Por eles só aparentarem
Ser feios.
Ora, eu já vi isso antes.
Eu já quis construir um lugar
Para abrigar crianças sem pais
Sem irmãos
Sem sonhos
E ir dando a elas
Esperança,
Dizendo que tudo iria ficar bem,
Para pensarem positivo, viver o agora.
E eu me sentiria bem com isso
Eu já olhei para alguém
Que se parecia comigo
Olhos, nariz, boca, pescoço, corpo,
E pensei em guardar meu celular
Meu relógio
Meus sapatos
Pensei em me guardar, porque
Ora, ele tem uma cara estranha,
O que será que pode acontecer?
Eu já reservei meus pensamentos só
Para eles serem apenas pensamentos,
Porque o que poderia acontecer
Se caso alguém descobrisse
O que eu penso?
Então eu sorrio e concordo com a cabeça
Eu já ri, ri muito
Quando queria gritar
Quando queria chorar
Ou quando queria apenas dizer
Que a piada não teve graça alguma
Eu já chamei alguém de mentiroso
De hipócrita
De libertino
Quando na verdade
Nenhuma das coisas boas que fiz
Me fazem ser bom
Quando na verdade, nenhuma das coisas boas
Que eu sonho em fazer, talvez, lá no fundo,
Não sejam tão boas
Quando na verdade,
Olhando para dentro de mim,
Vejo um outro alguém dizendo
Que eu deveria fazer coisas boas,
Para fazer as outras pessoas terem certeza,
Que eu sou assim.
E eu me vejo batendo,
Afogando,
Matando
A minha sanidade,
Porque não é mais o que eu sou,
Mas sim aquilo que eu devo ser,
Aquilo que as pessoas querem ver.
E eu continuo lembrando
Das coisas que eu fiz.
Continuo sonhando
Com aquilo que queria fazer,
Mesmo tendo dúvidas sobre a origem
Desses desejos.
Continuo olhando para alguém igual a mim
E pensando se ele agiria como meu amigo.
Continuo sorrindo
E concordando com a cabeça,
Rindo, mesmo a piada
Sendo muito
Ou nem um pouco engraçada.
E eu incrivelmente
Me sinto bem com isso.
YOU ARE READING
Nubladamente
PoesiEscrever é a arma de quem sente e vê tudo. Por Gabriela, todos os direitos reservados ©
Eu mentiroso
Start from the beginning