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sento na varanda e vejo que tem vinte ligações, de Guns em meu celular.

Começo a chorar.

Eu me enganei sobre ele, e não notei isso. Eu mesma sabia disso, mas ignorei e agora estava ali, sofrendo com as consequências.

Chorava baixo, não queria chamar a atenção de ninguém, mas mesmo assim chamei a de Thomaz.

Ele se senta ao meu lado em silêncio, coloca os braços em meu pescoço e me deixa chorar... Chorar profundamente.
Achei que ele iria dizer, " EU TE AVISEI " ou " SUA IDIOTA, PRA QUE SE ENVOLVER COM UM CARA, QUE CONHECEU EM UMA NOITE. " mas não, Thomaz só ficou ali, absorvendo minha tristeza em silêncio. Tudo oque eu precisava, naquele momento.

[...]

Evitei Guns o dia inteiro, no colégio.

Ja estava na hora de ir em bora, mas sabia que papai não viria mais me buscar, afinal ele estava muito desapontado comigo. Eu estava voltando com Lorena e com Thomaz.

- Eponine! - escuto a voz de Guns, que me deixa mais furiosa.

Ignoro e começo acelerar os passos, mas minhas pernas são curtas demais, para as de Guns.

- eu sei oque houve, em sua casa ontem, me perdoe! - ele me alcança.

Ignoro.

Guns segura meu braço, e me vira para si.

Seu olho está roxo e seu lábio, está todo machucado.

- eu te amo, não pode fazer isso comigo. - ele começa lacrimejar.

- e eu, tenho que aturar você é seus problemas!? - cochichei.

Guns limpa a garganta.

- eu sei que menti, mas por favor Epô, entenda! - ele súplica.

Observo seu rosto que está todo esfolado e machucado, fico com pena de Guns ele também, pagou por sua mentira.

- me dê mais uma chance... - ele balbucia.

-  Guns... Meus pais quase morreram por sua causa. - gaguejei. - não posso.

Me virei segurando para não beijar Guns. Ele era tão, mais tão lindo e estava tão frágil!

- Epô... Por favor! - ele caiu de joelhos.

Meu coração explodia. Como eu podia ainda sentir aquilo? Ja chega, já chega!

Corri em direção de Lorena e Thomaz, que não presenciaram a cena.

- vamos? - cochichei ofegante.

[...]

- soube, oque aconteceu ontem. - Lorena falou, meio aflita.

Ela não presenciou, oque aconteceu na noite anterior, Lô dormiu na casa de uma amiga, oque foi bom para seu temperamento estressado.

- É? - perguntei olhando em seu rosto. Ela estava de cabeça baixa.

Lô assentiu.

- babaca né? - ela falou irônica.

Sorri.

- sim. - balbuciei.

- não, não estou falando do bandido. Estou falando do seu namorado. - ela sorriu.

Não gostava que falasse assim de Guns, mas ele não era mais o meu namorado, e bem que estava merecendo.

- é verdade. - sorri.

Thomaz e Lorena riram.

- terminaram? - ela perguntou.

Assenti meio aflita, odiava deixar ele daquele jeito esfolado e todo roxo, lá sozinho.

- e porque está assim? - Lorena parecia, curiosa.

- porque? Por mais que ele fosse, "babaca" eu gostava dele. - minhas palavras soaram meio grossa.

- hum. - Lorena se calou .

Finalmente chegamos em casa. Estava cansada, fui dormir tarde na noite passada. Olhei em volta e vi a moto de Guns, estacionada.

Gelei.

Esse cara foi na minha casa?

- Epô, porque ele está aqui? - Thomaz pergunta.

- não sei. - dei de ombros.

Guns saiu dos fundos da minha casa, e veio correndo em minha direção

- Epô! - ele sorriu como se nada tivesse acontecido.

Guns me abraçou.

- oque faz aqui!? - me soltei dele.

Ele sorri.

- não disse, que não iria desistir de você? - ele me abraça e tenta me beijar.

Me solto novamente, dessa vez com mais dificuldade, porque ele me agarra forte.

- oque foi? - ele sorri.

- Guns, já acabou.

- oque? - seu sorriso, passa para confusão.

- isso mesmo. - digo confiante.

- qual o motivo.? - ele cruza os braços.

Solto um sorriso.

-  porque ela não quer mais! - Thomaz se enfia na frente, irritado com a enrolação.

- ah, "ela" não quer mais? - Guns faz que sim.

Rapidamente ele dá um soco na bochecha de Thomaz.

Ele vira o rosto e coloca a mão na boca, que está sangrando pelo contato.

- você está louco! - falo empurrando Guns.

- louco por você! - ele sorri, malicioso.

- Guns vai embora! - solto um grito.

Thomaz se aproxima encarando o garoto.

- escutou.? - ele sorri, para Guns.

- Eponine, por acaso está namorando esse sujeitinho? - Guns me pergunta.

Cruzo os braços.

- quer saber? Estou! - solto um sorriso antes de abraçar Thomaz.

Thomaz arregala os olhos verdes e eu dou uma, piscada para ele.

Ele entende o recado.

- oque? - Guns sorri.

- quer provas? - abro um sorriso.

Me aproximo de Thomaz e lhe dou um beijo.

Não é um simples beijo. Sinto meu corpo entrar em órbita com o dele, sinto os lábios dele se encaixar perfeitamente nos meus. Sinto meus olhos fechados me imaginando, em outro universo. Um lugar onde tudo é perfeito, aonde não existe Guns e nem nada, além de mim e de Thomaz.

Aquele momento que durou segundos, foi especial para mim.
Por mais que não passasse de encenação para mim era real. Mais real doque o chão que eu estava pisando.

Nossos labios se afastaram, me fazendo voltar ao mundo real. Thomaz me olhou com aqueles olhos que pareciam as florestas da Irlanda que tinha, diferentes tons de verde.

Eles brilhavam ao conspirar com os meus.

Ignorei Guns que estava ali pasmo...e me perdi em Thomaz, que estava ali iluminado.
Suas sardas... Nunca notei elas tão de perto, pareciam pequenas estrelinhas que formava uma constelação .

Imaginei meu nome escrito nelas, e sorri.









Onde está Thomaz. - EM REVISÃO -Onde as histórias ganham vida. Descobre agora