Surprises and memories

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Nora Brett Narrando

Virei meu corpo para voltar a encarar Aaron, que olhava fixamente para a mulher que havia acabado de entrar na cafeteria. Eu estava confusa, sem entender nada. Provavelmente aquela era a mãe de Justin, e Aaron estava estranho, como se estivesse escondendo alguma coisa. Tinha alguma coisa que ninguém estava me contando, todos naquela cidade eram misteriosos demais.

— É a mãe de Justin, certo? — perguntei para Aaron, que assentiu levemente com a cabeça, como se estivesse relutante em confirmar.

— Acho que devo falar com ela, descobrir mais sobre a vida do filho, isso pode ajudar no tratamento — disse, já me preparando para levantar, mas fui impedida por Aaron, que me segurou pelo braço.

— Não faça isso, não vale à pena. Pattie é uma mulher muito solitária desde que Justin enlouqueceu, ela mal fala com as pessoas e está sempre com uma expressão cansada no rosto. Não acho que seja uma boa ideia falar com ela.

— Justin é meu principal paciente, é meu dever fazer o possível para ajudá-lo, isso inclui falar com a família — franzi a testa, sem entender o motivo para que ele estivesse tentando impedir.

— Nora, você acabou de voltar do trabalho, deve estar exausta, não precisa fazer isso agora.

— Eu quero, Aaron — senti-me obrigada a usar um tom de voz mais firme. Eu não era mais uma criança, sabia o que queria e ele não podia me impedir. — Volto logo.

Levantei-me da cadeira, vendo-o passar a mão pelo rosto, como se estivesse preocupado com algo. Eu acabaria descobrindo o que estava acontecendo, seria apenas uma questão de tempo. Era uma cidade pequena, os segredos não conseguiam ficar escondidos.

Aproximei-me de Pattie, que já estava sentada em uma mesa isolada das outras, tomando seu café e olhando pela janela. Já tinha lido sobre ela na ficha de Justin, não continha muitas informações, porém era o suficiente. Ela era uma mulher jovem e bonita, poucos acreditariam que tinha um filho com vinte e quatro anos. O tempo e cansaço tinham desgastado seu rosto e corpo, no entanto ela não perdia a beleza.

— Olá — cumprimentei com um sorriso, vendo-a levantar o rosto, um pouco assustada por eu estar falando com ela. — Posso me sentar?

— Ham, claro — ela parecia bastante confusa, porém não deixou de ser simpática. — Nos conhecemos de algum lugar? Você me parece familiar, mas não me lembro de onde já te vi.

— Faz pouco tempo que voltei para a cidade, fiquei quase dez anos fora. — respondi, ainda sorrindo, mas estranhando o fato de ser familiar para ela. — De qualquer modo, meu irmão é dono da cafeteria, na verdade, nós dois somos, porém ele que assumiu os negócios.

— Ah claro, você é irmã de Aaron! — exclamou, abrindo um pequeno sorriso, que parecia bastante sincero. — Eu me lembro de você, cresceu bastante desde a última vez que te vi.

— Desculpe se eu for indelicada, mas já nos conhecemos? — arqueei a sobrancelha, começando a achar que tinha muito mais para descobrir.

— Bem, sim. Digo, não devemos ter nos falado nunca, porém já nos vimos algumas vezes, era uma boa época. — E então a tristeza tomou conta de seu rosto.

— Vim conversar por saber que você é mãe de Justin, um paciente da clínica psicológica.

— Ah sim — ela engoliu em seco. — Então você já sabe da história...

— Na verdade, ainda não sei muito. Acontece que eu me formei em psicologia e hoje foi meu primeiro dia de trabalho na clínica. Hm, Justin foi colocado como meu principal paciente.

Mental DisorderWhere stories live. Discover now