Ruínas (Frank Castle)

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Junto aos sons dos disparos de uma potente AK-47, eu ouvia a galeria se transformar em ruínas. Papéis e pedaços de madeira voavam diante de mim, mas em nenhum momento eu ousei sair do lugar. Quem um dia iria dizer que o meu fim se daria no começo de minha carreira?

O ambiente mergulhou-se no silêncio e eu tomei a atitude mais estúpida que eu podia: saí do meu esconderijo. E a julgar pela sombra que eu via se aproximar de mim cada vez mais, o atirador ainda estava presente. E eu iria deixar um inferno por outro: adeus, Hell's Kitchen.

"Você está bem?"

Aquela voz retumbou como um trovão aos meus ouvidos.

Ergui o olhar.

O homem diante de mim usava um colete à prova de balas, onde uma caveira sinistra fora grafitada. Condizia com sua aparência, ele era a personificação da morte.

"Eu te fiz uma pergunta."

"Por que você se importa comigo?", essa pergunta fora outra atitude inadequada (para dizer o mínimo).

Ele bufou. "Você não estava na minha mira. Eu não quero a morte de alguém inocente no meu histórico."

Deixei minhas costas deslizarem contra a parede, imersa na triste visão de ver as minhas obras inteiramente destroçadas. "Eu perdi tudo... eu perdi tudo..."

"Hey, acalme-se...", ele disse, aproximando-se de mim.

"Fique longe!", minha voz falhou em ameaçá-lo. Eu sentia meu corpo todo tremer. "Oh, Deus... de novo não.", mais um ataque de pânico batia à porta. E eu iria ceder.

"Respire fundo... hey!", ele elevou o tom de voz, obrigando-me a fitá-lo. "Respire fundo... eu quero que saiba que, todos os homens que eu matei nessa galeria, são bandidos. Mafiosos. A escória de Hell's Kitchen. Eu não sou um lunático... desculpe-me por estragar a sua noite. Era necessário."

Minha respiração ficava cada vez mais curta e rasa. Não era capaz de evitar. Ele pousou a mão no meu rosto e, mesmo sabendo que ele era um assassino, aquele era um conforto que eu muito precisava.

Sirenes da polícia começaram a ecoar.

Olhei para o Justiceiro e vi que ele continuava a se manter calmo.

"Vá embora."

"Você acredita em mim?"

"Faz diferença?", eu indaguei, tentando demonstrar uma coragem que eu não tinha.

"Claro. É um bom motivo para que eu não a deixe para trás."

Ele olhou pacientemente para mim, como um médico ou um pai zeloso. O Justiceiro entendeu que eu não tinha a mínima condição de sair dali sozinha. Então, sem pensar duas vezes, ele ajudou-me a ficar de pé e, cheio de uma gentileza que eu não esperava que possuísse, ele passou um dos braços por trás do meu corpo e segurou a minha cintura.

"Vamos embora."

Ele meu guiou para fora da galeria e por todos os becos escuros onde o medo fica à espreita na selvagem Hell's Kitchen. Eu até vi, no topo de um dos prédios, a figura assustadora do Demolidor, mesmo que não por mais de dois segundos.

Lembro-me de que o mundo todo pareceu cair na mais profunda das trevas. Lembro-me do par de braços fortes a envolver o meu corpo...

E nada mais.

***

Despertei aos latidos de um cão. Antes vindos de tão longe, agora pareciam dentro dos meus ouvidos. E, ao abrir os olhos, vi que de fato havia um cachorro ali. Ele estava preso por uma corrente, olhando-me como se fosse uma pessoa nada bem-vinda naquele lugar.

Marvel Imagines [por: Star Sapphire]Where stories live. Discover now