Capítulo 9 - Vamos?

204 19 6
                                    

Quando você me segura

Me sinto viva.

Somos como diamantes no céu

Diamonds – Rihanna


A turnê começaria no sul dos Estados Unidos, em Los Angeles. De lá, ia subindo por todo o país, depois iríamos para o Canadá, Europa, Oceania e encerraríamos no Brasil.

Depois de muitos ensaios – em estúdio e no palco montado –, finalmente havia chegado o momento de fazermos a primeira viagem. O primeiro show aconteceria em três dias, mas antes disso, faríamos os ensaios finais, com figurino, iluminação e banda completa. Quando o avião pousou no primeiro destino e a porta abriu, uma lufada de vento quente invadiu o local.

– Ai, finalmente o calor – o Pedro falou, animado. Eu preferia o frio de Nova York, mas Los Angeles realmente parecia ser o melhor lugar para se começar a turnê.

– Eu mal posso esperar. Mesmo. Queria que o show já fosse agora – falei, e o Arthur riu.

– Você só diz isso por que está aqui no avião. Aposto que se estivesse debaixo do palco, esperando para o elevador subir, você estaria querendo correr de volta – a Veronica brincou.

– É verdade. A adrenalina na hora vai me deixar meio boba, eu acho – confessei.

– Nada disso – O Phelipe emendou, pegando minha bolsa que estava no bagageiro do avião. – Eu já vou estar pronto para subir, não me faça ficar lá em cima te esperando.

– Não farei.

Ensaios, trocas de roupa, corridas nos labirintos sob o palco para subir na marcação certa, na hora certa, arranjos de última hora, ansiedade. Isso foi tudo o que me corroeu nos três dias que antecederam a estreia do show. E então, o sol nasceu e iluminou aos poucos o quarto do hotel, me lembrando que eu deveria ter dormido mas não consegui.

Pouco tempo depois o despertador tocou e eu rolei na cama mais algumas vezes, antes de levantar finalmente. Tomei um banho demorado, enquanto tentava relaxar, mas sempre que eu fechava os olhos, tudo o que eu via eram as luzes piscando pelo palco, o Phelipe, a banda e a arena que se estendia na minha frente.

Saí do banho e conferi meu celular, os e-mails e mensagens para ver se tinha alguma notícia dos meus pais, que estavam vindo para o show. Acabei me deparando com centenas de tuites e outros comentários sobre o show, expectativa da imprensa e até mesmo fotos dos fãs que já estavam na fila.

Comecei a curtir as fotos e de repente me assustei quando ouvi uma batida na porta, e a voz do Phelipe me chamando. Olhei para mim mesma e vi que só estava enrolada na toalha.

Vesti depressa um roupão e abri uma fresta na porta, olhando para ele do outro lado, que já estava vestido e perfumado, com um olhar confuso.

– Camila, você não vai descer?

– Vou, eu... – Olhei para a bagunça que estava no quarto e vi que não fazia nem ideia do que vestir. – Estava só vendo o...

– Celular – ele completou. – Eu vi você curtindo foto de vários fãs e eles surtando de volta – ele sorriu. – Ainda assim, o pessoal está esperando a gente para tomar café.

– Gente... Eu não sei nem o que usar – e sorri, pensando alto.

– Aquele preto – ele estendeu o dedo para dentro da fresta na porta. – O que está no cabide em cima da cama. Vista ele.

– Como é que você... – E então eu virei para trás para ver o tal vestido. Então lembrei que eu tinha comprado ele, mas ainda não o tinha usado. Revirando a mala na noite anterior, havia o encontrado e estava indecisa.

– Como eu...? – Ouvi a voz do Phelipe falar, perto demais, e tomei um susto. – Entrei no quarto ou vi o vestido?

– Os dois? – Perguntei olhando para a porta que agora estava fechada atrás de nós e para ele que estava a poucos passos de mim. Ele sorriu e me fez baixar a guarda, que só então percebi estar montada para me "proteger" dele. – Ok, vou me vestir. Espera aí – e apontei para a cama, antes de entrar no banheiro.

Coloquei o vestido que era bem simples – preto, até a metade das coxas, de seda, com pequenas alças e nenhum detalhe. Havia um fecho na lateral que eu podia muito bem subir sozinha, mas achei melhor não. Passei rapidamente um pouco de maquiagem: uma base para deixar o rosto mais corado e uniforme, puxei o delineador para dar um olhar de "gatinho" que eu tanto gostava e soltei o cabelo, jogando o para um lado só.

Abri a porta do banheiro de repente e vi o Phelipe se assustando com o barulho. Sorri da reação dele, e cheguei mais perto.

– Você pode fechar aqui para mim? – Perguntei como se fosse algo bem casual e não uma provocação, mas o jeito como ele arregalou os olhos me fez querer rir. Mesmo assim, me segurei e esperei que ele o fizesse. Senti ele se aproximar, o toque de uma das suas mãos na minha cintura firmando o vestido, e a outra tocando o fecho e subindo-o devagar.

No fim das contas quem ficou arrepiada fui eu, e só torci para que ele não estivesse próximo o bastante para notar. Dei um sorriso, coloquei um colar brilhante e virei para ele de novo, estendendo uma das mãos.

– Estou pronta. Vamos?

Um Amor, Um Café & Nova York 3Where stories live. Discover now