Capítulo Dez - Filha de Avaritia

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Acorde, Damiel. – Uma agradável e doce voz ecoou nos bueiros da mente de Dam, como o canto daqueles que caminham despreocupados em direção ao horizonte sem fim. Meu sétimo e amado filho, por favor, desperte. – A melodia perpetuava, embora tivesse bruscamente se transformado em quase um mero zunido. Ela precisa de você.

Ela precisa de você. Essas quatro palavras preencheram completamente os pensamentos do rapaz, como um insaciável eco, levando-o até uma imagem criada pela sua própria consciência. Sunsea, ele sussurrou ao distinguir a figura ilusória que surgia em sua cabeça. Ao mesmo tempo, tentou vagamente lembrar-se do que havia acontecido e, buscando entre os rastros deixados pela memória, desejou saber onde estava a garota que estranhamente fazia-o sentir o coração acelerar.

Entretanto, o desagradável odor de sangue juntamente a mofo invadiu as narinas do jovem, obrigando-o a abrir os olhos e a deixar para trás os complexos devaneios. Um pano fino que cheirava a poeira e a madeira molhada cobria o rosto de Damiel, feito um capuz, fazendo com que as gotículas de sua respiração chocassem-se violentamente contra a malha do tecido. E, com o olhar aprisionado na escuridão e os pulsos deveras amarrados por ríspidas amarras, Dam sentiu os seus pés serem deslizados meio que sem jeito por um chão notoriamente úmido, asqueroso e precário.

Ele podia ouvir mais passos ao seu lado, assim, suspeitou que alguns devessem pertencer aos soldados, bem como aos outros prisioneiros. Prisioneiros, era isso que haviam se tornado. Damiel não conseguia compreender com exatidão o motivo de tanta ira nas pessoas e nem o motivo de Cadent ter se tornado um trágico cenário de guerra, mas, por um breve segundo, sentiu pena. Sentiu pena porque acidentalmente percebeu que todas as pessoas, no final, eram prisioneiras. Escravas da submissão e da verdade, presas a correntes moldadas pelos próprios desejos superficiais e medos corrosivos.

Medo. Dam não era capaz de ser muito diferente de todos. Não era capaz de fingir que não estava sentindo uma camada de suor frio abraçá-lo, como também uma pontada de ansiedade que acendia em seu peito feito um fogo silencioso. Porém, seu maior receio era para com os outros, com Sunsea, Rudá, Esther e até mesmo com o moribundo Casca-Feia e a provável maluca Jassana. Não conseguia acreditar que o que era para ser uma simples e rápida fuga, por fim, tornara-se um conflito gigantesco. Aparentemente, a nobreza considera uma ameaça quando não se cumpre as cruéis e sanguinárias ordens.

Damiel era conduzido pelo longo e turvo corredor através de brutos guardas, os quais o faziam se aproximar cada vez mais de uma abertura que permitia a visita dos primeiros e frágeis raios de luz. O som de uma multidão enfurecida e ingênua ficava mais audível com o andar dos soldados, demonstrando que, do lado de fora daquele calabouço, um público sedento por espetáculos condenatórios aguardava com animosidade.

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⏰ Última atualização: Jan 03, 2017 ⏰

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