Dangerous

Vinte e nove

     Acordei cedo para fazer compras, já que o Josh nem isso sabe fazer. Peguei apenas o necessário e alguns chocolates. Quando fui pegar um dos chocolates, uma pessoa pegou ao mesmo tempo que eu.
-Desculpa.- Falei puxando a minha mão.
-Clary.- Primeiro reconhecia voz do Luck e depois o abracei.
-Vice vai na festa hoje?- Sophia apareceu e o Luck olhou feio pra ela.
-Sophia! Era o Zack quem iria a convidar.- Falou um pouco chateado.
-Não tem problema.- Falei rindo.- Quando ele convidar eu finjo que não sabia.
     Nossa conversa foi interrompida com a chegada do Josh e eu me despedi indo terminar de comprar as coisas. Estávamos arrumando as coisas quando a campainha tocou e eu fui atender. Era a mãe do Josh.
-Oi, pode entrar.-Sorri pra ela que me olhou feio.- Ele está na cozinha.
     Peguei a chave do meu carro e sai. Eu não ia ficar em casa pra escutar ela falando mal de mim, provavelmente foi convencer ele de voltar para a casa dela. Fui pro parque e fiquei andando por lá, para passar o tempo. Eu estava na minha segunda volta no parque quando percebi a família do Zack andando na minha direção. Me escondi atras de uma árvore, não queria que eles me vissem. Esperei eles passarem para poder ir embora o mais rápido possível. Andei de vagar para o outro lado da árvore e fui seguir meu caminho, mas acabei encontrando a Irma mais velha dele que me puxou para o piquenique deles. Foi um péssimo encontro, minha vontade era de pular no pescoço do pai do Zack. Não consegui comer nada.
-Por que o Zack não está aqui?- Perguntei sem tirar os olhos do pai dele.
-Meu marido ligou pra ele, mas ele disse que não podia vir.- Sei.
     Olhei pra cara de cada um e parecia que eu I vomitar a qualquer momento.
-Desculpa, eu não consigo.- Falei me levantando.
-O que?- A Irma mais nova do Zack perguntou.
-Eu não consigo ficar no mesmo lugar que um assassino.- Olha quem fala.
     Fui direto pra casa. Meu irmão e mãe dele estavam saindo para almoçar, ele me chamou mas eu não quis ir, ela só continuou me olhando de cara feia mesmo. Entrei e me deitei no sofá, enfiei minha cara na almofada e gritei. Só me sentei quando meu celular tocou.
-Alô.- Atendi com um tom de voz muito amigável.
     Era apenas o Zack me chamando pra festa, eu disse que ia e voltei a enfiar minha cara na almofada. Passei mais um tempo deitada ali antes de ir me arrumar. Na festa não tinha lugar pra estacionar, mandei uma mensagem pro Zack e ele me mandou ir para a parte de trás da casa,onde tinha o portão. Fiquei esperando ele ir abrir, o que não demorou muito. Estacionei ao lado do seu carro. Sai do carro e fui ao seu encontro na porta da casa, só não entendi por que ele estava usando óculos de sol se já estava quase escuro. Falei com ele mas não recebi uma resposta. Ele apenas abriu a porta e eu entrei, e o Zack estava encostado na parede. Isso me deixou muito confusa. Olhei de um para o outro e o suposto Zack tirou os óculos e eu pude ver a diferença, os olhos dele eram azuis, enquanto os do Zack era castanhos, e as sobrancelhas eram um pouco diferentes também. Andei até o Zack, que estava rindo.
-Quem é?- me encostei ao seu lado na parede.
-Meu primo, Jasen.- Ele parece ter gostado da brincadeira.
     Observei os outros que estavam se divertindo com o jogo verdade ou consequência. A casa não estava tão cheia, mas mesmo assim tinha gente o suficiente. As consequências do jogo deles eram exageradas, eu nunca iria jogar isso com eles. Na vez do Jasen foi o Henry quem inventou a consequência, mas falou apenas para ele, que se levantou e veio na minha direção, só percebi do que se tratava quando ele chegou perto de mais e me beijou de propósito. Como eu odeio o Henry. Empurrei ele e percebi que o Zack não estava mais ali. Sai da casa a tempo de ver o carro dele saindo. Entrei no meu carro e fui atrás. O segui até um parque muito deserto, onde ele parou o carro e saiu. Fiz o mesmo e fiquei o seguindo. Por que eu fiz isso? Sei lá.
-Qual é o seu problema?- perguntei depois de ficar cansada dessa coisa de perseguir.
     Ele parou e virou, me olhando de um jeito que me fez querer correr de volta pro carro.
-Você é o meu problema.
-Eu?
-Você.
-Não estou entendendo.
     Pela segunda vez, em uma noite, alguém me beijou. Eu congelei na hora, sem saber o que fazer, até ele se afastar.
-Que tal voltarmos?- Apenas balancei a cabeça positivamente e voltei para o meu carro.
     Eu não estava entendendo mais nada.
     Chegamos na casa e a música tinha parado, só existia a voz de um cara gritando. Entramos e o pai dele estava lá, aparentemente bêbado. Quando nos viu começou a fazer piadinhas de mal gosto.
-Vai pro meu quarto.- Zack falou me entregando a chave.
     Fui pra lá e fiquei esperando, ele apareceu e avisou que ia levar o pai dele em casa. Fiquei olhando em volta e tentando entender o que eu estava fazendo ali e o que estava acontecendo. Ele voltou e se deitou ao meu lado, caindo no sono rapidinho. Não consegui dormir, passei metade da noite olhando em volta até concluir que não queria aquela casa no meu futuro, não quero o Zack e nenhum deles no meu futuro. Melissa estava enganada quando disse que as pessoas que estavam ao meu redor que se machucavam, são as pessoas ao redor deles que se machucam, e eu não queria viver sempre pensando que algo de ruim iria acontecer. Olhei a hora no meu celular, eram quase quatro da manhã. Me levantei e procurei por um papel, escrevendo uma única palavra nele. Adeus. Sai silenciosamente para não acordar ninguém. Nesse momento eu me senti livre. Fui pra casa e subi as escadas correndo até o quarto do meu irmão. Pulei na sua cama, o acordando. Primeiro ele me olhou assustado e depois sorriu.
-Você quer recomeçar a vida em outro lugar?