CAPITULO I

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         Rio de Janeiro era um local privilegiado e cobiçado mundialmente por seu visual tropical e alegre. O Cristo Redentor erguia-se como um protetor onipresente, sempre resguardando a cidade com seus braços abertos para os lados. Logo à frente um mar azul e cristalino dava sua graça, e uma cidade notoriamente dividida pela desigualdade social vivia seus dias um após o outro, com os mesmos problemas de sempre...

Quando o mês de março chegou com estranhos dias chuvosos e sombrios, fora anunciado que a ONG Terra Save se apresentaria em um edifício no centro da cidade. O grupo era mundialmente conhecido por lutar contra o bioterrorismo, um assunto em alta nos últimos tempos desde o incidente em Tall Oaks, uma cidade dos EUA, e Lanshiang, na China. Claire Redfield, desde que escapara de uma ilha após um sequestro, transformou-se na líder da ONG. Ela chegou ao Brasil numa sexta-feira, algumas horas antes de se apresentar para membros brasileiros da Terra Save. Tomava um copo de suco quando um homem bem vestido se aproximou.

– Olá, srta. Redfield – o rapaz de cabelos loiros disse com um sorriso. – Me chamo Marco Rodrigues.

– Ah, claro. Como vai, Marco? – Claire retribuiu o sorriso. – Pode me chamar de Claire.

Claire Redfield conservava a mesma beleza de sempre. Seus cabelos arruivados, antes mais curtos e modernos, retornara com seu costumeiro rabo-de-cavalo de um tempo atrás. Trajava uma jaqueta marrom despojada e uma calça jeans justa. Ela deixou o copo vazio sobre a mesa e iniciou um interessante assunto sobre o incidente que atingira a África alguns anos atrás. Marco, apesar dos seus vinte e oito anos, era um homem muito inteligente e esforçado. Membro da Terra Save desde que perdera seus pais na tragédia de Terragrigia, dedicou-se a acabar com qualquer ameaça biológica pelo mundo.

Marco não era do tipo soldado, um homem capaz de socar rochas ou derrotar inimigo com golpes marciais. Em contrapartida, estudou por longos anos sobre os mais diversos assuntos... desde o terrível vírus que destruiu Raccoon City, até os parasitas Las Plagas. Após Claire apresentar-se no púlpito para um grupo de aproximadamente quinze pessoas, seguiu até uma mesa repleta de iguarias brasileiras; feijoada, salgadinhos, frutos do mar e doces típicos da região. Marco, o rapaz loiro que se apresentara mais cedo, observava o anoitecer através de uma janela panorâmica quando tudo se apagou.

A escuridão alastrou-se com surpreendente rapidez, e os murmúrios foram de imediato. Claire guiou-se até o rapaz e olhou-o, aguardando uma resposta sobre o que acontecera.

– Desculpe-me pelo imprevisto – ele disse sem graça. – Logo irei resolver isso, tudo bem? Vou até a portaria saber o que aconteceu.

– Posso ir com você – respondeu Claire.

O resto da cidade estava iluminada, porém, o edifício exibia-se em completa escuridão. Todos os membros conversavam entre em si, intrigados, enquanto Claire e Marco desciam as escadas até a portaria após providenciarem uma lanterna. Claire, indo um pouco mais atrás, observava em silêncio o foco de luz do objeto a pilha.

– Estou completamente envergonhado pelo imprevisto – sibilou Marco após passarem pelo terceiro andar.

– Não se preocupe, Marco – Claire respondeu, simpática. – Por que está tudo em silêncio?

Quando finalmente chegaram ao hall de entrada, foram pegos por um silêncio impenetrável e ameaçador. Marco ergueu a lanterna até à sua frente, ziguezagueando o objeto por todos os cantos.

– Jorge? – Marco sussurrou... não obteve respostas. – Demétrio?

Ninguém respondia. Ele e Claire se entreolharam, e a luz da rua também se apagou repentinamente, acabando de vez com a claridade que restava. De repente, passos e gemidos ecoaram ao meio do silêncio, fazendo Claire tirar uma faca que levava em um compartimento na calça jeans. Marco se assustou, absolutamente surpreso ao ver uma mulher tão bonita e aparentemente indefesa em posição de ataque.

Claire pensara que nunca mais iria presenciar tal situação, mas estava enganada. Nas sombras, duas figuras cambaleavam e gemiam, arrastando seus pés e batendo nas paredes. Quando Marco levou a lanterna para o canto de onde vinha o som, encontrou dois homens completamente ensanguentados, um deles com a metade do rosto dilacerado. Marco caiu de costas no chão, deixando a lanterna rolar para debaixo de uma poltrona. Agora só era possível ouvir os zumbis se aproximando.

– Espere, consegui pegar a lanterna! – exclamou ele, levantando-se novamente.

Enganou-se achando que não poderia piorar... Jorge e Demétrio não estavam sozinhos, mais três zumbis se aproximavam junto deles.

– Não – Claire sussurrou. – Outra vez... não!

Um dos zumbis, uma mulher loira com o pescoço em pedaços, pulou nos ombros de Marco, entretanto, antes que pudesse lhe atingir com uma mordida fatal, teve sua cabeça perfurada pela faca de Claire. A zumbi caiu totalmente imóvel.

– Que vamos fazer? – Marco indagou, aturdido e amedrontado. 

Resident Evil: QuarentenaWhere stories live. Discover now