Ruínas (Frank Castle)

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Aliás, que lugar era aquele?

"Quieto, rapaz.", eu ouvi aquela voz de trovão retumbar mais uma vez.

Minha respiração se tornara rápida e rasa pela segunda vez naquela noite. "Onde estou?"

O Justiceiro olhou para mim como se não esperasse me ver acordada. "Está a salvo aqui."

"Não foi isso que eu perguntei."

Ele deu de ombros. "Que seja."

"Isso é um sequestro? Não falarei de você para a polícia, eu prometo.", eu disse, sentando-me no sofá onde me encontrara deitada. "Deixe-me ir."

"A porta não está trancada...", ele apontou vagamente para o lado. "Mas, eu não aconselho isso."

"Por que não?"

"Um daqueles homens escaparam. E acredite, ele vai fazer de tudo para colocar as mãos em mim. Até mesmo sequestrar você."

"Eu não tenho nada a ver com você. Eu não fiz nada contra eles."

"Então vá!", ele alterou o tom de voz.

Seu cachorro, irritado com o grito, voltou a latir. O Justiceiro lançou um longo olhar ao animal e, por um segundo, eu temi pela vida do cão. Porém, ele acariciou a cabeça do bicho e o serviu com um pouco de comida, para depois adicionar em um baixo tom de voz para mim:

"O funeral é seu."

Observar aqueles gestos me fez retomar a calma. Algo em meu íntimo dizia que o Justiceiro não era só um assassino. Devia haver algo, uma história, por trás de suas ações. Nenhum homem é mau apenas porque deseja ser.

"Qual é a sua história?"

Ele me fitou de soslaio, apoiando o cotovelo sobre uma velha mesa. "Não é nenhuma obra de arte."

"Não é somente arte que me interessa."

Ele me encarou por alguns segundos, em silêncio. Eu não pude evitar, mas senti o meu corpo se encolher no sofá.

"Eu já disse que você não está na minha mira.", ele disse, sentando-se ao meu lado no sofá. "Não precisa ter medo de mim..."

"Eu... eu não tenho."

Ele deu um meio sorriso. "Não minta para mim."

Assenti e fiquei encarando meus próprios joelhos, sentindo a minha respiração tocar a minha pele, enquanto eu mantinha os braços de maneira firme ao redor de minhas pernas.

Ao sentir sua mão no meu rosto, acabei dando um pequeno salto no lugar. Imprevisível como ele era, nunca poderia nem imaginar o que estava passando em sua mente.

"Ssshhh...", ele disse, por mais que eu não estivesse emitindo nenhum som. Então eu entendi ao que ele se referia: eu tinha voltado a tremer. "Você tem ataque de pânico?"

Assenti em resposta e ele recolheu sua mão de volta para si.

"Já vi muitos soldados sofrerem disso.", olhei de soslaio para ele. Isso o encorajou a continuar: "Sim, eu já fui militar. Tenente do exército.", ele informou, como se fosse capaz de ler a pergunta no meu olhar.

"Qual o seu nome?"

"Frank Castle. E o seu?"

Pensei em não respondê-lo, mas acabei me surpreendendo quando ele mesmo o disse: "S/N, certo?"

"Como você sabe?"

Ele sorriu. "Estava por todo o lado em sua exposição."

Assenti. "Verdade... eu... eu esqueci."

"Desde quando você pinta?"

"Você realmente se importa?"

Castle pareceu um pouco surpreso, mas logo tratou de incobrir. "Estava tentando acalmá-la. E quase consegui. Mas, você já voltou a tremer de novo..."

As últimas palavras que deixaram os seus lábios pareciam carregadas de preocupação. Porém, logo ignorei. Impossível que ele estivesse preocupado comigo. Não sou ninguém para ele.

Barulhos de passos começaram a soar no telhado. Castle piscou o olho para mim e encostou o dedo contra os lábios, pedindo-me silêncio. Então eu já sabia o que estava por vir... encolhi-me ainda mais, tentando não ouvir ele carregar a sua pistola. Tentando não ouvir ele sair pela porta. Tentando não ouvir os tiros e o baque de um corpo ao cair contra o chão.

Era demais para mim.

Comecei a chorar como uma garotinha. Pensei que, se eu me matasse, estaria livre de todo aquele pesadelo. Levantei, determinada, e andei em direção ao cachorro. Ele rosnava para mim, com sede de sangue. E eu estava disposta a dar isso para ele.

Fui interrompida.

Os braços de Frank envolveram o meu abdômen e ele me puxou para trás, impedindo o cão de me atacar.

"No que você estava pensando?", ele indagou, girando-me em seus braços para que assim ele pudesse ver o meu rosto.

"Estou cansada... de tudo isso. Por que você não me matou? Por que você não me deixou ter a paz que eu preciso?"

Castle apertou seus braços ao redor do meu corpo, de novo. Depois beijou a minha testa... e tocou o seu nariz no meu. Abri os meus olhos, apenas para encontrar os dele. Não mais tremia, embora ainda não me sentia livre de minhas amarras.

"Eu vou cuidar de você, S/N.", ele disse, pressionando seus lábios contra os meus.

Aos poucos, eu não ouvia mais os latidos do cão. Tudo o que existia estava ali, diante de mim. Frank Castle. Seus braços. Seus beijos. Seu cheiro. Seu olhar. Sua proteção.

Havia encontrado segurança nas ruínas. E, por um momento, eu me senti a salvo. 

~~~*~~~*~~~

Notas da tia:

1) Essa obra é uma fanfiction, e como direito do gênero, pode divergir do canon e ignorar alguns detalhes das obras originais - se for necessário - para que o texto faça sentido.

2) Usuários que tecerem comentários que eu considere ofensivos, seja com relação a mim, ou às minhas obras, serão bloqueados.

3) Declaro que a personagem protagonista dessa obra interativa é maior de idade.

Marvel Imagines [por: Star Sapphire]Where stories live. Discover now