CAPITULO II

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         Fora como reviver o pesadelo de Raccoon City novamente. Claire e Marco subiram as escadas às pressas, ela empunhando a faca com determinação. Quando chegaram ao sétimo andar, encontraram o salão entregue ao caos; pessoas corriam e gritavam, fugindo de zumbis que tropeçavam e avançavam contra eles.

– Como isso é possível? – Claire indagou. Um dos zumbis veio ao ataque, sedento por carne fresca.

– Manoel? – surpreendeu-se Marco.

O morto-vivo, um homem gordo e de cabelos ralos, não era mais o amigo de Marco. Quando ele atacou com a boca aberta, Claire acertou-lhe uma facada ao meio dos olhos. Ela limpou o sangue da faca em sua calça e olhou o loiro de esguelha.

– Eu lamento, ele não é o mesmo de antigamente.

– Como isso aconteceu? – Marco indagou, mas não houve tempo de responder.

Dois zumbis se jogaram em cima de Claire, derrubando-a de costas no chão azulejado. Quando um deles tentou lhe abocanhar no pescoço, Redfield desviou-o com a mão. O outro atacou uma de suas pernas, mas ela lhe acertou um chute violento no queixo. Gritos de desespero ecoaram pela escuridão enquanto Claire lutava por sua vida. Marco, sem saber o que fazer, puxou um dos errantes e cravou-lhe um garfo no pescoço. Claire conseguiu soltar-se e lhe ajudou, golpeando o inimigo com uma facada no ouvido.

– SOCORRO! – alguém gritou.

Claire e Marco, livres dos zumbis que tentaram atacá-los, avistaram uma garota encolhida em um canto, detrás de uma mesa. Um zumbi se aproximava lentamente, de braços erguidos, faminto. Claire correu para ajudá-la, derrubando o morto-vivo facilmente. A jovem de cabelos cacheados se levantou, trêmula.

– Obrigada... Claire Redfield, certo?

– Sim – respondeu a líder da Terra Save. – Como se chama?

– Talita Marques.

A morena aparentava no máximo vinte e cinco anos, era magra e de aparência frágil. Trajava um vestido vermelho, rasgado por um dos monstros que lhe atacou.

– Está ferida? – Claire perguntou, desconfiada. Talita negou com a cabeça.

– Precisamos deixar o edifício, não há mais ninguém que podemos ajudar – disse Marco, arquejando e observando o mar de corpos ao seu redor.

– Não há como sair – sibilou uma voz masculina repentinamente. Claire e os outros olharam para trás, onde um homem alto e de cabelos crespos observava-os.

– Daniel? – Marco indagou. – Que quer dizer?

– Estamos presos aqui – respondeu Daniel, aproximando-se da janela panorâmica manchada de sangue. Claire, Marco e Talita seguiram em seus calcanhares.

Algo aterrorizante exibia-se ao lado de fora; dezenas de veículos do exército e caminhões do bombeiro ladeavam o lugar, todos com suas sirenes berrando em sinal de emergência. Nos céus, um helicóptero vagueava como um inseto gigante sobre um prato de comida.

– Cheguei até a portaria e um grupo de soldados exigiu que eu ficasse longe das portas e janelas, que poderiam atirar se eu tentasse me aproximar – arquejou Daniel, pálido e brilhando de suor. Claire o olhou surpresa, Marco fez o mesmo.

– Houve algum ataque no edifício, estão nos isolando do resto da cidade – intuiu Claire, pensativa.

– Que vamos fazer? – Talita choramingou. – Não quero morrer!

– E nós não vamos – retrucou Claire, convicta. – Passei por muitas coisas para morrer em uma situação como essa.

O grupo de sobreviventes seguiu rumo ao andar de cima; precisavam de mais lanternas. Quando chegaram no lugar descrito por Marco, encontraram aproximadamente dez zumbis perambulando em um escritório. Claire observou em silêncio, absorta em um plano.

– Ali, naquela caixa – sussurrou o loiro. – Há algumas lanternas, está vendo?

– Olhe, também há um machado naquela parede, na caixa de vidro – Talita apontou para um local ao lado de uma janela.

– Tudo bem, já pensei em um plano – falou Claire. – Preciso que alguém deixe os zumbis distraídos enquanto me aproximo da caixa e do machado.

Marco e os outros se entreolharam, apreensivos. Seria uma boa ideia? Algo sensato de se fazer? Não deviam questionar Claire, era uma sobrevivente, uma pessoa completamente preparada. Por fim, Marco tomou a posição; iria chamar a atenção dos mortos-vivos com a lanterna. Claire se posicionou, empunhando a faca, preparada para esfaquear qualquer um que se aproximasse.

O loiro levantou a lanterna e gritou, ao mesmo tempo em que batia na mesa e jogava papéis para o alto.

– Olhem! Aqui, seus mortos, venham me pegar! – Marco gritava. Deu certo; seis ou sete zumbis viraram até ele.

Claire seguiu agachada até o machado, quebrou o vidro que protegia-o e puxou o objeto. Com o ruído metálico, dois zumbis voltaram até ela.

– Rápido, Claire! Eles estão se aproximando! – sussurrou Talita, ajoelhada em um canto.

Quando um dos zumbis, um homem moreno de terno, se aproximou, Claire lhe atingiu com força o machado, arrancando sua cabeça em dois golpes fatais. O corpo do indivíduo tombou, espalhando sangue e resto mortais pelo chão. Mais três zumbis seguiram até ela, todos famintos. Entrementes, um dos mortos jogou-se em Marco, lhe derrubando sem dificuldade. Talita gritou, Daniel não conseguia se mover. Claire, aos fundos, golpeava mais dois errantes com o machado, fazendo um mar de sangue jorrar pelo escritório.

– Ah, merda – gritou Daniel. – Os zumbis estão subindo!

De repente, diversos deles começaram a chegar através das escadas de emergência, atraídos pela barulheira de Claire e Marco. Um avançou contra Daniel, mas ele fora mais rápido, perfurando o olho do monstro com uma caneta. Claire caiu ao chão quando um zumbi rastejante lhe puxou pela perna, fazendo o machado rolar pelo chão. Quando cravou a faca na cabeça da criatura, mais dois se jogaram sobre ela, preparados para um apetitoso lanche.

– CLAIRE! – gritou Marco quando o corpo dela desapareceu sob os zumbis.

POW, POW! Dois estrondos ecoaram pelo escritório, e os zumbis em Claire ruíram. Ela tirou-os de cima de seu corpo enquanto tentava se levantar.

– Posso ajudá-la – a voz de uma mulher disse.

Claire ergueu os olhos e piscou-os, ainda atordoada. Uma mulher de boné azul e rabo-de-cavalo lhe observava seriamente.

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Resident Evil: QuarentenaHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin