expulso da festa, ele não se intimidou e gritou com o Fernando dizendo que aquela não era a forma certa de se tratar uma mulher. – Ela se debruçou na janela. – Ele foi incrível naquela noite e desde então eu não consigo parar de pensar nele.
Ouvi-la falar sobre o quanto ele era gentil e protetor me fez sorrir. Talvez tivesse sido efeito das lembranças que as palavras dela me acometeram. Consegui voltar ao nosso encontro e reviver todas as suas gentilezas. Não havia como discordar. Ele tinha mesmo esse poder.
– No que você está pensando Di?
– Em nada! Só estou ansiosa para mais tarde. – E ela nem imaginava o quanto.
– Eu te entendo, também estou muito ansiosa, mas como penso em tudo... trouxe um filme pra gente assistir e se distrair!
– Qual filme? – Eu esperava que não fosse um romance.
– Tristão e Isolda! Você vai gostar!
Como eu poderia ter raiva dela?
Ou pensar em magoá-la?
Ela sempre esteve ao meu lado. Foi à única amiga que não me abandonou e que não me rotulou como louca por gostar tanto de música. Ela sempre tentava me animar quando eu não estava bem e eu tinha que me comportar a altura.
Colocamos o filme, mas para minha infelicidade ele era sobre um amor proibido. Me identifiquei muito com Tristão, porque assim como ele eu não podia querer competir com alguém que eu tanto amava. E apesar de ficar com Talis não ser o suficiente para causar uma guerra, trair Jéssica dessa forma seria imperdoável!
Pelo menos pude chorar sem ter que explicar o motivo. E ela tinha razão, pois o filme era realmente lindo e foi uma pena ele não ter alcançado seu real objetivo que era me distrair. Na verdade só me fez pensar ainda mais nele.
Assim que terminamos de ver o filme, Jéssica me abraçou forte com os olhos encharcados.
– Você acha que algum dia, vamos viver um amor tão bonito assim?
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Sempre Vai Haver Uma Canção
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