12. PASTEL DE QUEIJO - PARTE I

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- Você tá bem? – se levantou preocupado.

- Estou... Claro que estou!

Que vergonha.

- Vamos logo antes que você pegue no sono e babe no meu sofá – pedi apressada para a situação constrangedora ter um fim.

- Sim, senhora – assentiu me seguindo porta a fora.

Não fazia sol. O tempo estava cinza, mas ainda assim, a infinidade de cores que tínhamos à nossa frente deixava o dia nublado lindo.

- De que tipo de fruta você gosta?

- Laranja? Laranja transformada em suco?

- Cristofer!

- O quê? – parecia um garotinho.

- Que tal abacaxi? – falei enquanto o puxava até a infinidade de abacaxis que estavam ao nosso lado. – Experimente este aqui.

- Hm... Muito bom, é doce.

- Esta especialidade é docinha, mas têm uns mais ácidos.

"Vamos encontrar algo para o almoço de hoje. Eu estou com uma idéia aqui. Tenho carta branca?

- Absolutamente.

- Então vem comigo.

Percorremos o caminho ladeado de barraquinhas de verduras, cheiros e texturas magníficos. Uma infinidade de coisas, cores, vozes e gente. Se eu não estivesse com algo premeditado teria problemas em escolher. Levei Cristofer até uma das minhas barracas favoritas.

- Como vai, Sofia?

Logo encontrei o senhor que costumava reservar as frutas e as verduras mais bonitas para mim.

- Olá, senhor Fabrício. Este é o Cristofer.

- Como vai, rapaz?

- Bem, obrigado.

Cristofer observava atentamente minha conversa com o senhor Fabrício. Tanto que em alguns momentos eu senti meu rosto esquentar.

- Como está movimentada a feira hoje!

- Graças a Deus, Sofia. O movimento está ótimo. E o tempo ajudou hoje. Apesar de nublado, está quente. No calor vendo mais, ao contrario de você, minha filha.

- É verdade.

- O que vai precisar para hoje?

- Abobrinhas.

Fiquei com medo da reação de Cristofer, por isso tentei reparar em qualquer movimentação sua com o canto dos olhos, mas ele aparentou estar calmo.

- Alguma objeção com as abobrinhas? – perguntei a ele.

- De maneira nenhuma.

- Certo.

- Mas preciso comer alguma coisa antes de irmos para casa, estou faminto.

- Não comeu nada antes de vir?

- Não precisa me lançar esse olhar de ódio e fúria.

Revirei os olhos.

- Comi, mas já faz tempo – tentou se explicar, me deixando com pena.

- Eu sei do que você precisa.

Cristofer me seguiu sem objeções. Quando chegamos em frente a barraca do pastel, pude ver seus olhos brilhando.

- De queijo, certo?

- Sim – sorriu.

Pastel de feira. Uma das coisas mais simples e mais deliciosas da vida.

- Que bom que você gosta de pastel. Foi um tiro no escuro.

O Novo InquilinoWhere stories live. Discover now