Foolish and weaker

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Tiros foram dados na rua perto da igreja onde costumávamos a nos encontrar.

Uma sequência apavorante de gritos fora escutada logo em seguida, e então uma multidão se aglomerou numa roda perto do corpo caído.

Anjo ferido, anjo ferido.

Mas as pessoas só ficaram paradas, olhando.

Com meu corpo trêmulo dos pés a cabeça, eu me aproximei da multidão, e fiquei nas pontas dos pés para conseguir enxergar. Em meio à tanto sangue, minhas pernas amoleceram quando reconheci o corpo. Quando reconheci meu noivo, morto.

Sabe quando tudo parece ficar em câmera lenta? E então, você não consegue nem escutar os seus gritos saindo da sua garganta? Era assim que eu estava, não conseguia escutar meus próprios gritos, não conseguia mover minhas pernas, não conseguia mais sentir meu coração pois tinha certeza que ele estava partido.

Tolos e fracos. As pessoas só continuaram olhando, mas algumas me impediram de cair quando minhas pernas amoleceram. Eu estava nos braços de duas mulheres já de idade, encarando o meu Anjo caído.

Com o choro preso na garganta, comecei a soluçar e gritar. A raiva havia me atingido. Eu não queria aceitar que Matt tinha morrido, mas, quando a ambulância chegou, tudo despencou sobre mim num enorme peso, onde Matt havia morrido, e levado meu coração consigo.

Com a visão embasada e o corpo mole, quando as duas senhoras me soltaram, senti alguém me puxando por trás enquanto eu assistia os paramédicos colocando Matt numa maca e o cobrindo num saco. Eu estava fraca, perdida, mas mesmo assim alguém continuava me puxando de modo que eu andasse para trás para acompanhar.

Só então comecei a gritar, soluçar, enquanto aquela figura cujo o toque eu desconhecia me levava para longe da multidão. E então, finalmente reuni as minhas últimas forças para acertar meu cotovelo na sua barriga, de modo que ele me soltasse. Enquanto grunhia de dor, eu tirei meus saltos e corri para longe, chorando por Matt e chorando pelo meu coração partido. O contato do chão quente contra meus pés descalços seria um incômodo para mim à alguns dias atrás, mas hoje aquilo não fazia diferença nenhuma. Eu havia perdido Matt, havia perdido meu Anjo, havia perdido meu mundo.

Eu tentei correr para longe, mas não consegui. Quando senti um puxão no meu pulso, imediatamente virei meu corpo e acertei um tapa no rosto do homem que estava me seguindo.

Ele ficou incrédulo, e eu não pude formar nenhuma frase graças ao meu choro preso na garganta.

- Para de correr porra, eu quero te proteger. E pra isso precisamos nos apressar porque... - ele olhou o relógio, e sorriu de canto para mim - eles já estão chegando, e quando descobrirem que eu matei a porra do seu noivo e não você, vão vir atrás de mim também.

Eu estava confusa demais para entender tudo, ainda mais quando ele... fiquei imediatamente sem expressão quando entendi a última parte.

- Você... você matou o Matt -, cobri minha boca com a mão, sentindo a vontade de chorar vindo a tona. Eu odiava o fato da sua expressão não revelar nada do que ele estava pensando.

Não pude me afastar porque ele estava segurando meu pulso, mas mesmo assim tentei, sem sucesso.

- Por que você fez isso? - solucei, estudando as palavras com medo e ele revirou os olhos, claramente impaciente.

- Não precisa ter medo de mim. Se eu quisesse te machucar, já teria o feito.

- E por que você não o fez?

Ele então franziu uma das sobrancelhas, como se eu estivesse com dificuldade para entender.

- Porque você não merece pagar pelos erros do seu pai. E é isso o que eles querem fazer, dar um "aviso" para o prefeito.

Angel Down zjm&pleWhere stories live. Discover now