Capítulo Cinco - Rudá

356 85 48
                                    


DEPOIS

Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.

DEPOIS


A modesta sala da família Angilus encontrar-se-ia em uma demasiada quietude, contudo, o som de madeira sendo brutalmente engolida por um árduo fogo ecoava pelo cômodo de forma agitada, impedindo que o completo silêncio habitasse entre aquelas paredes.

A lareira, a qual estava encantadora devido ao crepitar agitado da fogueira, era a única fonte de luz no ambiente. As janelas estavam ocultadas por longas cortinas desgastadas, bem como a claridade dos lampiões já não mais existia, sobrevivendo somente as faíscas do fogo, que surgiam espontaneamente da queima, ao mesmo tempo em que as chamas aparentavam seguir os passos de uma dança que apenas a luminosidade quente poderia conhecer.

No chão, sombras, que se moviam de uma lado ao outro feito uma valsa, esboçavam ilustrações bizarras, encantando o piso simples, o qual era forrado por um extenso tapete empoeirado e que, sobre ele, havia duas grandes e distintas poltronas velhas. Assim, naquele melancólico fim de tarde, ambos os estofados encontravam-se ocupados.

Aneladam, que estava sobre um dos assentos, estremecia embaixo da coberta fina, obrigando as pernas a ficarem retraídas para perto do peito enquanto os pés repousavam na superfície da poltrona. Seu olhar, entretanto, demonstrava não se importar com o quão frio estava, tampouco com qualquer outro fato senão em buscar compreender os pensamentos de seu irmão mais velho. Intrigada, ela o observava, no mesmo momento em que seu delicado rosto repousava com sutileza sobre os joelhos dobrados e tentava veementemente descobrir o que se passava na mente conturbada de Damiel.

Ele, sentado ao lado e se apossando do outro antigo assento, tinha os cabelos lisos e castanhos como chocolate escondendo os olhos. A cabeça estava cabisbaixa, facilitando para que o olhar continuasse direcionado às sombras no chão. Damiel, imerso em suas próprias confusões internas, remexia e girava compulsivamente o seu anel que osculava o dedo indicador da mão esquerda, mal percebendo que, mentalmente, Ane o interrogava.

O objeto circular, o qual era feito de um material dourado, possuía, emoldurado, a escultura da cabeça do que se assemelhava a um leão. Traços vermelhos cintilantes contornavam a parte orbicular da peça e também do rosto do animal, que evidenciava uma enorme boca aberta e alguns afiados dentes. Porém, o que mais conquistava a atenção, além dos detalhes incrivelmente elaborados, era a letra A, na cor de safira, entre as presas do bicho feroz, quase como se ele estivesse mordendo-a.

No que você está pensando? - Despertando-o impetuosamente, Aneladam perguntou curiosa e, de certa forma, preocupada.

Após um exaustivo suspiro, o jovem cessou os movimentos repetitivos com o instrumento e encarou a irmã.

– Eu não quero falar sobre isso, Ane - Ele procurou as palavras certas nas profundezas do próprio abismo mental, mas falhou facilmente. A verdade é que não havia o que conversar, ao menos, não depois do que fizeram à garota do lago.

CadentOnde as histórias ganham vida. Descobre agora