─ Recusou, mas as coisas são diferentes agora, estamos recomeçando.

─ Recomeçando? Depois de tudo que ele aprontou? Você só pode está de brincadeira. ─ disse, pulando do braço da poltrona para longe de mim, agindo como se eu tivesse uma doença contagiosa. ─ Até quando vai continuar bancando a idiota?

─ É preferível ser uma idiota feliz, a ser uma espertalhona infeliz. Para que ficar perdendo tempo com orgulho bobo, quando posso perder tempo com os olhos mais incríveis de todas as galáxias?

Jason esfregou o rosto e voltou à poltrona, soltando lufadas de ar pelo nariz.

─ Ele vai quebrar seu coração, eu sei que vai, e você vai sofrer. Vai sofrer quando perceber o tipo de pessoa que ele é de verdade, quando se der conta de que desperdiçou anos com alguém que não merecia sequer um segundo do seu tempo. Viola, pode parecer apenas implicância da minha parte, mas... Eu só quero que você seja feliz. ─ concluiu com um suspiro pesado, e apertei sua mão.

─ Mas é quando estou com ele que sou mais feliz.

─ Isso é que é subestimar a felicidade.

Assim como a maioria das pessoas Jason não entedia, estava olhando apenas para a superfície, descrevendo o que havia no fundo antes mesmo de mergulhar. Não o culpava por isso, por olhar superficialmente, quase todo mundo é assim. Eu tinha pensando bastante sobre o que a mamãe me dissera – que nem todo mundo é o que parece. – e concluí que ela estava certa. O Oli não era o que parecia, não era o que as pessoas diziam que ele era. Ele era mais, muito mais. O Oceano mais escuro, mas também o mais bonito.

─ Nunca entenderá como me sinto até que aconteça com você. Até que se sinta da mesma forma.

Ele afastou a minha mão e ficou de pé, os olhos cerrados praticamente fuzilando a minha testa.

─ Você costumava ser mais esperta. Aquele panaca congelou todos os seus neurônios, ou o quê? Porque é impossível que não veja o tipo de pessoa que ele é, ele é igualzinho àquele verme do Max Stantford.

─ Está errado. ─ disse ultrajada. ─ Completamente. O Oli não é como o pai.

Jason deu uma risadinha irônica.

─ Para mim a única diferença é que ele não sai por ai matando animais e agredindo pessoas... Por enquanto.

─ Do que é que você está falando?

─ Vai dizer que não sabia que o Max Stantford é meio... pirado, para não dizer, um completo sociopata. ─ Meus olhos se arregalaram. ─ É, pelo que estou vendo, não.

Ele passou a língua pelo lábio, colando as costas no espaldar e me inclinei para ouvir melhor fosse lá o que ele tivesse a dizer, mas Jason continuou calado, um sorrisinho debochado dançando em seus lábios cheios enquanto os dedos tamborilavam o braço da poltrona.

─ O Max Stantford não é pirado. Ruim? Sim. Pirado? Não.

─ Aham. ─ disse, virando para mim. ─ O cara foi internado em uma clinica psiquiátrica e tudo quando era mais novo. ─ sua voz ficou baixa, os olhos correndo pela sala. ─ As pessoas não falam mais sobre o caso porque morrem de medo, ninguém quer acabar com a boca cheia de formigas, e o Adolf Stantford meio que abafou o caso na época, pôs panos quentes na coisa, molhou algumas mãos.

Eu estava perplexa. As pessoas costumam inventar um monte de mentiras, principalmente em cidades pequenas como Madison Place, onde boatos se espalham como rastilho de pólvora, o fato de Jason acreditar nessas fofocas me deixava estarrecida.

─ Essa deve ser apenas mais uma das mentiras que as pessoas contam sobre ele. Lembra quando a Lilian passou um dia inteiro escondida embaixo da cama, depois que um amiguinho da escola disse que o sr. Stantford comia cérebros de crianças, e que se ela não fizesse a lição ele comeria o dela?

Viola e Rigel - Opostos 1जहाँ कहानियाँ रहती हैं। अभी खोजें