Capítulo 3

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9 anos atrás...

A

o se recordar da primeira vez em que pisou na casa da tia Abner, Maia sente as marcas pulsarem, chicotes, cintos, ou qualquer outra coisa que aparecia em sua frente era chocado repentinas vezes contra suas costas.

Witt, filho de Abner tinha 11 anos e foi obrigado a aguentar por anos essa tortura sozinho, agora possuía alguém para dividir o fardo. Sem descanso, sem intervalo ou sem qualquer vontade sobre o próprio corpo, eram obrigados a trabalhar para sua tia. Descanso era uma palavra que perdera todo o sentido naquela casa, devia ter ido junto com as palavras amor, compaixão, alegria e afeto.

"Porque me trouxeram para esse inferno?" pensamentos como esse eram frequentes em sua cabeça, "Como sair daqui? Porque ninguém me ajuda?" perguntas sem respostas.

Abner era mãe solteira, moravam em uma pequena casa velha que já caia aos pedaços, as paredes eram cobertas de buracos e mofo, a casa, não recebia tinta nova há décadas, moveis eram de outras épocas. Morava no território do rei Christopher, mais sua casa era afastada da proteção dele. O povoado onde morava havia por volta de 38 famílias onde todos se conheciam.

Maia e Wittalo iam buscar água no poço pelo menos duas vezes por dia, tinha que arrumar a casa, ajudar Abner na costura e dar comida aos porcos e galinhas que ainda restavam. Nunca ouviu um "Obrigado" de sua tia, era sempre reclamações.

Além de sofrerem fisicamente sofriam também tortura psicológica. Após viver 11 meses naquela casa Maia perdeu todo carisma que tinha, emagreceu agora dava-se para olhar os ossos de seu rosto pulsarem toda vez que respirava, sua roupa sempre surrada, cabelo sempre embolado, fedia , a sujeira era sempre presente no seu visual.

- Já acabei de lavar a roupa, tia Abner. – Disse após um dia cansativo de trabalho.

- Já, então vá buscar água no poço.

- Mas eu quero descansar um pouco.

- Descansar? – Risadas acompanharam o tom de deboche - Você não tem que descansar, tem é que trabalhar a água não vai se pegar sozinha – Essa era a frase que Maia mais escutava.

Ouve uma época em que Maia ousou a responder com a mesma grosseria em que sua tia a mandava trabalhar.

- Porque você não a pega então?

- Como é que é?

- Porque você não a pega então? – Perguntou Maia novamente só que cruzando os braços contra os peitos.

- Você vai se arrepender de ter falado dessa forma comigo.

Maia ficou três dias sem colocar nada no estomago somente o barro que usou para saciar a fome. Nunca mais ousou responde-la, não queria ter que passar pela humilhação novamente, aquilo acabou com o ultimo pingo de dignidade que ainda havia nela.

- Já vou. – Disse Maia se virando e pegando o balde que havia colocado atrás da porta de manhã.

- E não demora. – Maia olhou para trás apontou o dedo do meio.

Maia sabia como funcionava o esquema, teria que passar na esquina e roubar uma maçã do mercado do Sr. Zé para comer. A janta era muito pouca, isso quando comiam. Quando dobrou a esquina deu-se de cara com a Loja fechada, então marchou xingando para o poço. Já esta a noite, o a lua já estava tomando conta do céu há cerca de 2 horas, janelas permaneciam fechadas, a luz das velas eram possível de serem vistas por debaixo da porta. A única luz que há iluminava vinha do céu. Uma brisa fez com que se arrepiasse.

Lançou o balde no poço e esperou a água subterra-lo, olhou para os lados repentinas vezes, o mato alto seguia o ritmo do vento gélido. O mato se mexeu agressivamente desconcertando o som que provinha do vento. Algo a fez esquecer que o balde já estava cheio.

- Quem é?

"Como se alguém fosse sair dali e dizer - sou eu." "Não seja burra Maia" pensou ela.

Então tomou coragem e pegou um galho que sempre estava encostado no poço. Em posição de ataque andou até o mato e bateu repentinas vezes.

- Ai Maia sou eu... Ai! Ai! – Disse Witt colocando a mão na posição de defesa.

- O que estava fazendo ai escondido?

- Ia te dar um susto – Disse com os olhos cheios de água, mas aguentando firme a dor. – Minha mãe mandou eu vir buscar a água porque você é lerda.

"Ela disse que eu sou lerda?"

- Lerda?

Então puxaram o balde de volta e ambos saíram em direção a casa novamente.

~o~

O janta dessa noite era sopa de coelho, não era o prato favorito de Witt, ele odiava ver o coelho sendo servido com cenoura e batatas ou com qualquer outra coisa.

Witt tinha um coelhinho chamado Cenourinho "Cenourinho? Cara como eu era idiota, isso nem é um nome.". Sua mãe matou o coelho e o obrigou a comer, servido com batata e abobora. Naquela noite ele chorou, seu choro parecia não ter fim.

- Isso é pra comer não é pra ter de estimação, então Wittalo come, agora! – Dizia sua mãe brava fixando seu olhar no dele.

- Mas... Mas... – Os soluços não permitiam que ele terminasse a frase – é o Cenourinho.

- Que Cenourinho o que, isso aqui é coelho – Disse segurando a colher cheia de sopa derramando sobre o prato dele.

" Que burra, parece que não sabe que Cenourinho é o nome dele" pensou ele antes de colocar a colher de "livre" e "espontânea vontade"na boca. Enfim terminou de comer a sopa, depois de ser obrigado a comer três pratos.

Ele se deitou e chorou a noite toda, jurando nunca mais ter um animal de estimação, até para poupa-lo de ter que come-lo.

Witt tem uma vaga lembrança do pai, não sabe ao certo o que aconteceu com ele, mas sua mãe fala que foi abandonado ainda quando o filho era pequeno. Mas ele sabe que o pai o amava. Witt era assim que o pai chamava antes de desaparecer, sua mãe se tornou amarga após esse sumiço de seu marido, tornando Witt um escravo.

- Porque me trata como um escravo mãe? – Perguntou Witt quando finalmente se cansou de ser tratado como um escravo.

- Por que você me lembra do traste do seu pai. – Falou Abner com ódio na voz.

- Só por isso?

- Como assim só por isso? – Perguntou Abner cerando os olhos.

- Só porque eu te lembro ele? Essa é a razão da escravidão?

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⏰ Última actualización: Dec 08, 2016 ⏰

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