Capítulo 1 - Abstrata

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Quando a música fala por você em silêncio... E seu maior inimigo é se dar ao luxo de Sentir...

Nunca acreditei no amor, nunca imaginei que um dia pudesse me apaixonar

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Nunca acreditei no amor, nunca imaginei que um dia pudesse me apaixonar. Sempre achei que essas coisas eram meras histórias de novelas ou apenas invenções de autores em decadência e na verdade eu nem precisei ir muito longe para tirar essas conclusões, pois as pessoas que faziam parte da minha vida só comprovavam que eu realmente estava certa.

Meus pais, por exemplo, nunca formaram um casal feliz e o motivo principal desta realidade eram as atitudes do meu pai, que apesar de ser um advogado renomado e de ter dado á nossa família uma vida confortável, estava sempre ausente. Era um homem ríspido e ignorante, que não abria mão de controlar nossas vidas, não deixando minha mãe trabalhar e nem que eu escolhesse a faculdade em que eu queria estudar.

Não me lembrava de ter visto nem por uma única vez demonstrações de afeto entre meus pais. Eles pareciam ser tão infelizes que me fizeram acreditar que não valia à pena se apaixonar, já que o amor não existia.

E isso não refletiu apenas na minha relação com o sexo oposto, pois o meu jeito esquisito também diminuía a probabilidade de fazer amigos. E se não fosse o fato da minha mãe ter escolhido contratar uma empregada que tinha uma filha da minha idade, talvez eu tivesse crescido ainda mais sozinha e triste. Jéssica foi por anos minha única amiga e mesmo depois de sua mãe ter deixado o emprego, ela não me abandonou, provando que apesar das nossas personalidades distintas, ela aceitava meu jeito abstrato de ser.

Nós sempre estudamos juntas, pois minha mãe fazia questão que tivéssemos a mesma educação. E talvez por isso tenha sofrido tanto quando nos formamos no ensino médio e ela teve que ir para outra faculdade. Eu teria a acompanhado se não fosse o fato de ter tido que implorar para que o meu pai me deixasse fazer História ao invés de Direito como ele tanto sonhava, mas aquela rara conquista teve seus efeitos colaterais e o maior deles foi ter que estudar perto de casa no renomado Instituto Paulina Aluotto e me separar da minha única amiga.

Jéssica tinha conseguido uma bolsa integral para fazer educação física na Mabe Duarte. Ela havia tirado uma nota invejável no Enem, para o orgulho da sua mãe, e apesar da falta que eu sabia que iria sentir dela, também me orgulhava dessa sua conquista. E mesmo estudando em outra cidade, na prática as coisas não tinham mudado tanto quanto imaginei, pois ainda tinha que ouvi-la todos os dias falando de suas paixonites. O que continuou tão frequente quanto antes, pois diferente de mim, Jéssica se apaixonava até pelas folhas que caíam, e para completar sua paixão mais recente, era um garoto que fazia o mesmo curso que eu e apesar de não conhecê-lo ainda, já havia decorado todos os detalhes de sua aparência. Desde seus incríveis olhos azuis, até seu lindo cabelo preto, mas mesmo com toda a beleza que ela me descrevia, eu já imaginava que ele seria tão fútil como os outros, pois todos os amores dela nunca fugiram desse padrão.

Jéssica, como sempre havia chegado bem cedo à minha casa e diferente das pessoas normais que me dariam bom dia, ela tentou me arrancar da cama.

– Diana, você já está estudando no Paulina Aluotto á três dias e tem a coragem de me dizer que ainda não o conheceu? Poxa, Di! Eu estou muito ansiosa para que você o conheça logo e possa me ajudar! – disse ela, com um tipo de animação que me assustava.

Sempre Vai Haver Uma CançãoWhere stories live. Discover now