IV - As Faces do Dragão

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Miguel olhou para cima e percebeu algo estranho, uma espécie de campo de força negra em meia esfera tinha se formado envolta deles, o campo tinha cerca de um quilômetro diâmetro.

-Percebe Miguel? Esse campo é impenetrável! Ele diminui todo poder derivado da luz e aumenta o que vem das sombras, só um de nós pode sair vivo daqui irmão! E adivinha quem?

-Meu poder não deriva apenas da luz irmão! Ele deriva de Deus, e nada que você usar contra mim fará efeito.

-CALE A BOCA! Esta na hora de eu te revelar meu verdadeiro poder!

A áurea negra que se formava sobre o corpo de Lúcifer ficava cada vez mais densa, seus olhos ficaram totalmente negros, chifres nasciam em sua testa, às tatuagens em seu peito agora eram vermelhas como fogo, seu corpo se contorcia e estranhas elevações surgiam.

Miguel assistia bem a sua frente uma transformação da besta, em estantes não era mais um arcanjo a sua frente e sim um dragão horrendo de cinco cabeças.

O dragão tinha cerca de 70 metros, seus olhos vermelhos expressavam ódio, negro como um céu a noite, suas cinco cabeças miravam aquele minúsculo anjo que segurava uma espada.

Antes que o Arcanjo pudesse reagir, as cinco cabeças atiraram cinco bolas de fogo gigantes em sua direção, por reflexo o anjo conseguiu se esquivar, mas ao colocar os pés no chão a gigantesca pata do dragão o cobriu por inteiro e ele foi pisoteado.

-VOCÊ NÃO PODE ME DERROTAR! SOU DEMAIS PRA VOCÊ! -disse uma das cabeças.

De repente a grande pata que pisava Miguel começou a se levantar lentamente sem sua vontade, surgia por debaixo dela um anjo cheio de determinação que com a própria força segurava todo o peso da besta. O arcanjo forçou para cima com um grito digno de um leão e desequilibrou a fera, nesse instante ele desembainhou a Divina Espada e como um relâmpago fez seu vôo rasante em direção as cabeças.

Sem poder se defender, três cabeças da besta foram decepadas e soltavam seu último e ensurdecedor grito de agonia.

As duas que sobraram agora queriam devorar o anjo que voava; com uma velocidade muito maior que a do Arcanjo, umas das cabeças conseguiu esse feito, mas ao fechar os dentes para mastigar sua presa, a cabeça teve seu crânio atravessado.

Com agora somente uma cabeça contra o Arcanjo ele esquivou-se de um feroz ataque e cravou a espada em um dos olhos da besta e em meio aos berros da criatura ele a embainhou de volta e abraçou o seu grande pescoço.

Com uma força sobrenatural e ainda em vôo ele girou o dragão gigantesco agora cego de um olho para todos os lados e o jogou sobre uma montanha destruindo-a.

-Isso não é tudo Miguel! Eu irei te matar e devorar sua alma! Você será condenado a me servir e me alimentar com o seu poder para todo o sempre! -disse o anjo das trevas já ferido

No mesmo instante, várias correntes se enrolavam no corpo de Miguel, de tal forma que ele não pôde pegar sua espada que caiu ao chão.

As correntes vinham do corpo de Lúcifer e o puxava com voracidade até o seu encontro, o grande arcanjo sem ter como sair encarou seu inimigo enquanto era puxado na direção dele.

As correntes saíam de seu peito como se fizessem parte dele, no local onde estava as tribais minutos antes, agora se abria uma boca horrendo e enorme, vozes e pedidos de socorro saíam daquela boca que parecia ter vida própria, Miguel agora estava de frente com aquilo.

-Gostou irmão? Eu mesmo modifiquei meu corpo para que ficasse mais poderoso, e é dessa forma que eu devoro as almas!

-O que? Como fez isso em tão pouco tempo?

-Pouco tempo? Há anos estou planejando isso.

-Mas eu pensei que...

-O novo projeto de Deus não foi o único motivo para que eu me rebelasse, eu sempre quis assumir o controle do universo! Todos aqueles anos eu estive apenas fingindo. -disse Lúcifer entre risadas assustadoras.

-Você é doente!

-Não Irmão! A partir de hoje EU SOU DEUS!

Dizendo isso, a grande boca que estava em seu abdômen se abriu ainda mais.

Miguel sentia como se a sua vida tivesse se esvaindo de seu corpo, suas memórias, seus ideais, nada importava mais, aquele horrível boca estava sugando sua alma para dentro, não havia escapatória, sua visão escurecia, não sentia mais dor, ia perdendo a consciência, pedia desculpas por pensamento, mas já não sabia pra quem ou porquê... Escutou um som bem baixo ao longe, algo parecia estar cortando o ar e vindo em sua direção... De repente um grande clarão surgiu em sua visão, ele não conseguiu ver quem, o que ou como, mas as correntes que o prendiam se desintegraram e ele caiu no chão.

Lúcifer, A Guerra CelestialWhere stories live. Discover now