15. PIZZA

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A água do chuveiro estava me prendendo no banho. Tinha saído da cama há algum tempo e o sono ainda me dominava. Era certo que fazia mais de quinze minutos que eu estava lá debaixo, mas não conseguia acordar. Já havia terminado e ainda permanecia sob a água quente que escorria sobre mim. Pensei ter ouvido o telefone tocar, mas resolvi ignorar. Mais uma vez escutei o som que parecia ser do telefone, então arregalei os olhos para ter certeza do que ouvia.

Sim, o telefone estava tocando. Foi aí que me ocorreu aquela confusão interna de milésimos de segundos em que se pondera se vale a pena ou não sair correndo pela casa, molhada, e com frio por um simples telefonema. Em questões de segundos o telefone estava na minha mão.

- Alô?

- Sofia?

A voz era inconfundível para mim que já estava virando PhD em Cristofer.

- Sou eu – falei sem dar a entender que o reconhecera.

- É o Cristofer. Tudo bem?

Fiquei me perguntando se ele estava do meu lado no apartamento dele, falando comigo enquanto eu estava sem roupa... De toalha, mas sem roupa.

- Oi Cristofer! – exclamei como se tivesse dado conta só agora de que falava com ele.

- Esta ocupada?

- Hm... – resmunguei enquanto olhei para baixo e vi todo o chão da minha sala se encharcando aos poucos com a água que escorria de mim e continuei. – Não, na verdade não. Estou quase saindo para ir à pâtisserie. Por quê?

- Hoje, as sete, aqui em casa. Pode ser?

- Pode ser. O que vamos fazer?

- Pizza! – disse entusiasmado.

- Ok – respondi rindo. – Anote aí o que vamos precisar.

Quando desliguei, com toda ansiedade que pude sentir com a expectativa de ver Cristofer na casa dele, agradeci a Deus por eu ter tido coragem de sair do banho quentinho por causa de um telefonema.

Talvez eu até tenha dado uma dançadinha com uma música tocando durante uma propaganda de mercado na televisão enquanto me arrumava para sair. Ridículo.

- Bom dia, Mada – falei quando ela entrou pelo café com sua expressão de bom humor crônica.

- Bom dia! Tudo bem?

- Tudo ótimo – comecei a frase com certeza, mas depois lembrei de Daniel com sua amiga misteriosa e terminei de falar com um sorriso amarelo. – Na verdade, tem uma coisa me incomodando.

- O que é? – quis saber tirando os óculos escuros.

- Daniel.

- Daniel?

- Esperava que eu falasse de Cristofer, não é?

- É... Na verdade eu esperava sim.

- Pois é. Você não vai acreditar no que eu vi – baixei o tom de voz como se estivesse prestes a contar um segredo secretíssimo.

- Pelo amor de Deus, me conte logo!

- Fiquei preocupada com ele, pelo sumiço. Tentei falar com ele por dias e nem minhas mensagens ele foi capaz de responder. Então, fui até a casa dele, mas quando tava quase chegando lá eu o vi... Com uma mulher!

- Com uma mulher? – pareceu espantada.

- Sim. E estavam rindo e se abraçando e estava de noite e ela entrou com ele – terminei quase que sem fôlego.

O Novo InquilinoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora