Capítulo 6

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Vitória Narrando

Estou andando em direção à casa da Gabi, hoje planejamos de sair, o dia estar lindo, como eu gosto. Quando viro uma esqueci o sol bate nos meus olhos e sou obrigada a fecha-los um pouco, isso me faz sorrir. Eu amo a rua da nossa casa, tem uma calçada cheia de árvores, que na primavera seus galhos ficam repletos de flores, a minha favorita é o lírio. Amo tanto seu aroma.

Viro numa esquina e de repente a luz do sol some, ficando tudo escuro, sombrio e um frio começa a subir pelo meu corpo. Olho ao redor e as casas sumiram, as árvores desapareceram, tudo de belo pelo qual eu havia passado sumiu. Olho para a frente e vejo a casa da Gabi longe, começo a correr, porém a casa parece que fica cada vez mais distante, tento gritar mais minha voz não sai, parece que está presa na garganta. É quando sinto, sinto uma mão fria como gelo, secas como ossos, me puxando e fazendo meu corpo cair no chão, uma queda rápida que nem sinto a terra nas minhas costas. Estar tudo escuro, eu tento gritar, mas não consigo. Quero pedir ajuda. Quero meu irmão. Quero minha mãe. Quero alguém para me ajudar a tirar essas mãos de cima de mim.

Não consigo ver o rosto, só sinto aquela mão me batendo, rasgando minhas roupas.

- Não! - digo gritando e chorando – Por favor – digo enquanto ele tenta rasgar mais minha blusa.

Não tenho forças para lutar, estou à deriva, caindo numa escuridão. E não tem ninguém para me ajudar.

Quero meu irmão.

Quero meu irmão.

Quero meu irmão.

- Calma, foi um pesadelo – escuto a voz do meu irmão e acordo com o Jordan ao meu lado, olho em volta e vejo que estou no meu quarto – Estar tudo bem agora – ele diz enquanto choro em silencio em seu peito – Tudo bem, estar segura – ele diz cada palavra num sussurro.

Depois de um tempo meu choro para, meu irmão sempre ao meu lado fazendo carinho em minhas costas, estou quase dormindo quando escuto sua voz, tão baixo que quase não escuto

- Quem fez isso? – a pergunta sai num fio de voz

- Não sei - digo começando a fechar meus olhos – Só quero dormir. Fica comigo? – digo me apertando mais em seus braços

- Num infinito de para sempre – ele recita a frase que nosso pai costumava dizer para nossa mãe, e aquilo bastou para que eu fechasse os olhos e dormisse.

Acordo com meu irmão ainda ao meu lado, olho meu relógio na minha mesa ao lado da minha cama e marca 03:00 da manhã. Sinto meu irmão se mexendo e viro para vê-lo me olhando sério.

- Tudo bem? – ele pergunta num tom que conheço muito bem. Somente balanço a cabeça para ele – O que aconteceu, minha Valente? – ele pergunta num calmo e amoroso.

- Eu estava indo para a casa da Gabi, quando dobro a esquina sinto alguém me puxar e me jogar no chão - paro um pouco limpando as lágrimas que começam a brotar em meus olhos - quando sou atingida por chutes, tapas. A pessoa tentava tirar minhas roupas. Acho que... - começo a chorar só em pensar no que aquele homem faria comigo - Eu dei um chute no meio das pernas dele, e consegui sair.

Jordan me olha, ele estica os braços e me chama para um abraço. Ele me conhece e sabe melhor que ninguém que agora o que eu preciso é de seu colo. Ele fica me minando, fazendo carinhos em mim, diz palavras doces.

- Não conte para a mamãe - eu falo com meus olhos ainda fechados

- Ela precisa saber - ele diz enquanto faz carinho na minha cabeça.

- Eu sei, mas ela já se culpa por trabalhar tanto é não dar tanta atenção para nós, com isso só vai piorar - digo finalmente olhando para ele.

Depois de um longe tempo, ele suspira e finalmente responde

- Tudo bem - ele diz com um pequeno sorriso.

Ficamos assim até um tempo, enquanto eu acabo dormindo. Não sei quanto tempo dormir, só sei que quando eu acordei já era de tarde. Levanto com um pouco de dor no corpo e vou até o banheiro, vejo meu reflexo no espelho e estou horrível, não só a aparência como por dentro também. Desço meu olhar e vejo algumas marcas roxas no meu braço, alguns arranhões no meu rosto. Paro de olhar e lavo meu rosto, amarro meu cabelo e saio do banheiro. Vou em direção a minha cômoda que tenho em meu quarto e pego de lá uma outra blusa mais leve, assim que visto desço para ver onde meu irmão está, mas acabo encontrando o Felipe.

- Oi – ele diz num sussurro quase inaudível - Como você está? - ele pergunta é vejo sinceridade no seu olhar.

- Estou... bem – mas não estou. Vejo ele se levantar e vim em minha direção e sinto os braços do Felipe em volta de mim e acabo chorando, me sinto bem aqui, me sinto segura, confortável. Ele me leva até o sofá e sentamos.

- Não se preocupe, não vou deixar ninguém tocar em você - ele diz colocando uma das mãos em cima da minha.

- Obrigada. Mas acho que não vou sair de casa tão cedo, nem sei vou ser a mesma pessoa de antes - digo olhando para o chão

- Claro que vai. Quem vai me chamar de idiota, quem vai implicar comigo. Preciso da Vick de antes, com aquela risada contagiante, com aquele jeito alegre, feliz – ele diz um pouco perto de mim. Fico olhando para ele sem entender, ele quer que eu volte a implicar com ele, por que? Ele vem se aproximando, está tão perto que sinto sua respiração, sinto sua mão quente na minha cintura me causando alguns arrepios. Quando ele ia me beijar escutamos um barulho vindo da porta e me levanto com o susto, olho e vejo meu irmão com as meninas. Elas me veem e corre até mim.

- Aí, amiga! – Gabi diz me abraçando.

- Como você está? – a Julia me pergunta com evidente preocupação

- Vou ficar bem – digo calmamente. Jordan se aproxima de mim e me abraça de lado.

- Achei que queria ficar um pouco com as meninas – meu irmão diz ao meu lado e me dar um sorriso doce.

Elas me puxam para meu quarto, antes de ir dou uma olhada para o Felipe que tá com um pequeno sorriso no rosto. Quando chegamos lá às meninas me fizeram conta tudo para elas. E assim fiz.

- Mas agora acabou, você tá bem, e é isso que importa – minha amiga diz ao meu lado da cama.

- Verdade – Gabi diz se sentando ao meu lado na cama - vamos passar a noite toda com você - ela diz sorrindo.

- Isso aí, noite das meninas – Julia fala tentando me alegrar um pouco.

- Obrigada, meninas - digo abraçando-as.

Elas passaram a noite toda comigo, conversamos muito, e depois fomos dormir. Como hoje é sábado, minha mãe vai chegar só amanhã. Mas não paro de pensar no que ia acontecer se meu irmão não tivesse chegado.

Será que o Felipe ia me beijar?
E por que eu queria?

Com minha cabeça a mil, tentei dormir um pouco. 

O Idiota Do Melhor Amigo Do Meu IrmãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora