Majestade, vá se ferrar!

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F5.

Nada.

F5.

Ainda nada.

Meu celular solta um bipe e eu me apresso em tira-lo do bolso.

"Maya, você já conseguiu ver as notas?"

"Não" — Respondo prática. 

F5. 

A página da escola se atualiza e meu coração dá um salto duplo e sinto como se ele estivesse saindo pela boca. Deslizo o mouse até encontrar a minha sala e depois percorro a lista até achar meu nome.

Maya Penelope Hart.

Nota final do simulado: 870,00

Ok. Isso é bom. Não é ótimo, mas, bom. 

Respiro aliviada e meu celular toca novamente.

Clico sobre o ícone do aplicativo de mensagens e vejo a mensagem de Riley. 

"920!!!!!!! Isso é bom?"

Sorrio e digito rapidamente:

"Isso é ótimo, bom trabalho, Riles. (:"

Riley ainda ainda fica perdida com algumas coisas sobre o nosso sistema de ensino, e eu sempre acho graça quando ela fica nervosa achando que tirou alguma nota ruim ou fez alguma coisa errada.

Ela morou nos Estados Unidos por toda a sua vida e no último ano da escola, sua mãe recebeu a proposta de dirigir a empresa, na qual ela trabalha, no Brasil. O que ela fez com a maior felicidade do mundo, já que nasceu e cresceu aqui, mas toda essa mudança acabou afetando o resto da família. Riley nem tanto, porque a mãe sempre insistiu em conversar com ela em português desde pequena, mas o pai e o irmão mais não conseguia falar um 'oi' sequer  sem dificuldade. Um ano depois muita coisa mudou, inclusive o fato de eu ter uma melhor amiga agora. 

"E você?" 

"870. Não era o que eu esperava, mas é bom, levando em conta que eu não estudei nadinha." Respondo por mensagem. 

Lógico que eu tenho o WhatsApp, mas enviar mensagens é meio que uma coisa minha e da Riley, e isso virou um hábito tão comum que poderia enviar qualquer coisa pra ela de olhos fechado. 

  — Ei, boa noite, eu vou levar essas aqui — Ergo os olhos e fito a mulher que estava procurando algumas peças de roupa há uns bons vinte minutos. 

Sorrio e pego as peças sobre o balcão. 

— Boa escolha. A jaqueta vai ficar uma graça com a saia — Digo enquanto recebo o dinheiro e embrulho, colocando-as na sacola. 

— Obrigada. 

— Volte sempre — digo sorrindo  enquanto a vejo passar pela porta. 

Envio uma mensagem rapidamente para Riley dizendo que preciso fechar a loja e subir para terminar o trabalho de história. 

Minha mãe tem uma loja, a Hart's de roupa vintage, na qual nem sempre tem roupas do tipo, e fazemos reformas também. Andamos por aí como super-heroinas em busca de roupas que precisam ser reformadas e damos um trato nelas. E realmente fica bom. Quer dizer, no inicio minha mãe não levava muita fé na loja, mas acabou dando certo, e hoje temos algumas pessoas para nos ajudar. 

Mas, geralmente, eu fico sozinha com as duas meninas que trabalham aqui, porque minha mãe acabou arrumando um trabalho em uma editora na qual ela desejava a muito tempo, e ela não poderia negar. 

Diante à Coroa   | LUCAYA |Where stories live. Discover now