24 - Cuida bem dela.

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- Lauren, eu não sei se isso é uma boa ideia. Meu pai já não estava bem quando vim pra cá, pode ter bebido, tenho medo do que ele vai fazer com você.

- Seu pai não é louco de levantar a mão pra mim, como não é desprovido de inteligência o suficiente pra gritar comigo. Vou até lá colocar os pingos nos is, falar o que tenho pra falar e se ele aceitar, ótimo. Caso tente argumentar contra nossa relação, vou rebater com todas as palavras certas, mas sairei daquele apartamento com uma bandeira branca. Te garanto.

- Se importa que eu não vá? Prefiro não aparecer em casa por uns dias.

- Esse apartamento é tão seu quanto meu, afinal, foi você quem escolheu. Lembra? - ela abriu um sorriso e suspirou, tirando um chiclete do bolso para mascar. - Quem está nervosa agora, hum?! Não se preocupe comigo, prometo voltar com todas as partes do corpo em perfeitas condições. Fique à vontade, peça algo pra comer, ligue pra Normani ou Taylor. Só não direi pra ir à piscina porque o céu está negro e vai cair uma tempestade daquelas.

- Toma cuidado, está bem? Quer levar meu carro?

- É... seria uma boa ideia já que o meu ainda não chegou. Bem, acho melhor eu ir andando, não quero ficar presa no trânsito e com uma chuva forte caindo. - levantei do sofá e Joker veio trotando na minha direção, como se estivesse sorrindo. - Você trate de se comportar, entendeu? Se atacar a Elis, não terá mais biscoitos.

O cachorro mexeu as orelhas e latiu em resposta, dando o assunto por encerrado. Camila se aproximou de mim e beijou meus lábios, buscando minha língua com calma, me afogando naquela sensação tão gostosa que era todas as vezes em que sentia o gosto dela. Cortamos nosso contato e lhe dei um beijinho na ponta do nariz, arrancando uma risada confortável dela. Peguei o celular e as chaves do carro e saí do apartamento com o coração batendo à mil e com um bolo na garganta; não de nervoso, mas de raiva. Se Alejandro reagisse mal, eu estaria pronta para defender minha relação com a filha dele a qualquer custo.

Quando cheguei na garagem e entrei no mini cooper, encostei a testa no volante, respirando fundo. Minha vontade era de chegar já falando milhões de coisas pra ele, mas precisava ficar tranquila se não quisesse colocar tudo a perder. Alejandro parecia ser um homem difícil de lidar, mas tem que existir uma maneira mais suave de chegar. A única pessoa que conhecia o homem bem o suficiente estava no meu apartamento, roendo as unhas e mastigando o chiclete como uma lhama desesperada... bom, meus pais conviveram com os pais de Camila por muitos anos, certo? Talvez eles pudessem me dar qualquer dica.

Liguei o motor do mini e saí da garagem, recebendo um banho da chuva que já tinha começado a cair. Dirigi com calma até Ipanema e torci, do fundo do coração, que Alejandro ainda estivesse em casa... e sóbrio.


- Vim conversar com vocês.

Meus pais estavam com uma cara preocupada quando sentei com eles na sala. Minha mãe, que bebia o que parecia ser uma caipirinha, deu um gole caprichado e respirou fundo. Meu pai, que nunca parecia tenso, parecia controlar seus pelos de se eriçarem de nervoso. Levantei da cadeira e comecei a dar voltas na sala, pensando em como pedir uma opinião a eles.

- Filha, não é por nada não, mas você está me assustando. O que aconteceu? Você e Camila terminaram? Você ou ela engravidaram? Vocês vão casar?

- Mãe, esqueça a parte de casamento e gravidez... NO! - gritei antes que ela pudesse ressaltar a parte do término e suspirei. - Não terminamos, fica tranquila. O motivo de eu ter vindo aqui é que preciso de ajuda com Alejandro.

- Alejandro?! Por que precisa de ajuda com ele? - meu pai se endireitou na poltrona e entrelaçou os dedos, indicando que estava bem atento ao assunto. - Você precisa nos explicar direitinho o motivo de vir até aqui pedir uma coisa dessas.

Águas de MarçoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora